sábado, 31 de outubro de 2009

O sétimo Fabricio Pedroza

No casarão de Guarapes. (Foto de Manuel Pereira)


Em julho de 1945, o escritor Luís da Câmara Cascudo escrevia mais uma de suas magistrais "Actas Diurnas", na qual enfoca a vida aventureira do quarto Fabrício Pedroza, e terminava afirmando:


"Ninguém queria ver no Fabrício vaqueiro, administrador nato da fazenda, derrubador e ferrador de gado, uma adaptação psicológica ou amadorismo espiritual. Fabrício era realmente, puramente, o homem do campo, vivendo a existência de fazendeiro na plenitude do conhecimento moral. Indo para São Joaquim, olhando a Vila que tem o nome do pai, recebia como a investidura da tradição cavalheiresca. Curioso era ouvir-lhe o nome citado pelos velhos vaqueiros da região, incluindo-o na primeira lista das glorias locais, as glorias das vaquejadas, resistência, afoiteza, loucura, destreza. Aqueles companheiros de gibão e vestia nunca haviam de ver “seu” Fabrício no salão envernizado e reluzente do Aéreo Clube, na varanda de sua casinha de Areia Preta, pendurado numa colina, olhando o mar. Amavam-no como um dos manos, um vaqueiro rico, moço, viajado por terras da estranja, casado e com quatro filhos.

Um deles, de três anos, é o quinto Fabrício ..."

Esse quinto Fabrício é na verdade o sétimo. Na época que escreveu o artigo, Câmara Cascudo não tinha conhecimento que existiu um quinto Fabrício, filho de Fabrício "o velho" e que teve vida efêmera, nascido em Jundiaí-Macaíba em 1852 e falecido em 1853, sendo filho da segunda esposa de Fabrício, Damiana Maria. Em 1883, nasceu e morreu o sexto Fabrício, filho de Fabrício "o moço" e de Isabel Cândida. 

O sétimo Fabricio Gomes Pedroza Filho, começou a aprender arquitetura aos dezessete anos no escritório do arquiteto Sérgio Bernardes. Carioca, cursou as faculdades de arquitetura da Universidade do Brasil, da Universidade de Brasília e da Universidade Federal da Bahia onde foi diplomado em 1968. Seu CREA foi registrado no Rio Grande do Sul.

Seu espírito cigano fez com que, casado e com três filhos fosse, por conta própria, tentar a vida na África em 1975. Durante dez anos trabalhou como arquiteto para governos de vários paises africanos. Nesse tempo foi também do quadro permanente do Escritório Regional da UNESCO para a África em Dacar-Senegal, e Assessor Principal da Agência HABITAT das Nações Unidas no Programa Nacional de Habitação e Urbanismo de Moçambique. Em 1984, mudou-se para as Filipinas onde atuou como profissional autônomo durante dois anos. No Brasil realizou projetos de arquitetura para Governos Estaduais, Prefeituras e particulares.

Recebeu do Governo do Distrito Federal a medalha Mérito Alvorada por trabalhos realizados em Brasília. Em 1981, foi patrono da turma de formandos em arquitetura da Universidade Santa Ursula. Fala os idiomas: espanhol, francês e inglês. Em 1987, criou a firma ATARQUITETURA através da qual passou a assinar seus contratos de trabalho.

Veio à Macaíba para receber a Comenda "Fabrício Pedroza" e assistir as solenidades alusivas ao bicentenário do ilustre ancestral. Encantou-se com o casarão de Guarapes que visitamos. Levou consigo, um tijolo caído sobre o solo do casarão encantado, de tantas glórias pretéritas. Fabrício Pedroza chamou a atenção de muitas pessoas em Macaíba, por possuir o nome exato do trisavô, o que tentarei explicar pelo resumo de árvore genealógica.


Árvore genealógica de Fabrício Gomes Pedroza Filho

Fabrício Gomes Pedroza (o velho) nascido em 1809 e falecido em 1872 c.c. Damiana Maria Bandeira de Melo
I
Fabrício Gomes Pedroza nascido em 1852 e falecido em 1853;

Fabrício Gomes Pedroza (o moço) nascido em 1856 e falecido em 1925 c.c. Isabel Cândida de Albuquerque Maranhão, pais de:

Fabrício Gomes Pedroza I, nascido em 1883, falecido criança;

Fabrício Gomes Pedroza Filho nascido em 1888 em Macaíba e falecido em 1907 na Suíça;


Fernando Gomes Pedroza nascido em 1886 e falecido em 1936 c.c. Branca Piza Pedroza
I
Fabrício Gomes Pedroza nascido em 1916 e falecido em 1945 c.c. Maria Hygino Duarte Pereira
I
Fabricio Gomes Pedroza Filho c.c. Maria Nazareth Pedroza.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

As fases do translado

Os descendentes de Fabrício Pedroza ao lado do Jazigo. Fabrício Pedroza, Joana D'arc, Anderson Tavares, Graco Magalhães (viúvo da trineta Elza Pedroza), Antônio Carlos e Sônia Severo. (Foto Marcelo Augusto)

Graco Magalhães e Anderson Tavares conduzindo a urna de Guilhermina e Antônio Tavares. (Foto Antônio Carlos Magalhães Alves)

Prefeita Marília Dias e Fabrício Pedroza com a urna de Fabrício Gomes Pedroza. (Foto de Antônio Carlos Magalhães Alves)

O cortejo deixa o Aeroporto Internacional Augusto Severo. (Foto Assecom Macaíba)


Anderson Tavares ao lado do túmulo de Fabrício Gomes Pedroza no Rio de Janeiro. (Foto Marcelo Augusto)


Tendo em vista as solicitações de familiares e amigos, estudiosos de nossa história, faço um relato das principais fases do translado dos despojos de Fabrício Gomes Pedroza, fundador da cidade de Macaíba. Viajei representando o Instituto Pró-Memória de Macaíba e na qualidade de descendente de Fabrício Gomes Pedroza ao Rio de Janeiro, com o secretário de Cultura de Macaíba, Sr. Marcelo Augusto, para agilizar o translado do patriarca de Macaíba, junto ao Cemitério de São João Batista.

Resolvidos os tramites no Rio de Janeiro, trouxe os restos mortais de Fabrício Pedroza que seguiu do aeroporto Internacional Augusto Severo, em Parnamirim para Macaíba, acompanhado de uma carreata composta de diversas autoridades macaibenses, tendo a frente a prefeita Marília Dias e Dr. Olimpio Maciel. O cortejo foi precedido por batedores da Polícia Rodoviária Federal.


Em Macaíba, depois das solenidades de praxe realizadas pela municipalidade e a encomendação dos despojos de Fabrício Pedroza e da sua filha Guilhermina Tavares e o esposo Antônio Tavares, Marília Dias e o descendente Fabrício Gomes Pedroza Filho levaram as cinzas do fundador de Macaíba para o sepultamento no jazigo da família, no interior da igreja matriz, seguidos pelos descendentes Graco Magalhães e Anderson Tavares que levavam os despojos de Guilhermina e Antônio Tavares. Depositados no mausoléu, seguiu-se a missa solene.


