quinta-feira, 25 de novembro de 2010

II Encontro de Genealogia do Seridó

De 26 a 28 deste mês de novembro acontecerá o II Encontro Norteriograndense de Genealogia no auditório do Centro Pastoral Dom Wagner, em Caicó.

No Encontro haverá palestras, mesas redondas, homenagens, dentre outras atividades que envolvem a genealogia das famílias do Seridó. Contaremos com a presença de estudiosos, pesquisadores e escritores de diversos estados nordestinos (RN, PB, CE e PE).

Um dos destaques do evento será a homenagem a Dom José Adelino Dantas que se hoje estivesse vivo estaria completando 100 anos. O Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo presidirá a palestra que homenageará o centenário de seu nascimento. "Dom Adelino", foi um homem ligado as artes, a cultura e conhecedor profundo das origens das famílias do Seridó.


Maiores informações sobre o evento, através do e-mail:aryssonsoares@hotmail.com ou pelo telefone 9991-6516.


PROGRAMAÇÃO:
Sexta-Feira (26.11.10): 18:30 às 22:00;
Sábado (27.11.10): 07:30 às 12:00 / 14:00 às 17:00 / 19:00 às 22:00;
Domingo (28.11.10): 07:30 às 12:00.

sábado, 20 de novembro de 2010

José Bezerra de Araújo Galvão: O patriarca do Seridó


Coronel José Bezerra de Araújo Galvão. (Foto Acervo: Anderson Tavares de Lyra)



Estátua do Cel. José Bezerra em Currais Novos/RN, inaugurado em 16-11-1953. Foto: Anderson Tavares de LyraBusto do Cel. José Bezerra, em Currais Novos/RN inaugurado em 05-02-1927. Foto: Anderson Tavares de Lyra



Nunca um coronel no Estado do Rio Grande do Norte teve mais poder e prestígio do que José Bezerra de Araújo Galvão, de Currais Novos. Um poder imposto pela palavra sincera e conselheira; um prestígio emanado da amizade que dispensava a tantos quantos lhe recorressem em fases difíceis e, por isso mesmo, José Bezerra exerceu o seu poder dentro de um coronelismo paternalista, um coronelismo protetor.

O Coronel José Bezerra ou popularmente coronel Zé Bezerra d’Aba da Serra, já sublimou-se em personagem mítico na historiografia potiguar. Não se pode discorrer sobre a fase histórica conhecida por “coronelismo” sem mencionar-lhe a figura e os feitos.

No Seridó potiguar, foi um autêntico senhor feudal em todos os sentidos. De Currais Novos, onde fixou sua chefia foi guia de toda uma população. Para se ter uma noção da representatividade de José Bezerra, recorreremos a afirmação de Veríssimo de Melo em Patriarcas e Carreiros:

(...) O seu nome soava como uma nota de clarim, vibrando nas quebradas das serras e dos vales, como um defensor da honra alheia, dos limites da propriedade privada, da moça ofendida, do pobre que apelava para a sua proteção, defensor dos hábitos e costumes do seu povo, transformados por sedimentação de vários séculos em norma de vida ou código de lei.

Nascido na cidade de Acari, na histórica fazenda Ingá, no dia 18 de dezembro de 1843. Seu pai foi o capitão Cipriano Bezerra Galvão (*1809 +1899), descendente direto dos povoadores do Seridó, entre os quais o afamado capitão-mor Galvão, fundador da cidade de Currais Novos. Sua mãe a senhora Isabel Cândida de Jesus (*1819 +1873), pertencente, igualmente, a linhagem não menos ilustre dos desbravadores do sertão potiguar. Possuiu vários irmãos, todos dignos e honrados nas comunidades onde se instalaram. Destaque para o Cel. Silvino Bezerra de Araújo Galvão, chefe da cidade de Acari e vice-governador do Rio Grande do Norte, na chapa de Pedro Velho de Albuquerque Maranhão.

