sábado, 29 de maio de 2010

Francisco Pinto de Abreu - educador

Dr. Pinto de Abreu. Acervo Anderson Tavares



Nasceu na Paraíba e se formou em direito pela Faculdade de Direito do Recife, em 1892, na turma de Alberto Maranhão e Augusto Tavares de Lyra. Logo após formado, desempenhou em Pernambuco os cargos de promotor público nas cidades de Cabo e Recife, curador geral de órfãos desta cidade, juiz distrital em Olinda.


Veio para o Rio Grande do Norte em 1895, convidado por Augusto Tavares de Lyra, sendo indicado pelo amigo ao governador Pedro Velho que o nomeou diretor da Instrução Pública Estadual e do Atheneu, de onde saiu para ser juiz de Direito da comarca do Ceará-Mirim, voltando a dirigir o Atheneu e a Instrução Pública outras vezes.


Destacou-se na política educacional do Estado do Rio Grande do Norte como o gestor que reorganizou o ensino em moldes modernos, na segunda administração de Alberto Maranhão, de cujo governo também foi secretário, ocupando também o cargo de consultor jurídico do Estado, em 1914, no fim da referida administração. Foi advogado com escritório na rua 13 de maio (Princesa Isabel), professor e deputado estadual no Rio Grande do Norte, na sexta legislatura de 1904-05-06. Também foi acionista do Banco do Natal, fundado por Tavares de Lyra em 1905.


Convidado pelo governador Joaquim Ferreira Chaves para continuar no cargo de consultor jurídico, aceitou a princípio, renunciado em 1918 quando do rompimento político entre Ferreira Chaves e Tavares de Lyra. O Dr. Pinto de Abreu tomou partido de Augusto Tavares de Lyra e retornou ao Recife, onde foi nomeado secretário geral do estado pelo governador José Rufino Bezerra (1917-1921), cargo em que ficou até o fim dessa administração. Nesse período também exerceu a advocacia e lecionou em vários colégios daquele Estado.


O hino à Augusto Severo é de sua autoria, em parceria com Eulália Câmara. Fez parte de inúmeras associações culturais na cidade do Natal, entre as quais: Natal Clube, IHGRN e Grêmio Literário Augusto Severo. Escreveu para a “Revista do Rio Grande do Norte”, para a “Tribuna” e A República.


Casou em 1912 com a senhora d. Maria Zuzana Teixeira de Moura, de ilustre família potiguar, senhora hereditária do engenho Ferreiro Torto, em Macaíba, onde moravam. Maria Suzana faleceu em 1942, sem prole deste casamento. Francisco Pinto de Abreu retornou à Pernambuco e realizou um terceiro matrimônio do qual deixou filhos, tendo falecido em Recife no dia 11 de junho de 1951.


Segundo a revista do Centro Polymathico do Rio Grande do Norte, em sua edição numero 1 de janeiro de 1920, o Dr. Pinto de Abreu foi:


"Professor de vocação assinalada; pedagogista consumado no afanoso trato dos bons livros e na prática do ensino onde se revelou verdadeiro líder pelo impulso que lhe deu, vasando-o nos moldes contemporâneos que a última reforma não alterou, felizmente, nas linhas gerais; hábil e consciencioso advogado para quem mais vale a justiça que o interesse material da causa".

Era o que pensava a elite intelectual do RN sobre o homem que ousou transformar radicalmente a educação no Estado, um sonho acalentado junto com Alberto Maranhão, que, na medida do possível, conseguiram efetivar através da criação da rede de grupos escolares.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Segunda edição do livro A Família Ribeiro Dantas de São José de Mipibú

Capa da 1º edição do livro de Carlos Alberto Dantas Moura.