Na quinta-feira fui com Fabrício Pedroza ao antigo solar familiar em Guarapes. O sexto dos “Fabrícios Gomes Pedrozas” encontrou-se com a obra do primeiro. Obra grandiosa e de um passado de glórias econômicas que elevaram o nome do Rio Grande do Norte, além das fronteiras do País.

Daquelas ruínas históricas, nosso ancestral Fabrício Pedroza comandou o maior império comercial deste Estado, comercializando diretamente com a Inglaterra e os Estados Unidos. E o Fabrício atual comentava melancolicamente: “veja o que sobrou de todo império comercial. Tudo passa muito rápido. Poucos sabem da movimentação deste lugar no passado”.

Acredito que o primeiro passo na restituição dessa memória histórica tenha sido dado com o translado dos restos mortais de Fabrício Pedroza, patrocinado pela Prefeitura Municipal de Macaíba e Instituto Pró-Memória de Macaíba, que tem a frente à Drª Marília Dias e o Dr. Olimpio Maciel.

Falta agora a restauração do Casarão de Guarapes. Através da luta de anos de Valério Mesquita, o Deputado Federal Rogério Marinho já assegurou 250 mil reais para auxiliar nas despesas. Cabe agora ao Estado endossar essa luta que é de todo o Estado, pela preservação de sua memória econômica inicial.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Fabrício Gomes Pedroza - 200 anos

Fabrício Gomes Pedroza

Neste ano em que comemoramos o bicentenário de Fabrício Pedroza e os sesquicentenário de fundação da casa Fabrício & Cia. em Guarapes, Macaíba prestará uma significativa homenagem ao seu idealizador, proporcionando-lhe o descanso na Matriz que edificou, ato que ficará marcado na memória histórica da comunidade como uma reverência perene à memória do patriarca macaibense.


Fabrício Gomes Pedroza nasceu Paraíba, na cidade do Pilar a 26 de outubro de 1809, filho de Francisco Gomes de Andrade Lima e de Silvana de Lyra Coutinho. Seus pais eram senhores de engenho. Foi vendedor ao velho estilo dos tempos imperiais, vendendo aqui e comprando ali. Em 1840 já era dono e residente no engenho Jundiaí. Sua primeira esposa dona Maria da Silva e Vasconcelos faleceu naquele engenho aos 29 de setembro de 1847. No mesmo ano ainda, casou-se com a filha do proprietário do sitio Coité, Capitão Francisco Pedro Bandeira de Melo, dona Damiana Maria.
Homem empreendedor, Fabrício enxergou nas terras do sogro, um bom local para o comercio, tendo em vista o porto ali perto, e as caravanas de tropeiros que vinham do interior do estado vender suas mercadorias na capital. Rapidamente, ele constrói um armazém margeando o Rio Jundiaí para guardar essas mercadorias e funda uma feira em 1855, seguindo-se também a mudança de nome sugerido por ele para o nascente povoado de Coité para Macaíba. Em seguida, ergue seu sobrado ao velho estilo português, com loja na parte térrea e morada na superior.
Em 03 de Julho de 1857, falece Damiana Maria Pedroza. No ano seguinte Fabrício casa-se com Luiza Florinda de Albuquerque Maranhão, irmã de seu principal sócio, Amaro Barreto.Neste período, briga com o Cel. Estevão Moura, senhor do engenho Ferreiro Torto e muda-se de Macaíba para Guarapes, onde funda a maior casa comercial até hoje implantada no estado em 1858 e uma feira em fevereiro de 1859, cuja fundação compareceu o presidente da província Dr. Antônio Marcelino Nunes Gonçalves! Cuja se transformou em centro comercial de ampla irradiação econômica, exportando e importando diretamente da Europa, especialmente da Inglaterra. Os navios subiam o rio Potengi carregados de açúcar, algodão, couros.

A casa comercial dispunha de grandes armazéns, de escola para os filhos de moradores, de casas, de capela cuja padroeira era Nossa Senhora da Conceição, anos mais tarde, doada para nossa matriz por ele e a esposa e filhas, cujo terreno do patrimônio da referida matriz, também foi doação sua. A Casa Fabrício & Cia. funcionou de 1859 a 1896, tendo Fabrício viajado diversas vezes a Europa para aperfeiçoar seus negócios.

Era um homem a frente de seu tempo em todos os sentidos, inclusive as suas filhas estudaram, algumas até na Europa, num tempo em que mulher só poderia aprender o necessário para seu futuro.. cuidar de casa!! O fechamento da casa comercial dos Guarapes, abalou financeiramente o estado do RN, tanto que o presidente da província Barão de Lucena, pediu sua volta a direção dos negócios em discurso na assembléia provincial.
Somente doente, o major Fabrício Gomes Pedroza e sua esposa retiram-se para o Rio de Janeiro, onde ele faleceria aos 22 de setembro de 1872 em seu palacete no bairro de santa Tereza. Esteve sepultado no cemitério de são João Batista até 25 de outubro de 2009, quando fui ao Rio de Janeiro, como representante da família e do Instituto Pró-Memória, junto com o secretário de Cultura de Macaíba Marcelo Augusto e transladamos os restos mortais de Fabrício Pedroza para o Rio Grande do Norte, onde repousará na Matriz que construiu.

Porém, a casa comercial prosseguiu com a mesma denominação - Fabrício & Cia. A herdeira foi sua esposa Luíza Florinda que arrendou a Firma aos genros Amaro Barreto e Miguel Tavares que continuaram comercializando com a Inglaterra e outros estados brasileiros. Observamos pelos jornais da época, o movimento do porto de Guarapes até 1896, enviando e comprando mercadorias no estrangeiro. Em 1895 faleceu Miguel Tavares e em 1896, Amaro Barreto. A Firma foi comprada por Fabrício Pedroza II e levada a sua sede para Natal. Jovino Barreto comprou a propriedade Guarapes e pretendia instalar uma fabrica de tecidos. Não chegou a realizar seu projeto pois que faleceu em 1901, tendo herdado a propriedade Guarapes o seu filho Pio Barreto que a vendeu a Nizário Gurgel.

Em 1919, Felinto Manso adquiriu Guarapes em leião e, posteriormente, vendeu ao comerciante Manoel Machado, marido da famosa viúva Machado e dela passou ao alemão Gerold Gerppert, que nos anos 70 incluiu o terreno em um grande loteamento, mas que comunicado do tombamento, desmembrou e fez doação ao estado da parte referente a Guarapes.

Sua viúva e terceira esposa, dona Luiza Florinda faleceu em Natal aos 20 de janeiro de 1910. Dos seus três casamentos, houve 32 filhos e mais de cem netos! Na partilha do espólio, muitos ficaram sem nada. Particularmente, sou descendente de sua quarta filha do primeiro casamento, dona Guilhermina Pedroza da Silva Tavares que foi casada com o Major Antônio Pessoa de Araújo Tavares, que são os avós de meu bisavó Silvino Tavares.
Interessante que ouvimos de parentes mais antigos, referências as três esposas de Fabrício Pedroza. A primeira ajudo-o a ganhar dinheiro, a segunda guardou e a terceira gastou...