O jovem José Bezerra, de estatura alta, forte, de constituição robusta, entregou-se, em moço, aos esportes favoritos dos rapazes ricos e de boa família da época: - a equitação, as vaquejadas, as lutas perigosas e emocionantes com os barbatões bravios criados em vastos campos abertos e nas caatingas cerradas. Todos os seus ancestrais foram fiéis ao signo da terra e da criação. Homem do campo, José Bezerra possuiu as mais belas e importantes propriedades da época no Seridó. Nascido na fazenda Ingá morou em seguida na fazenda Bulhão, transferindo-se em 1880, para a Aba da Serra, seu quartel general de toda a vida. Era o seu feudo. O território sagrado de sua ação benfazeja.

Senhor de terras, criador e liderança política acatada José Bezerra foi ainda muito moço apontado pelo presidente da província do Rio Grande do Norte para ser membro da Guarda Nacional, sendo a sua primeira patente naquela organização a de capitão da 4ª Companhia do Batalhão nº. 17 da Guarda Nacional em Acari, em 1869. Em 1877, foi convidado para ser delegado em Acari onde desenvolveu uma ação pronta, enérgica e tão justa, que apesar da forte repressão exercida contra os delinquentes de várias espécies, não criou inimigos. No ano de 1886 foi nomeado coronel comandante superior da Guarda Nacional da Comarca do Jardim, em decreto assinado por sua majestade imperial Dom Pedro II. Em 1893, foi reformado neste posto pelo decreto do então vice-presidente da República marechal Floriano Peixoto.

Convém destacar, que durante sua vida, o município de Currais Novos nunca foi policiado por força governamental. Os seus homens de confiança eram os guardiões da segurança da cidade, do município e da redondeza. Vem daí, em grande parte, o seu prestigio, a sua força moral perante o povo bom, honesto e simples do sertão.

Toda essa situação, toda essa liderança exercida com moderação e prudência deu margem para que em Currais Novos durante muito tempo a máxima “O estado sou eu”. O município era ele. A lei era ele. O Juiz, o Delegado, o padre era ele. Tudo isso dentro do decoro, da prudência e da polidez que o seu nome de homem superior, inteligente, experimentado, abrangia sem dizer que estava mandando.

Foi um católico adiantado no meio em que vivia, bem à sua maneira frequentando as missas todos os domingos, contudo, sem se confessar. Afirmava que Deus quando deu inteligência ao homem, foi para ele se dirigir na vida. Reconhecia e não se cansava de dizer que a existência de Deus era um fato inegável, constituindo, além disso, uma necessidade na vida do homem.

Desde os tempos do Império, quando militava nas fileiras do Partido Liberal, fazendo política em Acari com o mano Silvino, que o Cel. José Bezerra, por todas as suas qualidades paternais e com a sabedoria de fazer política, ouvindo os seus companheiros e dividindo com estes as responsabilidades dos cargos que viria a exercer, que desmembrado o município de Currais Novos do de Acari que Zé Bezerra passou a chefiá-lo, por exigência de seus amigos, e agiu com tanta inteligência e liberalismo que a população unânime cerrou fileiras em torno de sua pessoa.

Na cidade de Currais Novos foi Presidente da Intendência por dois mandatos 04-04-1892 a 02-10-1892 e de 01-01-1915 a 30-12-1926, ocasião na qual criou a primeira escola do Totoró. Estimulou a construção da estrada de automóveis do Seridó, convidando seus familiares e amigos para adquirir ações da sociedade anônima que estava a frente do empreendimento. Posteriormente, observando não serem cumpridas cláusulas contratuais retirou-se com seus liderados da sociedade.

Ainda sobre a ação de José Bezerra na política da sua terra se faz mister citarmos as observações de Veríssimo de Melo: Delegado de polícia em Acari e Currais Novos, delegado escolar e intendente (Prefeito) de Currais Novos, aceitou-os tendo em vista o desejo de trabalhar pelo progresso de terra e do povo, uma vez que esses cargos nada rendiam e só lhe traziam aborrecimentos e desgostos.