O meu amigo e confrade de Instituto de Genealogia, Carlos Alberto Dantas Moura, um dos pioneiros da pesquisa genealógica no RN, lança a segunda edição de seu livro genealógico e histórico: Família Ribeiro Dantas de São José de Mipibu, que vem a lume 25 anos após a primeira, publicada em Brasília. Nela o autor incorpora informações de outros livros de genealogia (principalmente de Famílias do Seridó, de Olavo Medeiros Filho e Villar & Cia 2, de Alcides Vilar. Os dois capítulos finais do livro Moreira Brandão, de meu tio paterno José Moreira Brandão Castelo Branco Sobrinho, geraram três apêndices do capítulo VIII : A-6.1) A descendência de Jerônimo Cabral da Câmara Filho, onde o material que ocupava apenas uma página foi expandido para onze, por causa das atualizações; A-6.2) A disposição do material sobre os Moura do RN na nomenclatura genealógica de filhos, netos, bisnetos, trinetos e tetranetos, com acréscimos e correções obtidos nos livros paroquiais de Natal; A-6.3) Descobertas sobre os Castelo Branco nos livros de São José de Mipibu.

Vários assentamentos antigos foram descobertos, documentando melhor a parte mais antiga da família, tanto pelo autor como por colegas genealogistas, aos quais foram dados os merecidos créditos.

Foi feita uma tentativa, com razoável sucesso, de estabelecer uma relação genealógica com os outros Dantas do Rio Grande do Norte, como os Dantas Correia do Seridó e os Dantas do Ceará-Mirim, que são primos dos do Seridó e dos de São José de Mipibu, com os Ribeiro Dantas.

Alguns capítulos foram ampliados com a ajuda de familiares dedicados, outros ficaram no mesmo estado, pelo desinteresse de parentes que foram consultados e não responderam.

Um apêndice sobre os Andrades Lima de Macaíba foi acrescentado, com base nas pesquisas do historiador e genealogista Anderson Tavares, e outro sobre os Azambuja do RS, colaboração de Helena Dantas Campello. A genealogia dos Tavares Guerreiro, que têm ligações com os Ribeiro Dantas e os Salles, foi bastante ampliada. Um capítulo dedicado aos Salles e aos Duarte de São José de Mipibu já existia na primeira edição.

Um novo capitulo (XII) foi escrito sobre os Messeder, família da esposa do autor, e de autoria de Octavio Henrique Coelho Messeder, com a contribuição de alguns primos para as gerações mais recentes.

Finalmente, um bom número de fotografias antigas foi anexado, com fotos dos álbuns de parentes zelosos das tradições familiares. Com estes acréscimos, o número de páginas da primeira edição mais que quadruplicou nesta segunda.

A escolha inicial de um meio da informática (DVD) para o lançamento foi feita motivada por seus custos muito mais baixos, o que não elimina uma futura edição em papel.


Carlos Alberto Dantas Moura possui uma ligação genealógica com a cidade da Macaíba; é descendente direto do Cel. Estevão Moura - senhor hereditário do Solar Ferreiro Torto e sobrinho do major Andrade - Antônio de Andrade Lima, chefe oposicionista em Macaíba, durante a República Velha.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Foi a 12 de maio lá na França...

O engenheiro Reis, Severo e Sachet, em Paris no dia 12 de maio de 1902, antes de elevar-se para a glória. (Foto: acervo Anderson Tavares)


“Foi a doze de maio lá na França.
Era puro e sereno azul do céu
Flutuava o PAX nas asas da bonança
A glória conduzindo ao céu troféu”.

Esses versos, hoje desconhecidos e pouco cantados pelas pessoas de Macaíba, rememoram o vôo do balão PAX, no dia 12 de Maio de 1902, na França. Naquela manhã, após anos de experiências, o macaibense Augusto Severo de Albuquerque Maranhão apresentava seu invento ao mundo.


Augusto Severo é hoje um homem cultuado pelo Brasil e pelo mundo, por conta de sua determinação e de sua ousadia. Ninguém o ajudou financeiramente. Muito embora como Deputado Federal, conseguisse verbas para ajudar nas experiências de Santos Dumont. Pobre, teimoso, morreu justamente porque o dirigível foi construído com material frágil, sem resistência.