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Casa Fabrício & Cia. A casa comercial de Guarapes

Antiga residência do Major Fabrício Gomes Pedroza. "Casa de Guarapes". (Foto Anderson Tavares)


Construído no ano de 1858 no alto de uma colina, pelo comerciante Fabrício Gomes Pedroza, para ser a sede do seu complexo comercial, o qual aglutinava escritórios, almoxarifados, capela e escola.

Embaixo da colina, ficavam os armazéns, “que tudo guardavam e vendiam...” de 1869 a 1888, mais de vinte navios os quais ultrapassavam 500 toneladas, aportaram em Guarapes vindos diretamente da Europa a fim de carregarem as mercadorias exportadas por Fabrício.




Na margem fronteiriça, estava os armazéns e a vila de moradores, era a Carnaubinha, que também possuia um porto. Já o aterro que possibilitou o porto de Guarapes, era chamado de "A Conceição", nome da padroeira do lugar e que posteriormente, Fabrício Pedroza e as filhas consagraram à Macaíba.



Foi um tempo de fausto e grandeza. Porém com o passar dos anos, de todas as construções do complexo existem apenas as ruínas da casa – grande, que ainda denunciam a majestade e a imponência do velho casarão.

Através da solicitação de Valério Mesquita, as ruínas do casarão foram tombadas a nível estadual em 22 de dezembro de 1990. A preocupação de toda sociedade potiguar, e com a restauração deste patrimônio. Neste ano de 2009, comemora-se além do bicentenário do inolvidável Fabrício Pedroza, os 150 anos de fundação da Casa Fabrício & Cia. precursora do comercio estadual.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Jorge Barreto de Albuquerque Maranhão

Palacete construído por Jorge Barreto. (Foto Filipe Mamede)

Jorge Barreto como era conhecido, era filho de Amaro Barreto de Albuquerque Maranhão Filho e de Louise Antoinette de Craine. Nascido em Natal em 22 de novembro de 1881, faleceu no Rio de Janeiro em 01 de novembro de 1946, encontrava-se mudo, paralitico e pobre, sendo auxiliado por um amigo, para o qual desesperadamente fez-se compreender num pedido supremo: ouvir Chopin.


Construiu o casarão da Praça Dom Vital, no ventro de Natal, em 1910, vendendo-o dez anos depois ao comerciante Manoel Machado.onde depois residiu a senhora Amélia Duarte Machado.
Deste palacete destacam-se as peças artísticas, de bronze, especialmente encomendadas em Paris na “Fonderies Du Val D’Osne-Voltaire-Paris”, que confeccionava todas as peças de bronze solicitadas pela família Albuquerque Maranhão, para embelezar Natal.


Jorge Barreto foi presidente da Junta Comercial do RN, do Banco do Natal. Casado com a prima paterna Maria Augusta Tavares, filha de Fabrício Maranhão e Militina Tavares, não deixou descendentes. Jorge Barreto é comumente confundido como sendo irmão ou filho de Alberto Maranhão, quando, na verdade, era sobrinho. Em Natal ofereceu festas sedutoras, possuindo o segredo de receber e contentar amigos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Distrito de Mangabeira

Origem

O distrito de Mangabeira é o quarto mais antigo de Macaíba. Remontando ao ano de 1741, quando aparece como o primeiro proprietário e morador da localidade: Sr. Manoel Ferreira Labréo.

O significado primeiro de Mangabeira é a árvore da mangaba. O topônimo da localidade deve-se ao fato de existirem diversos pés de Mangaba as margens da estrada que liga este distrito a cidade da Macaíba. Mas também era o nome do antigo sítio que pertenceu durante vários anos ao Sr. Elviro Xavier de Sousa Torres (1881-1933), cujos descendentes ainda vivem neste distrito.

A capela e cemitério
O terreno da capela foi doado por Zulmira Vieira de Araújo. Tem como padroeira Santa Isabel da Hungria. Imagem esta doada em 1933 pelo comerciante Manuel Machado, esposo da famosa viúva Machado. A comunidade possui um cemitério desde 1963.

Estradas

Durante o tempo do Império, o Cel. Estevão Moura abriu uma pequena estrada ligando a capital a Macaíba que passava por Mangabeira. Essa estrada levou mais de um século para ser concluída. Finalmente inaugurada em 1916. Em 1945, na gestão de Alfredo Mesquita, a estrada foi pavimentada. Hoje essa estrada é a BR 226.

Educação

A primeira professora da localidade foi a Senhora Maria Leonor Xavier que ensinava na escola isolada “Padre Severino Ramalho”, cujo terreno foi doado por Uldarico Xavier de Souza. Após do decreto do Prefeito Luiz Cúrcio Marinho, essa escola passou a chamar-se “Dr. João Chaves”.

Em 1982, a senhora Josefa Alves de Medeiros Medeiros fundou a escola Santa Isabel.

Em 1984, o secretário de educação de Macaíba, Sr. João Batista Xavier de Souza, conseguiu a doação do terreno para construir a escola.

Relíquias

Em Mangabeira, estão instalados o “Eremitério do Santo Lenho”, que guarda cerca de 700 relíquias da Igreja católica, e a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Glória, que mantém o Centro de Promoção Humana Charles de Foucauld.

Atualidade

Hoje, o distrito de Mangabeira conta com 2.500 moradores, posto de saúde e um grande número de ruas calçadas. Existe um conselho comunitário denominado Associação de Moradores e Amigos de Mangabeira, entidade presidida por Valmir Felix Camilo. As principais fontes de renda são a agricultura, a pesca e o comércio de pequeno e médio porte.

domingo, 18 de outubro de 2009

José Inácio de Souza Neto

Anderson Tavares e José Inácio de Souza Neto (Foto Marcelo Augusto)

No bote de João Lau, no Rio Jundiaí, da esquerda para a direita: Ernane Alecrim, José Inácio e Cornélio Leite. (Foto José Muniz)

A voz da saudade transcende o espírito e reflui no coração, parecendo a voz de outra voz jamais perscrutada. A saudade às vezes tenta um giro no crepúsculo para refugiar-se na dobra de alguma violeta a florir no silêncio. Mas logo volta, saltitando na leveza de um meneio, por entre folhas mortas esquecidas pelo vento varredor; parece uma esperança no abandono da relva.

Imbuído desta saudade dolente, relembro meu amigo José Inácio de Souza Neto, que foi um dos mais raros e fascinantes tipos humanos de Macaíba, uma alma tocada pela santidade, se esta se compuser, como eu imagino, de bondade e de bravura, de bonomia e de desprendimento, de generosidade e delicadeza.