Debrucemo-nos agora sobre o patriarca da Aba da Serra. Sobre o chefe do clã cujas ramas espalharam-se pelo mundo, carregando o sangue de um home fiel às suas raízes. O coronel José Bezerra casou em 09-01-1872 com a prima Antônia Bertina de Jesus, filha do coronel João Damasceno Pereira de Araújo, e com a qual constituiu uma família composta de 13 filhos:

F.01 Absalão de Araújo Galvão *1873 +1894 (surdo-mudo), faleceu solteiro;

F.02 Salomão *1874;

F.03 Auta Bezerra de Araújo *1875 +1934 casada com Cel. Moisés de Oliveira Galvão *1869 +1927, filho de Francisco de Oliveira Galvão e Francisca Alexandrina de Oliveira;

F.04 Francisca Xavier de Araújo *1876 +1929, casada com Major Ladislau de Vasconcelos Galvão *1874 +1943, filho de Cipriano Lopes de Vasconcelos Galvão e Maria Marcionila de Vasconcelos;

F.05 Isabel Bezerra de Araújo *1878 +1955 casada com Francisco Braz de Albuquerque Galvão *1873 +1938, filho de Sérvulo Pires de Albuquerque Galvão e Josefa Bezerra de Jesus;

F.06 Major Napoleão Bezerra de Araújo Galvão *1881 +1953 casado com Veneranda Predicanda Bezerra de Melo *1886 +1983, filha de Luis Gomes de Mello Lula e Maria Idalina da Rocha;F.09 falecido criança;

F.07 José Bezerra de Araújo Galvão Filho (Zeca) *1884 +1939 (surdo-mudo), solteiro;
F.08 Tereza Bertina de Araújo (Tetê) *1885 +1976 casada com Thomaz Salustino Gomes de Mello *1880 +1963, filho do Cel. Manoel Salustino Gomes de Macedo e Ananília Regina de Araújo;

F.09 Jeremias Bezerra de Araújo Galvão *1887 +1940 casado com Tereza Augusta Bezerra de Araújo *1890 +1937, filha de Félix Pereira de Araújo e Maria Getúlia Bezerra de Araújo Galvão. E em segundas núpcias com Maria Salomé de Vasconcelos *1890 +1970;

F.10 Antônio Bezerra de Araújo *1888 +1943 casado com Rita Alzira de Araújo *1887 +1935, filha de Manoel Salustino Gomes de Macedo e Ananília Regina de Araújo. E em segundas núpcias com Tereza de França Bezerra *1911 +1980;

F.11 Maria *1889 +1890;

F.12 Anunciada *1890, falecida criança;

F.13 Lídia *1892, falecida em tenra idade.

Essa família se desdobrou em inúmeros descendentes, muitos dos quais atuantes no cenário político do Rio Grande do Norte como: Quintino Galvão (neto), ex-prefeito de Currais Novos; José Braz (neto), ex-prefeito e líder político de Acari; Silvio Bezerra de Melo (neto), ex-prefeito de Currais Novos; Zé Lins (trineto) ex-deputado estadual e ex-prefeito de Currais Novos; Fábio Faria (trineto), deputado federal pelo RN, José Bezerra de Araújo (neto), senador pelo RN em 1965 e ex-prefeito de Currais Novos; José Bezerra de Araújo Júnior (bisneto), senador do RN. Vale destacar os sobrinhos que atuaram na política do RN ainda em vida de José Bezerra – Juvenal Lamartine e José Augusto Bezerra.

O intelectual escritor José Bezerra Gomes, também era neto do velho patriarca sertanejo. Enfim, uma estirpe com relevantes serviços prestados ao Rio Grande do Norte e em especial a região do Seridó.