Até bem poucos anos, tínhamos o 12 de maio como feriado votivo para nos lembrar o martírio do homem, o fim de um sonho e a sua glória. Comemorava-se festivamente com missas, com alunos indo ao obelisco depositar flores e fazer orações. Infelizmente, com o tempo, a data foi suprimida de nosso calendário devocional. As missas são raras, não há alunos, não há canções, não há orações. O obelisco ostentando a efígie grave de Severo observa solitário a correria do dia-a-dia agitado.


Na França, existe uma “rue” Augusto Severo. No local da queda de Severo existe hoje uma placa de mármore com os seguintes dizeres: “Ici sont morts victimes de la science SEVERO aeronaute bresilien et de son mécanicien français GEORGE SACHÊT Chute du dirigible PAX - Av du Maine. Le 12 mai de 1902", cujo significado é “Aqui morreram vítimas da ciência SEVERO aeronauta brasileiro e seu mecânico o francês SACHET”.



Todas as capitais brasileiras ostentam ruas ou avenidas com seu nome. O avião presidencial recebeu recentemente o nome de Augusto Severo, em reconhecimento pela sua importância para a aeronáutica.


Em Natal, no dia 12 de maio de 1913, por ocasião do 11º aniversário da sua morte, foi inaugurada a magnífica estátua de Augusto Severo. É o patrono ainda de uma escola estadual e do aeroporto internacional do Rio Grande do Norte, bem como de uma das cadeiras da academia de letras do RN.



E em Macaíba? São poucas as homenagens a este filho tão ilustre. Um obelisco de 1941, um clube transformado em centro de convivência e uma pequena escola do município, funcionando numa sala do lar celeste “Auta de Souza”.



Tendo em vista a proximidade de mais um 12 de maio, cujo ano assinala os 108 anos do acidente com o balão PAX, recorremos a sensibilidade de nossa Câmara Municipal, no sentido de tornar o 12 de Maio feriado novamente, para que fique gravada na memória da cidade o exemplo corajoso de um macaibense que ousou sonhar e elevar além dos limites de seu país, o nome de sua terra. A imortalidade do herói, e a sua humanização.

Hino de Augusto Severo

Letra do Dr. Francisco Pinto de Abreu

Música de Eulália Câmara


Hino de Augusto Severo.
Foi a 12 de maio lá na França
Era puro e sereno azul do céu
Flutuava o PAX nas asas da bonança
A glória conduzindo ao céu troféu (bis)

Auri-Verde Pavilhão
E a popa do balão (bis)

Belo sonho de amor e liberdade
A grandeza da Pátria o mundo inteiro
Paz e concórdia a toda humanidade
Proclama a voz de Augusto brasileiro (bis)

Auri-Verde Pavilhão
E a popa do balão (bis)

Houve um rastro de luz pelo horizonte
Um soluço de dor aos ares corre
Águia rolou do pícaro do monte
No coração da história não se morre (bis)

Auri-Verde Pavilhão
E a popa do balão (bis)

domingo, 9 de maio de 2010

Colégio Imaculada Conceição - CIC





Em 1895, desembarcou em Natal o Sr. William Porter e sua mulher Catarina Hull, protestantes que estabeleceram o jornal “O Século” já em 1895 para divulgar sua doutrina. No ano seguinte fundaram a primeira igreja Presbiteriana de Natal, seguido do Colégio Americano (1896-1909).


Tendo em vista a rápida expansão das atividades protestantes na capital, o bispo da Paraíba, Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, a cuja jurisdição eclesiástica pertencia o Rio Grande do Norte, empreendeu uma visita pastoral ainda em 1895, com o objetivo de estimular a criação de dois estabelecimentos de ensino religioso para a educação feminina e masculina.


Dom Adauto solicitou a Madre Trajassi superiora geral da Congregação das Irmãs de Santa Dorotéia, residente em Roma, que ordenasse à província do Recife que abrisse um Externato em Natal.