Nascido em Palmares, no Estado de Permanbuco em 18 de janeiro de 1921, seu pai, Tanus Nasser, era imigrante sírio-Libanês casado com a pernambucana Elvira Mineiro de Souza. Bem cedo José Inácio transferiu-se com seus pais e sete irmãos, para a cidade de Macaíba. Aqui estudou no Grupo Escolar “Auta de Souza” e com o professor Paulo Nobre.

Entre os anos de 2001 a 2004, raros os domingos que ao sair da missa não sentava na calçada de sua casa, na Rua da Conceição e então ele invariavelmente me saudava dizendo: “A casa de Conceição hoje tava animada!”. Ficávamos horas conversando sobre Macaíba, os fatos marcantes de sua juventude e relembrando os feitos de nossos conterrâneos, até minha mãe ligar me chamando.

Emergiam da memória privilegiada de Seu Zezinho, o “Exército Independente de Macaíba”, força militar da “República Independente de Macaíba” da qual, dizia-me que ainda adolescente, pertencera galgando o posto de coronel. E o que era, na verdade, essa República e esse Exército? Falou-me que era uma organização criada pelo “General” João Cavalcanti de Albuquerque – Joãozito, e que arregimentava a mocidade daquela época em treinamentos militares.

Em seguida, alistou-se no Tiro de Guerra de Macaíba, que igualmente a outros que existiam pelo Brasil, era uma organização que treinava jovens militarmente. Finalmente, José Inácio alistou-se ao Exército, sendo combatente.

Retirando-se das Forças Armadas, abriu seu próprio negócio – uma loja de tecidos – e casou com Duvina de Castro Leiros em 1944, com quem teve Écia, Evânia, Eneide e Paulo (Pabel); pai de minha amiga Paulinha Leiros.

Seu Zezinho me disse, em um daqueles domingos, que conheceu uma antiga zeladora da Matriz, que comentava “essa igreja não é mais a mesma. No tempo do Comendador Umbelino, quando ele e a mulher entravam na igreja, as pessoas em respeito, numa reverência, curvavam-se saudando-lhes”.

Relembrava saudoso, personagens de outrora, figuras vivas do passado distante; homens públicos, comerciantes, fazendeiros, professoras e muitos outros que compunham o universo de suas saudades. Assim reapareciam, revestidos de elogios seus amigos Oto Feitoza, Chico Moura, Edison Alecrim e Silva, Ernane Alecrim, Leirinhos, Wilson Leiros, Seu Campos, Joca Leiros, Erneide Magalhães, Cícero e Tota Pessoa entre outros tantos.

Interessante foi a sua participação numa audiência pública na Câmara Municipal, na qual discutia-se o apoio da prefeitura para as quadrilhas juninas e seu Zezinho, solicitando a palavra disse: “acho interessante essas coisas de pedir dinheiro para tudo a prefeitura. No meu tempo agente fazia todas as festas da maneira mais simples, sem perturbar ninguém, e creio que foram as melhores já ocorridas nesta cidade, sem a concorrência financeira da municipalidade”. Um silêncio reverencial tomou o ambiente. Todos sabiam que ele estava com a razão.

Em 2003 juntamente com Marcelo Augusto estive com seu Zezinho, pois fomos solicitar doação de algumas fotos de Macaíba que julgasse importante, para compor a sala que leva seu nome no Museu Ferreiro Torto, do qual eu era diretor. Após isso, conversei algumas vezes com ele pelo telefone quando se encontrava na residência de sua filha Écia, vindo a falecer em 16 de maço de 2004.

Com base em um requerimento que dirigi ao vereador Silvan de Freitas Bezerra, foi sancionada pelo prefeito Fernando Cunha Lima Bezerra a Lei n° 1377, de 13 de dezembro de 2007 que denomina de praça José Inácio de Souza Neto, o espaço que fica fronteiriço ao terminal rodoviário do município.

José Inácio de Souza Neto ou simplesmente seu Zezinho foi um homem capaz de colocar em ação suas próprias idéias. Um homem que não receava contrariar quem quer que fosse desde que pudesse ser fiel a si próprio e às causas que sempre defendeu. Sempre que passo em frente a sua casa, ainda mantida pelos herdeiros, lanço um olhar retrospectivo reavivando o amigo José Inácio que era um homem límpido, transparente, verdadeiro e puro, que nos deixou o legado da sua honradez.

sábado, 17 de outubro de 2009

O Jazigo de Fabrício em Macaíba


Quando no dia 27 de outubro de 2009, os restos mortais do patriarca Fabrício Gomes Pedroza, forem transladados após 137 anos de seu falecimento, na cidade do Rio de Janeiro, repousarão no Jazigo Perpétuo que fica na lateral esquerda do altar mor da Matriz de Nossa Senhora da Conceição.


Este Jazigo foi construído a pedido de Guilhermina, Ignêz, Maria Militina, Josefa Avelina, Maria Terceira e Cândida Minervina, filhas de Fabrício Pedroza e da sua primeira esposa, D. Ana Maria da Silva e Vasoncelos, para nele serem depositados os restos mortais da matriarca Ana Maria, falecida em 1847, que seriam transladados da Capela de Nossa Senhora da Conceição do Engenho Jundiaí para a Matriz de Macaíba.


Com o falecimento de Cosma Maria Bandeira de Melo, em 1857, suas enteadas que muito a veneravam pelo espírito dócil e amavél com que conduziu aquela família, quando se casou com Fabrício, deidiram depositar no jazigo os restos de Cosma Maria, que era natural de Macaíba e sempre desejou ser sepultada nesta cidade.


Posteriormente, em 1899, foram inumados no Jazigo, as filhas Cândida Minervina e seu esposo Miguel Tavares e Guilhermina e o esposo Antônio Tavares, que haviam ido residir na cidade de Goiana, em Pernambuco e desejavam serem enterrados em Macaíba.


De maneira que o Jazigo guarda as duas primeiras esposas de Fabrício Pedroza, duas de suas filhas e seus esposos. O Jazigo aparece no testamento do coronel João Juvenal Barbosa Tinoco, que após a morte da esposa, Ignez da Silva Pedroza, ajudava na manuntenção do Jazigo. Essas notas me foram passadas por D. Sofia Augusta de Lyra Tavares, em 1999.


Agrademos a sensibilidade do padre Júlio César Cavalcanti e do Sr. Arcebispo Dom Matias Patrício de Macedo, que entenderam o significado histórico do translado de Fabrício Pedroza para sua terra e autorizaram sua inumação no Jazigo onde repousam tantos que lhe foram caros.


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Alfredo Mesquita Filho

Deputado Alfredo Mesquita Filho

O velho Alfredo Carneiro de Mesquita foi o maior animador da oposição, na cidade de Macaíba dos primeiros instantes republicanos. Alfredo Carneiro desejava que seu filho homônimo fosse médico. Porém, antes de iniciar os estudos, aproveitou o jovem Mesquita Filho na gerência dos armazéns de compra de algodão. Mesquita Filho, contudo, preferiu a loja de tecidos e miudezas, onde a freguesia era mais agradável.