Por fim, os últimos anos do coronel José Bezerra de Araújo Galvão foram mansos e calmos. Idoso, atravessava as ruas de Currais Novos, alto, firme, barbas longas e alvas. Vestindo o tradicional paletó de alpaca por sobre calça de brim branco, firmando-se no seu cajado encastoado em prata maciça. Faleceu às 16 horas do dia 05 de fevereiro de 1926. Seu corpo foi levado pelos currais-novenses até a divisa dos municípios, onde foi entregue aos acarienses, que o sepultaram no cemitério local. Os seus restos mortais encontram-se, com os de sua esposa, em ossuário numa das paredes da Matriz de Nossa Senhora da Guia. Recordando o personagem José Bezerra, assim descreveu Assis Chateaubriand:

Era divinamente telúrico. Exercia caciquismo naturalmente, como quem bebia água ou tomava pinga. Lealdade, fervor das coisas públicas, firmeza de convicções, eram os sucos das suas reservas. Imperava soberano, na latitude do Seridó, o Matusalém Riograndense do Norte.

Foi um autêntico patriarca. Era o tipo acabado do coronel sertanejo. O coronel José Bezerra, como José Bernardo e Silvino Bezerra, pertenciam a essa privilegiada aristocracia rural, dos coronéis seridoenses, a cuja ação social e política o Rio Grande do Norte tanto deve, porque, na verdade, todos eles foram fatores importantes de equilíbrio, disciplina e estabilidade na paisagem rude e livre da vida sertaneja.


Dele se podia dizer o que de um outro chefe do Seridó disse um historiador de nossa terra: o velho José Bezerra, de espírito lépido e frase pronta, granito das serras, ouro das minas, bondade dos invernos, doçura das noites, é o príncipe da mais legitima e linda de todas as dinastias do mundo, a do trabalho, da dignidade e do coração.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os 90 anos de Sua Eminência o Cardeal Sales

Cardel Sales


Dom Eugênio com o Papa João Paulo I, em 1978.

Dom Eugênio e o Papa João Paulo II.


Dom Eugênio e o Papa Bento XVI.



Brasão Cardinalíceo de Dom Eugênio de Araújo Sales.

Sertão do Seridó – Terra forte e bela. Em seu cerne mineral, o milagre do amor: homens e mulheres, fortes e destemidos. Como os habitantes, seus desbravadores, povoadores primeiros. Dessa gênese, os homens comuns, os letrados, os artistas, os religiosos, legando amor, sabedoria, criatividade, religiosidade. Destes, aquele que de seu coração e de sua alma fez brotar o amor aos homens e ao Cristo, doando-se ao Ministério de Deus.

Homem de Fé: Dom Eugênio nasceu na Fazenda Catuana, em Acari (RN), no dia 8 de novembro de 1920, sendo filho do Dr. Celso Dantas Sales e D. Josefa de Araújo Sales (Téca) e irmão de Dom Heitor de Araújo Sales, Arcebispo Emérito de Natal, Rio Grande do Norte. Foi batizado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, em Acari, no dia 28 de novembro de 1920. De família muito católica, era bisneto de Cândida Mercês da Conceição, uma das fundadoras do Apostolado da Oração na cidade de Acari.


Menino desta paisagem agressiva do sertão: inteligente, irrequieto, curioso...Sua vida – uma preocupação com a evangelização do povo. Sacerdote, Bispo, Arcebispo, Cardeal a 1º de maio de 1969 (Titular de São Gregório), concedido pelo Papa Paulo VI. Dom Eugênio de Araújo Sales costuma dizer: “eu sou do sertão. Deus me indicou os caminhos do mundo, eu só tinha que obedecer.”


De família muito católica, realizou seus primeiros estudos em Natal, inicialmente em uma escolar particular, depois no Colégio Marista e finalmente ingressou, em 1931, no Seminário Menor. Realizou seus estudos de Filosofia e Teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza, Ceará, no período de 1931 a 1943.