Partiram do Colégio de São José, no Recife, Madre Luíza Lucenti, Madre Maria das Dôres Lyra e a irmã Severina Melo. As irmãs se estabeleceram, inicialmente, numa casa situada nas imediações da Igreja do Rosário. O “diário” da casa fala da doação do terreno do Rosário, por ato de Dom Adauto Aurélio, onde deveria ser construído o colégio ou externato.


O governador Alberto Maranhão através da Lei nº 153 de 02 de setembro de 1901, concedeu um prédio do governo, situado na avenida Rio Branco (Liceu Industrial) por até 10 anos, para a instalação do colégio.


Com a benção de uma capela, seguida das demais instalações, no dia 22 de fevereiro de 1902 as irmãs participaram da celebração da missa de fundação do Colégio da Imaculada Conceição.

Na missa o Bispo D. Adauto foi acolitado pelo pároco do Natal – Pe. João Maria, pelo Pe. José Thomás Gomes da Silva, secretário do bispado, Pe. Agnello Fernandes, Coadjutor de Ceará-Mirim e pelo Pe. José de Calazans Pinheiro. A Eucaristia contou com a participação da fina flor da sociedade natalense.


Os senhores João Galvão, Angelo Roselli, Antônio Rodrigues Viana e Filadelfo Lira, comerciantes e industriais, juntamente com as senhoras d. Ignês Barreto, Sofia Tavares de Lyra, Petronila Maranhão e Ignês Maranhão fizeram importantes doações que serviram para a compra da mobília, do piano e de outros moveis para a efetivação do educandário.


O padre João Maria foi nomeado diretor espiritual e o padre José Calazans Pinheiro capelão do colégio.


No mesmo dia 22 de fevereiro de 1902, foi aberta as matriculas que excedeu à expectativa de todos. As aulas tiveram inicio no dia 01 de março e logo se constatou a necessidade de ampliação das instalações da casa.


Com o objetivo de adquirir um lugar definitivo para o estabelecimento das atividades educacionais, as irmãs Dorotéias venderam por seis contos de réis, o terreno perto da igreja do Rosário, tendo sido juntado ao montante mais cinco contos doados por d. Ignês Barreto, dinheiro com o qual as irmãs compraram o sítio Cucuí, localizado na então distante avenida Deodoro, pertencente ao Dr. Oliveira Santos e que era “toda murada, bem arborizada, com uma cacimba onde se bebia a melhor água da cidade, que era puxada por um moinho”.


Para a construção do prédio central do colégio, as irmãs contaram com um empréstimo de três contos de réis provenientes do bispo Dom Adauto, seguido de mais uma doação da viúva Ignês Barreto no valor de quatro contos e de um empréstimo da Superiora do Pará de seis contos. Os trabalhos de construção foram dirigidos pelo Cônego Joffili.


Finalmente, no dia 24 de junho de 1906, as alunas, suas famílias, as irmãs de Santa Dorotéia e o povo de Natal, em uma bonita procissão onde se cantavam louvores a Imaculada Conceição, se dirigiram para o novo estabelecimento.


Esse prédio de 1906 foi demolido em 1937 para construção de um espaço que pudesse albergar o crescente número de alunas. A construção foi realizada pouco a pouco até ser concluída em 1942. É o prédio que conhecemos hoje.


Principiando o projeto educativo, o Colégio Imaculada Conceição esteve voltado, num primeiro momento, apenas para o público feminino, em regime de externato e internato. O segundo momento acontece a partir da abertura de matriculas, em 1972, para o público masculino, no caso irmãos das alunas do colégio. Tendo sido também a primeira escola religiosa, da cidade do Natal, a permitir a matricula de uma aluna casada.


Hoje, aos 108 anos, o Colégio Imaculada Conceição continua sua missão de abrir caminhos com uma proposta educativa de evangelizar através da educação, formando o cidadão pleno, despertando tanto no aluno quanto no professor a consciência crítica para fazê-lo capaz de participar das mudanças sociais à luz da fé e do evangelho.