Capela de São José tendo a sua esquerda os antigos jardins do Solar Caxangá.
No
chão elevado e firme do alto do barro vermelho, centro de Macaíba, está a
capela de São José, clara, linda, acolhedora, a mais simples, a mais pobre, a
mais legítima na sua arquitetura gótica sedutora. No dia 19 de março de 1876,
era inaugurada e benta pelo vigário de São Gonçalo do Amarante Manoel Fernandes
de Lustosa Lima, com grande assistência da população que a construiu com
veneração.
A
capela era a afirmação da fé e denunciava o desenvolvimento econômico local, a
densidade demográfica em ritmo crescente, o numero apreciável de almas em
“estado de comunhão”, certa massa residencial fixando cristãos, vivendo em
tarefas regulares.
A história da capela de São José está
intimamente ligada ao solar Caxangá, uma vez que encontra-se edificada nos nove
hectares iniciais dessa propriedade, anteriormente denominada fazenda Barra. Segundo
a escritura pública de doação feita pelo coronel Estevão José Barbosa de Moura,
aos 27 de fevereiro de 1874, eram 700 palmos (140 metros) de frente, por 200
palmos (400 metros) de fundo. O coronel Estevão Moura atendia a uma reivindicação
da população de Macaíba, cuja matriz ainda estava em construção e que se
deslocavam até o município de São Gonçalo do Amarante para a assistência religiosa.
A
construção da capela foi iniciada ainda no ano de 1874 e teve a participação da
maioria das pessoas da comunidade, que auxiliaram das mais diversas formas os
mestres de obras. Segundo a arquiteta Jeanne Fonseca Leite Nesi, que analisou,
nos anos 1980, a estrutura do templo:
A capela de São
José possui apenas a capela-mor e a nave. A fachada compõe-se de três portas de
acesso, confeccionadas em madeira, em vãos de vergas retas. Possuem cercaduras
de massa, formando arcos ogivais, e são encimadas por óculos. A fachada do
templo apresenta frontispício curvilíneo, ladeado por dois pináculos.
O
primitivo altar era esculpido em madeira, trabalho dos artesãos locais quando
de sua construção. Esse altar foi substituído em 1919, em uma primeira reforma,
pelo de alvenaria que permanece até hoje, constituído de único nicho central
que encerra o vulto em madeira do patriarca São José, imagem que veio em
procissão da antiga capela de Santana do engenho Ferreiro Torto e era devoção
pessoal do doador do terreno.
A
segunda grande reforma ocorreu no ano de 1983, operacionalizada pela Fundação
José Augusto, que tombou o templo tendo em vista o seu valor histórico
arquitetônico. Em 1997 e no ano de 2002, quando a capela apresentava sérias
rachaduras foram feitos trabalhos de restauro. Atualmente a capela encontra-se
cercada de construções devido à comercialização de seus terrenos vizinhos,
ainda nos anos 2000, fato que embora esconda parte de sua beleza, não retira a
sentimentalidade dos macaibenses para com a sua capela-mãe.
É
a capela sentimental, visitada por antigos e novos poetas que de lá divisavam o
extenso e desaparecido jardim do solar Caxangá, com suas fileiras de coqueiros
e canteiros de flores. Capela sentimental para aqueles que ainda guardam nas
almas, como dizia Ramalho Ortigão, a flor da simpatia.