Ordenado bispo ainda muito jovem, aos 33 anos, assumiu como bispo auxiliar de Natal em 1954, e em 1962 tornou-se administrador apostólico dessa mesma arquidiocese. Em 1964 tomou posse como administrador apostólico de Salvador, sendo elevado a arcebispo dessa sede em 1968, tornando-se, assim, primaz do Brasil (isto é, arcebispo da diocese mais antiga do país).


Em 1969, Dom Eugênio Sales foi feito cardeal pelo papa Paulo VI. Em 1971 tornou-se arcebispo do Rio de Janeiro, função em que permaneceu até 2001, quando se aposentou. Desde então é arcebispo emérito. Entre 1972 e 2001 acumulou também a função de bispo dos fiéis de Rito Oriental do Brasil. Foi também membro de 11 congregações na Cúria Romana. Sua vida apostólica foi marcada pela defesa da ortodoxia católica e pela oposição à Teologia da Libertação.


Destacam-se dentre as atividades de Dom Eugênio, a criação do Movimento de Educação de Base e, com ele, as escolas radiofônicas; a criação dos primeiros sindicatos rurais; a defesa de refugiados políticos; a criação de centros de atendimentos aos portadores de AIDS, a criação da pastoral carcerária e a Campanha da Fraternidade que foi realizada pela 1a. vez na Quaresma de 1962 nas três dioceses da Província Eclesiástica do RN: Natal, Mossoró e Caicó.


Intelectualmente ativo, Dom Eugênio mantém colunas nos seguintes jornais: Jornal do Brasil, O Globo, O Dia e Jornal do Comercio. Além de ter publicado os livros A Voz do Pastor; Viver a Fé em um Mundo a Construir.


Dom Eugênio também ficou conhecido por ajudar perseguidos políticos durante o regime militar. Fato interessante narrado por reportagem da revista Veja de 1991, diz que em plena treva do Regime Militar, o grampo do Centro de Investigações do Exercito, o famigerado CIE, capturou um momento de indignação do cardeal. Dom Eugênio se queixava com a sua interlocutora, lamentando que determinado preso político continuava a ser torturado, mesmo depois de promessas de que estava sendo bem tratado.


No dia seguinte, telefona um coronel para dizer a Dom Eugênio que ele estava enganado. A combinação funcionou. O cardeal usou o grampo para saber de uma informação que, apesar do seu trânsito na área militar, não conseguiria de outra maneira.


Esse engajamento incluiu, no período compreendido entre 1976 e 1982, a defesa de refugiados políticos não só do Brasil, mas também dos regimes militares latino-americanos. Dom Eugênio montou, nessa época, uma rede de apoio a esses refugiados, abrigando-os, primeiramente, na sede episcopal (Palácio São Joaquim) e depois em apartamentos alugados com essa finalidade. Contou com apoio da Cáritas brasileira e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados para financiar essa estadia, até conseguir asilo político a essas pessoas em países europeus.


Numa terra regada pelo sangue dos primeiros mártires da fé, Dom Eugênio atingiu os mais elevados postos na Hierarquia Eclesiástica do Brasil e do Mundo, graças às suas promoções pastorais, ao seu pioneirismo no campo social em natal, Salvador e Rio de Janeiro. É, por todos os títulos um orgulho da terra potiguar.

"De mui boa vontade gastarei o que é meu, e me gastarei a me mesmo, pelas vossas almas, ainda que, amando-vos mais, seja menos amado por vós". (Cor. 12,15).

Ad Multos Annos!!


terça-feira, 9 de novembro de 2010

1º aniversário de falecimento de Sophia Lyra

Luiz da Câmara Cascudo e Sophia Lyra. (Foto acervo Anderson Tavares)


Tendo em vista o transcurso do primeiro aniversário do falecimento de D. Sophia Augusta de Lyra Tavares, ocorrido no Rio de Janeiro em 09 de novembro de 2009, este blog rememora a ilustre primogênita do Ministro Augusto Tavares de Lyra e Sophia Eugênia Maranhão com uma imagem de sua visita ao escritor Luiz da Câmara Cascudo em 1984.