Nascido aos 23 de maio de 1901, em Macaíba, Alfredo Mesquita Filho iniciou seus estudos com o professor Caetano Costa, mestre de várias gerações de macaibenses. Depois passou ao Grupo Escolar Auta de Souza. Por esse tempo, era sonho de sua tia Marocas vê-lo padre. Empolgado, Alfredo Mesquita chegou a improvisar um altar, onde rezava terços com as religiosas do Apostolado da Oração, sodalício do qual fazia parte sua mãe e tia.


Ainda jovem, Alfredo Mesquita seguiu para a cidade do Recife onde fez os preparatórios no Ginásio do Recife e Liceu Pernambucano. Concluídos os estudos, preparava-se para o vestibular de medicina, quando recebeu o chamamento de seu pai, para voltar a gerência da loja em Macaíba.


Da loja para a política, Alfredo Mesquita foi eleito membro da Intendência (vereador) em 1926. Já em 1934, de acordo com a rotatividade bem característica do momento, foi escolhido Prefeito de Macaíba, pela revolução. elegendo-se em 1937 foi eleito pelo voto popular novamente Prefeito, tendo, a partir desse governo, governado sem o acompanhamento do legislativo, extinto por força da carta magna do Estado Novo. Seu último mandato como Prefeito foi de 1958 a 1963, quando passou o governo a Mônica Nóbrega Dantas.


Como prefeito fez a construção da atual ponte sobre o rio Jundiaí, construção dos grupos escolares Arcelina Fernandes, João Chaves (Mangabeira), Nair Mesquita (Traíras), calçamento da Rua Governador Dinarte Mariz até o gancho com as ruas José Coelho e do Fio, inauguração do obelisco em homenagem a Augusto Severo em 1941, construção da balaustrada da Rua Dinarte Mariz, campanha de combate ao mosquito transmissor do “paludismo” com a construção das valas para escoamento das águas desde o riacho da Raiz até o Rio Jundiaí, como deputado estadual conseguiu o calçamento da estrada Natal/Macaíba via Mangabeira, dinamizou as atividades sociais e culturais do município como o PAX clube, banda de musica e várias agremiações esportivas, concedeu incentivos fiscais por 10 (dez) anos para a fábrica Nóbrega e Dantas se instalar na cidade e instalar o serviço de energia elétrica no município até a chegada da energia de Paulo Afonso, além da assistência dia e noite aos pobres da idade.


Alfredo Mesquita Filho foi também Deputado Estadual Constituinte, eleito na eleição de 19 de janeiro de 1947. A legislatura foi de 1947 a 1950 e durante a constituinte foi o 1º Vice-Presidente da Assembléia. Reelegeu-se na eleição de 03 de outubro de 1950, para a legislatura seguinte de 1951 a 1954. Finalmente, na eleição de 03 de outubro de 1954, foi reeleito para seu último mandato legislativo de 1955 a 1959.


Homem bom, simples e devotado servidor do povo de macaíba. Mesquita Filho vivenciou glórias e derrotas em sua terra. Porém, nunca experimentou a ingratidão de sua gente que o reverência através de várias homenagens a sua memória: Escola Estadual Alfredo Mesquita; Centro Educacional de Educação Rural Alfredo Mesquita Filho; Hospital Regional Alfredo Mesquita Filho; Praça da Saudade Alfredo Mesquita; Rua Alfredo Mesquita Filho; Palácio Alfredo Mesquita Filho – sede do poder legislativo municipal e Bairro Alfredo Mesquita.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Juiz que recusou ser Desembargador

Dr. Manoel José Fernandes

Um dos mais íntegros Juízes de Direito do Rio Grande do Norte foi o Dr. Joaquim Manoel de Meiroz Grilo. No seu trabalho “Histórico da Comarca do Acari”, de 1936, ele assim descreve o Dr. Manoel José Fernandes: “o grande Juiz do Seridó que deixou traços indeléveis pelo sertão primitivo e adusto daqueles tempos”.


Manoel José Fernandes nasceu em Caicó aos 11 de dezembro de 1834, sendo filho do casal Cosme Damião Fernandes e Isabel de Araújo Fernandes. Bacharel em 1861. Deputado Provincial no biênio de 1862/63. Foi casado duas vezes, deixando dezoito filhos.


Em 18 de dezembro de 1892, o governador Joaquim Ferreira Chaves, assinou o decreto de nomeação do Dr. Manoel José Fernandes para o cargo de Desembargador. Manoel Fernandes recusou alegando impossibilidade de adaptação na Capital. Não queria abandonar sua terra, sua fazenda cultivada com paciência e transformada em um verdadeiro balneário. No retorno ao Seridó, foi acompanhado por uma enorme comitiva até a cidade de Macaíba. Dentre os acompanhantes, o Dr. Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, admirador do velho pretor.


Desde 1882, o Acarí, esteve até 1890, sob a indicatura do Dr. Manoel José Fernandes, Juiz de Direito da Comarca de Jardim, o qual foi uma espécie de patriarca da justiça no Seridó, exercendo durante mais de vinte anos, o seu múnus judiciário, sucessivamente e, às vezes cumulativamente, nas comarcas de Caicó, Jardim e Acari.


O Dr. Manoel José Fernandes viveu em sua propriedade “São Cristovão”, sereno, tranqüilo e cultivando a terra e os corações de seus familiares que o veneravam. Faleceu a 28 de março de 1907.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Genealogia - A Família Mesquita

Encontrei em um livro de contas da nossa matriz, a referência mais antiga ao nome de um membro da família Mesquita, em Macaíba. Era o ano de 1868 - quatro de Abril, data da doação do patrimônio de Nossa Senhora da Conceição, santos Cosme e Damião, pelo major Fabrício Gomes Pedroza e sua esposa D. Luíza Florinda Maranhão Pedroza.

Assina o documento, como testemunha, Delmiro Carneiro de Mesquita Lima *Goianinha/RN 1809 + Macaíba/RN 1879, filho do casal Félix Joaquim de Lima e de Maria Joaquina de Mesquita. Casado em 17 de janeiro de 1852 em Canguaretama com Marfisa Flora de Leiros Bela *1812 +Macaíba/RN 1881, filha de Manoel Leopoldino da Silveira Coelho e Josefina Generosa Leopoldina, casados aos 09 de janeiro de 1831. Neta paterna de Francisco Rodrigues Coelho e de Ana da Silveira. Neta materna de Luiz Antônio e de Joana Joaquina de Leiros, nascida por 1781 e falecida em 25 de janeiro de 1839 com 58 anos de idade.

Delmiro Carneiro de Mesquita Lima teve os seguintes irmãos, alguns deles radicados na cidade de Macaíba:

A - Manoel Carneiro de Mesquita Lima casado com Paulina Felismina de Torres, filha de Joaquim Guedes da Fonseca e de Luzia Felismina de Torres;

Manoel Carneiro de Mesquita e Paulina Felismina foram os avós paternos de Alfredo Mesquita Filho, ex-prefeito de Macaíba-RN.

B - José Paulino de Mesquita Lima casado com Josefa Francisca Barbosa, filha de Joaquim Guedes da Fonseca e de Luzia Felismina de Torres;

O casal José Paulino e Josefa Francisca foram os avós paternos de Amaro Mesquita.

C - Josefa Joaquina de Mesquita casada com Joaquim Mancio Marinho;

D - Félix Joaquim de Lima Júnior casado com Luzia Generosa da Fonseca, filha de Joaquim Guedes da Fonseca e de Luzia Felismina de Torres;

E - Valdivino Carneiro de Mesquita casado com Anna Joaquina Cavalcante de Albuquerque, filha de João Cavalcante de Albuquerque e Josefa Joaquina de Vasconcelos

F - Joaquina de Mesquita Lima.

Filhos do casal Delmiro Carneiro de Mesquita Lima e Marfisa Flora de Leiros Bela: 

F.I - João Alípio Carneiro de Mesquita Lima casado com Bernardina Amélia da Fonseca, filha de Joaquim Guedes da Fonseca e Luzia Felismina de Torres e, a segunda vez com Maria Gracinda Marinho de Mesquita;

F.II - Antônio Carneiro de Mesquita Lima, casado com Cândida Joaquina de Vasconcelos Mesquita, e, a segunda vez com Maria Anunciada de Mesquita Lima;

F.III - Anna Olímpia de Mesquita Freire, casada com João Dias Freire;

F.IV - Félix Carneiro de Mesquita Lima, solteiro.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Translado de Fabrício Pedroza

Túmulo onde jaz Fabrício Gomes Pedroza, no Rio de Janeiro.

O Dr. Olimpio Maciel me confirmou que ocorrerá ainda neste mês, o translado do plutocrata Fabrício Gomes Pedroza - fundador da cidade de Macaíba e da Casa comercial de Guarapes. Desde 2001, quando do centenário do falecimento de Augusto Severo, que me articulava, sonhando juntamente com Dr. Olimpio Maciel, pela efetividade deste translado.


No ano passado, mantive contato com o arquiteto Fabrício Gomes Pedroza (homônimo de uma linhagem de cinco Fabricios), e que mostrou-se interessado na história do trisavô Fabrício Pedroza "O Velho". Via email, encaminhei o projeto do translado e pedi-lhe fotos do túmulo do fundador, no campo santo de São João Batista. Prestimoso, Fabrício que se encontrava viajando, solicitou a um amigo fazer as fotografias e enviou rapidamente. Ele virá assistir o translado do nosso ancestral em comum - fundador Fabrício Pedroza.



Ainda em julho deste ano, encaminhei o pré-projeto para o translado de Fabrício Pedroza para o Major Brigadeiro do Ar Louis Jackson Josuá Costa, pertencente a tradicional família macaibense, cujo bisavô foi o professor Caetano José da Silva Costa, primeiro presidente da Intendência de Macaíba após a proclamação da República.O Major Josuá Costa interessou-se pelo projeto e ficamos de manter contato. A correria de nossos dias interrompeu minha correspondência com Josuá Costa.



Felizmente, Olimpio Maciel e outros representantes da família Pedroza em Natal, se organizaram com a prefeita de Macaíba e no fim do mês, após entendimentos com o padre Júlio César cavalcanti, durante as comemorações do bicentenário de Fabrício Pedroza, seus restos mortais repousarão na matriz de Nossa Senhora da Conceição, cujo terreno e a imagem orago, foram doações sua.



Parabéns para Macaíba, que escreverá uma página importante de sua história ao transladar o seu fundador Fabrício Gomes Pedroza, que repousará sobre a terra que foi seu sonho primeiro, o ambiente emocionador de sua vivência e pela qual trabalhou incansavelmente durante anos para projetá-la economicamente superior, inclusive a capital.

domingo, 11 de outubro de 2009

Nadir Meira Garcia

Franklim Garcia, D. Nadir , Anderson Tavares e o painel "O Jangadeiro" (Foto de Wagner Rodrigues)

Dr. Encoh de Amorim Garcia e sua Nair na escada do casarão da Praça das Flores. (Acervo Franklim Garcia)

Nadir Meira Garcia (*1917 +2008)

Transpondo o portão que leva ao maravilhoso jardim do casarão da Praça das Flores, em Petrópolis, revejo na varanda a imagem de Nadir Meira Garcia, transbordando alegria e com a gentileza habitual. Visitei-a, pela última vez, numa tarde de maio de 2007.

O Olhar vivo, irrequieto e penetrante iluminava-se nela com um poder de comunicação singular, graças às cintilações do seu espírito extraordinariamente bem dotado.

Nascida em 16 de setembro de 1917, na cidade de Macaíba, era filha de João Meira e Amélia Názia de Mesquita. Casou em 16 de junho de 1936 com Enoch de Amorim Garcia, com quem teve Roosevelt, Franklin, Wallace, Ana e Enoch.

Lembro o quanto ela sabia do nosso passado, quantos conhecimentos absorveu e que opulentos cabedais franqueou às lições não só dos filhos e netos. Nadir Garcia propiciava aos que se dão a tecelagem da nossa história, muitos fios mercerizados nos enredos cosidos com as reminiscências.

Muitos fios da meada trazida do passado encontravam em Nadir a tinta que avivava a lembrança de personagens e fatos merecedores de retoques. Recordo-a com viva simpatia, nestas lembranças de saudade.



sábado, 10 de outubro de 2009


Estudantes com Odiléia e Valério Mesquita, no Solar Ferreiro Torto

Flagrante histórico, da visita de estudantes a sede do antigo engenho Ferreiro Torto, no início da década de 1970 do século passado. Valério Mesquita ainda como professor do colégio Comercial de Macaíba, despertava o interesse dos alunos pelas questões culturais de nossa terra. A restauração do antigo engenho, depois Solar Ferreiro Torto, configurou-se no interesse inicial de Valério na preservação de nossa memória histórica.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Igreja Matriz de Natal

Igreja Matriz atualmente. (Foto Filipe Mamede)


Igreja Matriz no passado
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, localizada no outeiro do sítio onde Jerônimo de Albuquerque Maranhão implantou a cidade. Destaca-se na paisagem urbana da atual praça André de Albuquerque, antiga Rua Grande, dos primórdios de Natal, em pleno Centro Cultural da Cidade.

O templo é monumento tombado pelo Governo do Estado e pertence a Arquidiocese de Natal. Contudo, tornou-se muito mais que uma casa de orações, transformou-se em um monumento que o Rio Grande do Norte orgulha-se de possuir e exibir, constituindo-se numa das poucas igrejas do Brasil erguida no início do século XVII.

A capela que deu origem a atual igreja foi construída em 1599. Ali foi celebrada a missa de fundação da Cidade do Natal.