D. Sophia Lyra nascida no Rio de Janeiro em 11 de novembro de 1903 foi casada com o seu primo Dr. Roberto de Lyra Tavares, renomado jurista brasileiro e com ele teve Sophia Rosa e Roberto Lyra Filho, ambos falecidos sem descendência.


A professora Drª Arisnete Câmara, do Departamento de Educação da UFRN, estudiosa da obra da escritora Sophia Lyra e, desde 27 de outubro passado fundadora da cadeira nº 25 da Academia Macaibense de Letras, cuja patrona é Sophia Lyra, destaca:


“Através de suas memórias, vêm à baila problemas sociais que dizem respeito à convivência entre os sexos, e especificamente ao momento em que a mulher buscava novas conquistas para além da busca da leitora pela leitora através dos jornais. Essas memórias abrem-se em leque de perspectivas para outros trabalhos, outras comparações, outras representações e práticas efetivas de uma história da mulher, decididamente relacional, fortalecendo os elos culturais e históricos de leituras memorialísticas a serem contadas e analisadas, cujos limites ainda são o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico”.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sobre a pesquisa genealógica




O vocábulo genealogia é composto pelas raízes gregas gen (geração) e logos (estudo), que, por si só, já indicam o significado da palavra: o estudo das gerações, ou melhor, o estudo das famílias. É a sua recomposição no tempo e no espaço. Logo, genealogia e história são inseparáveis. Desnecessária é a genealogia sem uma história que a complemente, que lhe dirija sob todos os ângulos a direção da pesquisa familiar.

A pesquisa genealógica permite-nos, também, conhecer o que se passou no mundo antes de nós e melhor entender o que ocorre nos dias de hoje, uma vez que a História costuma repetir-se.


Há muitas obras já publicadas no campo da Genealogia, propiciando-nos a sua leitura não só o encontro de parentes e informações preciosas, como também o aumento de nossos conhecimentos sobre os costumes da época de nossos antepassados e sobre os lugares em que viveram. Passamos a entender os motivos por que mudavam de um local para outro, por que razão muitas mulheres morriam com pouca idade, o que levou alguns à perda de grandes fortunas e outros à conquista de expressivo patrimônio, e assim por diante.


A Genealogia é uma das mais belas e úteis ciências, quando cultivada em função da terra e do sangue. A preocupação absorvente da gleba e da Família, do apego ao chão e às tradições domésticas, fecunda as raízes das árvores genealógicas que são áridas e frias, inexpressivas e mudas quando redundam em simples enumeração de ascendentes e descendentes.


Florescem os seus ramos, enfeitam-se de cor e de som, animam-se, enchem-se de vida, esmaltam-se de glória sentida e compreendida, quando investigamos nos alfarrábios e tiramos do pó o espírito dos antepassados, para viver suas existências, comungar suas obras, beber suas lições, impregnar-nos de suas virtudes e do heroísmo de seus martírios.


A consangüinidade, ligando um número relativamente grande de indivíduos, permite ao genealogista a tomada de dados que, reunidos em forma conveniente, podem servir para o estudo analítico de caracteres hereditários importantes, revelando, ao mesmo tempo, o valor de cada um dos antepassados, pela transmissão de aptidões intelectuais, particularidades de temperamento, traços físicos, etc.


Os quadros genealógicos não devem, portanto, ser constituídos unicamente de nomes e de datas. A simples descrição de ascendentes e descendentes torna as árvores genealógicas inexpressivas, áridas e vãs.


A Genealogia moderna, aperfeiçoando seus métodos de pesquisa histórica, ilustra-os com informações detalhadas sobre os fatos principais de cada pessoa, sua carreira, hábitos, traços físicos, atributos intelectuais e outros.


Reunir a vida dessas famílias cuja sombra cobre regiões infinitas é possuir verdadeiramente a explicação social e religiosa do nosso passado.