O primeiro vigário provido na freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, foi o padre Gaspar Gonçalves da Rocha, conforme consta na Relação de Ambrósio Siqueira da Receita e Despesa do Estado do Brasil, documento de 1605.

Algum tempo após a construção da primitiva capela projeta-se uma nova igreja, com dimensões superiores. Em 1619 o templo ampliado foi inaugurado.

No período de 1633 a 1654, os holandeses dominaram a Capitânia do Rio Grande. Naquela época Natal possuía apenas 40 casas. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação transformou-se em um templo calvinista, a partir da prédica realizada pelo pregador Johanna, em 18 de dezembro de 1633.

Expulsos os invasores flamengos, da Capitânia, em 1654, destruíram tudo que puderam, inclusive os livros de registros referentes à igreja.

Padre Leonardo Tavares de Melo foi o primeiro vigário da Matriz de natal, após a reconquista portuguesa. Ele chegou à Capitânia do Rio Grande em 1656, segundo consta no Registro de Concessão de Data e Sesmaria do Senado da Câmara do Natal, datado de 02 de janeiro de 1660.

O novo vigário logo cuidou da recuperação da igreja, porém as obras somente foram concluídas em 1694.

Ao longo dos séculos, a igreja sofreu inúmeros benefícios e acréscimos. A construção da torre, em 1862, concluía definitivamente, o projeto original da igreja.

A padroeira de Natal é Nossa Senhora da Apresentação, sua imagem remonta ao século XVII e chegou à Cidade boiando dentro de um caixote de madeira, em 21 de novembro de 1753. Motivo pelo qual a imagem que é, na verdade, Nossa Senhora do Rosário, passou a ser venerada como da “Apresentação”.

Dezenas de sacerdotes já passaram pela Matriz. O primeiro deles foi o padre Gaspar Gonçalves da Rocha, cujo sucessor nos dias atuais é o monsenhor Agnelo Dantas Barreto, muito dedicado às obras de conservação da igreja Matriz.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Porto de João Lostão Navarro

Lagoa de Arituba. "Lagoa de água doce meya legoa do Porto de João Lostão"


Local do antigo Porto de João Lostão. Hoje Praia da Tabatinga. Segundo os cronistas do século XVII, ali se faziam grandes pescarias.


Local do antigo Porto de Uruaçu, local onde pereceu João Lostão Navarro, dentre outros. (foto de Carla Saugueiro)

Cruz que marca o local onde teria sido sepultado o corpo do padre Ambrósio Ferro. Antigo Porto de Uruaçu (foto de Carla Salgueiro)


Aos 13 de junho de 1645, ante a descoberta do plano da insurreição portuguesa contra o domínio neerlandês, o Grande Conselho Holandês, reunido no Recife, determinou a prisão de João Lostão Navarro, indigitado líder da rebelião na Capitânia do Rio Grande. Encarregaram de prendê-lo, a Paulus de Linge, o governador da Paraíba.

Com a ocorrência do Massacre de Cunhaú, aos 16 de julho de 1645, os colonos portugueses, moradores nas vizinhanças daquele engenho, que haviam escapado daquela hecatombe, alarmados, vieram se refugiar na casa Forte de João Lostão, uma daquelas cinco construções descritas no Mapa de Marcgrave. Por essa época, verificou-se a prisão de Lostão Navarro, que foi levado prisioneiro para o Castelo Keulen, no Rio Grande.

No mês de setembro do mesmo ano, Jacob Rabbi, com uma pequena força de Tapuias, brasilianos e mais 30 civis holandeses, ocuparam o Sítio de Lostão, onde assassinaram 15 ou 16 portugueses.

À ação criminosa, seguiu-se o Massacre de Uruaçu, em 03 de outubro, no qual foram mortos diversos portugueses de ambos os sexos, e de diversas idades. Tal episódio ocorreu no então chamado Porto de Uruaçu. Dentre as vítimas, figurava o honrado João Lostão Navarro, o próprio sogro do tenente-coronel Joris Garstman, que já havia sido o primeiro comandante do Castelo Keulen.

Naquela Casa-Forte de João Lostão Navarro ficou instalado o quartel-general das operações bélicas, ocupado pelas tropas flamengas até, pelos menos, 29 de junho de 1646.

Tentaremos agora, proceder à reconstituição geográfica dos diversos locais apontados no relato supra: aquela lagoa de água doce meya legoa do porto de João Lostão, corresponde à atual Lagoa de Arituba, ponto aonde se abasteciam d’água os moradores da povoação de João Lostão. É uma bela lagoa piscosa, localizada entre dunas.

O chamado Porto de João Lostão, correspondente ao atual Porto de Tabatinga, outrora também chamado de Porto Seguro. Apresenta umas barreiras de tonalidades rósea, muito íngremes, que medem talvez uns 20 metros de altura. Fica na localidade de Barra de Tabatinga, à beira-mar.

A Casa-Forte de Lostão Navarro, ao que tudo indica, situava-se naquele mesmo Porto, no Pontal da Tabatinga. Os velhos moradores da localidade de Barra da Tabatinga, ainda se referem a uma FORTALEZA que teria existido naquela localidade, sobre um certo ponto hoje chamado Piçarreira.

O meu parente, engenheiro Otávio Tavares, já falecido, informou ao pesquisador Hélio Galvão, “ter encontrado a um quilômetro da barra de Camurupim, à esquerda, do lado norte, dominando a saída do escoadouro das lagoas de Goaraíras, Papeba e Papari, um fundamento, espécie de sapata de cem por quarenta metros, feita de concreto, apta a receber qualquer construção”. Tal edificação, interpretada como tendo sido algum Fortim iniciado pelos flamengos, nos parece mais ter sido a casa-forte de João Lostão Navarro.

Fica, assim, relembrada a figura do mártir João Lostal Navarro, homem empreendedor, brasileiro por opção, católico de convicções inabaláveis. Não titubeou em derramar o próprio sangue, na defesa dos seus princípios.




quarta-feira, 7 de outubro de 2009

"Paris em Natal"


Cidade do Natal, bairro da Ribeira, numa das esquinas da praça Augusto Severo em 28 de fevereiro de 1908, o coronel Aureliano Clementino de Medeiros, antigo comerciante de Macaíba, inaugurava solenemente a aristocrata loja “Paris em Natal”. Grande loja de tecidos, chapéus, calçados, perfumes entre outros artigos finos.


Ao ato da inauguração compareceram distintos cavalheiros da sociedade natalense, representantes do comercio, da imprensa, a banda de música do Batalhão de Segurança e o chefe político estadual Dr. Alberto Maranhão, que foi o freguês da primeira venda da loja: um corte de fazenda para a primeira dama do Rio Grande do Norte – Inês Barreto Maranhão.


Reporto-me ao antigo jornal A República para destacar o comentário deste semanário acerca da nova loja: “fazemos votos para que o novo estabelecimento seja realmente o que todos esperam – uma moderna loja – num comércio atrasadíssimo”. A “Paris em Natal” foi fiel ao signo da elegância até inicio dos anos 40.


Atualmente, o local do que foi uma das maiores lojas que houve no Natal dos tempos pré-atômicos é um bar.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Aguinaldo Muniz de Melo - Arquiteto, Pintor e Escultor

Antiga sede do ABC Futebol Clube de Natal. Projeto de Aguinaldo Muniz. (Foto Jaeci)

Prédio do Cine Nordeste, ainda ostentando o Painel. Projetos de Aguinaldo Muniz. (Foto Jaeci)






Nascido em Macaíba no dia 26 de abril de 1917, filho do casal Miguel Arcanjo de Melo e Francisca Silvia de Melo. Foi aluno do renomado escultor potiguar, Hostílio Dantas. O desenho arquitetônico aprendeu com o pai que era topógrafo. Aguinaldo Muniz contribuiu na arquitetura e nas inovações do modernismo na cidade do Natal, e no dizer do pintor Dorian Gray ”É o nosso veterano”.

Na arquitetura, dois grandes exemplos demonstram o novo e o moderno dos projetos de Aguinaldo Muniz: o prédio do Cine Nordeste que dispunha de um painel externo, também de sua autoria, sobre o tema Radiofonia, e o já demolido prédio da sede social do Clube do ABC.

Pioneiro na contratação de mulheres desenhistas para seu escritório, trabalharam com ele Sofia Pípolo e Maria de Lourdes Lopes. Aguinaldo Muniz teve desenhos incluídos no Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luis da Câmara Cascudo e foi o idealizador do símbolo do DEER - Departamento de Estradas e Rodagens.

Guarda ainda em seu currículo a vaidade de ter servido na Segunda Guerra para o serviço militar americano na Base Aérea como desenhista. A escada para o presidente Roosevelt descer do avião, foi desenho de Aguinaldo, para atender as necessidades de locomoção do presidente. Em 1945 o arquiteto foi condecorado pelo comandante das Forças Armadas do Atlântico Sul, Ralph Wooten em reconhecimento “for excellent perfomance”.

Visitei Aguinaldo Muniz em sua residência, cercado pelos cuidados de sua esposa Feliza Ferreira de Carvalho Muniz. Aguinaldo Muniz é um homem generoso, cordial, inteligente e intuitivo. Quando a idade permitia, ele recriava com facilidade tudo o que via, fixando-se em pintura, desenho, estatuária, numa obra restrita de excelente qualidade.


domingo, 4 de outubro de 2009

Jornalista James Dantas

É necessário o Rio Grande do Norte fazer justiça à memória de um dos seus filhos, que se revelou um dos maiores jornalistas latino-americanos. Jayme Dantas, moreno, pequeno e atarracado, menino de Macaíba, morando em Natal foi vizinho de uma família americana, brincando com os garotos da casa ao lado, aprendeu o inglês como aprendeu o português.
Veio a guerra, os americanos desembarcaram em Natal, para construir e operar a base aérea, ligação fundamental dos Estados Unidos com a África. Precisavam de intérpretes e Jayme, adolescente, foi contratado. Trabalhou com os americanos dois anos seguidos.

Ao fim da guerra, a norte-americana revista "Time" decidiu nomear um correspondente no Brasil. Jayme, nem ele sabia por que, foi indicado ao gringo da "Time" que veio ao Rio escolher o correspondente.

Jayme recebeu em Natal uma passagem e o endereço do hotel, no Rio, veio e se apresentou ao gringo. Tornando-se correspondente no Brasil da revista “Time” durante 25 anos, o primeiro jornalista brasileiro a trabalhar na imprensa estrangeira. Foi também o primeiro brasileiro a presidir o Clube da Imprensa estrangeira, o “Overseas Press Club”.


Trabalhou no Jornal do Brasil como correspondente nos Estados Unidos da América e na Argentina e dirigiu, junto com Calazans Fernandes, os cadernos especiais da Folha de São Paulo. Em 1962, Jaime Dantas abriu as portas do Governo Kennedy para o Governo Aluízio Alves, implantando-se no Estado audacioso programa de educação financiado pela “Aliança para o Progresso”. O educador Paulo Freire foi um dos principais colaboradores desse projeto.

Em fins de 65 e em 66, quando a TV Globo começou a funcionar, Jayme Dantas foi o chefe de redação do jornal "Ultra-Notícias", que em 67 virou "Jornal da Globo", com José Ramos Tinhorão como editor-chefe, e, em 69, tornava-se "Jornal Nacional".

Chefiando a redação do primeiro "Jornal da Globo", o potiguar Jayme Dantas, baixinho e competente, era, no jornalismo da Globo, o representante do grupo "Time-Life", que foi sócio de Roberto Marinho e financiou a criação da TV, até que a CPI do Congresso, inspirada por Carlos Lacerda e comandada por João Calmon, dos "Diários Associados", anulou o "Acordo Time-Life" e obrigou Roberto Marinho a desfazer oficialmente a parceria.

Não sei se por isso, para esconjurar velhos pecados, ou por um lapso, Jayme Dantas foi suspeitamente esquecido no livro dos 35 anos do "Jornal Nacional" ("Jornal Nacional, a notícia faz história"), entre os primeiros que participamos da criação do jornalismo na TV Globo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A Genealogia Genética

Cada ser humano tem dois pais, quatro avós, oito bisavós, 16 trisavós, 32 tetravós etc. O número de antepassados cresce exponencialmente, de maneira muito rápida.


A genética é mais uma ferramenta que busca resgatar a História. Um esforço bastante parecido ao que é feito pela Arqueologia, mas com uma diferença: a arqueologia pode revelar o passado de povos desaparecidos, e a genética, geralmente, só conta a história de povos que deixaram descendentes hoje.


Uma parte considerável da pesquisa dos geneticistas históricos é desenvolvida com auxílio da pesquisa bibliográfica da obra de historiadores como Darcy Ribeiro, Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda. A interdisciplinaridade é muito importante e, se faz notar com ênfase fora do Brasil.


No Brasil, ocorre desconhecimento e uma certa desconfiança sobre a aplicação da genética na pesquisa histórica. Ora um teste de DNA, que todos reconhecem seu potencial e aplicação, nada mais é do que uma pesquisa histórica recente envolvendo duas gerações. Utiliza-se metodologias e análises parecidas com o DNA para inferir genealogias nas últimas 5 mil gerações – cerca de 100 mil anos – da história da humanidade.


A metodologia empregada pela genealogia genética é o estudo das variações existentes no DNA dos cromossomos das células de cada pessoa. Por exemplo, um individuo pode ter um pedaço especifico do DNA com uma sequencia de letras ACCGT, e outra pessoa, neste mesmo pedaço, a sequencia é um pouco diferente: ATCGT. São analisados inúmeros pedaços de DNA com estas diferencias.


É a técnica de estudo de populações usando “polimorfismos” (variações) de DNA. A genética de populações leva em conta as variações presentes em cada população e como estas se relacionam umas com as outras, através de fatores evolutivos e históricos como ancestralidade comum, migrações e expansões demográficas.