terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Câmara Cascudo monarquista

Luís da Câmara Cascudo com algumas ordens culturais recebidas durante sua vida. Foto: acervo Instituto Tavares de Lyra.

Com a abertura de o arquivo epistolar do escritor Luís da Câmara Cascudo aos pesquisadores, tive a felicidade de ser o primeiro a consultar tão importante acervo, composto de 27.000 cartas.

Na era dos e-mails, o suporte físico para as correspondências desapareceu. Na contracorrente, a carta ganha status de objeto de valor, justamente pela nostalgia dos elementos que já não existem mais, como a caligrafia, o timbre, os desenhos.

Dentre as inúmeras missivas recebidas pelo escritor, me detive sobre vinte e duas correspondências, entre cartas, bilhetes e cartões de felicitações. Os remetentes são Dom Pedro de Orleans e Bragança, Príncipe do Grão-Pará, primogênito da Princesa Isabel do Brasil, o Marechal Conde D’eu e os príncipes imperiais Dom Pedro Gastão e Dom Pedro Henrique, este último, Chefe da Casa Imperial Brasileira de 1920 a 1981.

Câmara Cascudo foi um monarquista convicto e declarado nos primeiros tempos de sua ação literária. Sobre este tema, Cascudo escreveu “Lopez do Paraguay”, 1927; “Conde d’Eu”, 1933; “O Marquês de Olinda e seu Tempo”, 1938 e “O Príncipe Maximiliano no Brasil”, 1977, além de várias Actas Diurnas relativas a assuntos da Monarquia ou de seus mais proeminentes representantes.


Dom Pedro de Orleans e Bragança foi príncipe do Grão-Pará, e como Príncipe Imperial do Brasil renunciou aos seus direitos dinásticos a coroa brasileira para casar-se com a condessa checa Elizabeth Dobrzensky de Dobrzenicz. Visitou o Rio Grande do Norte em 1927, sendo recebido no “Principado do Tirol” pela família Cascudo. “Peço-lhe dê muitas lembranças nossas a seus pais e outros amigos de Natal, de que guardamos muito boas recordações”, afirmou Dom Pedro numa carta de 1930.

Gastão de Orleans - Conde D'Eu e o filho Dom Pedro de Orleans e Bragança - Príncipe do Grão-Pará, mantiveram correspondência ativa com Cascudo. Fotos: Acervo Casa Imperial do Brasil.

O príncipe parecia atento aos movimentos político-sociais do Rio Grande do Norte quando afirma em carta de 1931: “A cidade deve ter tomado muito incremento com a importância que tomou vindo a ser o porto para as vias aéreas da Europa. Espero que no estado do Rio Grande do Norte esteja tudo agora apaziguado depois da revolução e que não tenha sofrido com a crise”.

A correspondência é parte essencial da obra de Câmara Cascudo. Não apenas porque explica e ilumina revelações biográficas, mas pela riqueza de ideias, elaborações estéticas, projetos participantes, lampejos e intimidades do pensamento em transe de um homem que foi uma das expressões mais altas e completas da cultura potiguar.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Colégio Imaculada Conceição: a importância da preservação

Sítio Cucuí em formato original. Local comprado pelas freiras dorotéias com a ajuda de comerciantes de Natal e da família do governador Alberto Maranhão. Foto: acervo de Domingos Guará.

Colégio Imaculada Conceição já ampliado. Foto: acervo do CIC.


A Avenida Deodoro da Fonseca, no trecho do bairro da Cidade Alta, comporta alguns exemplares arquitetônicos muito importantes para a configuração espacial de Natal, como o casarão do comerciante Irineu Pinheiro com estilo Art Nouveau e a antiga sede do Hospital Infantil Varela Santiago, ambos já devidamente preservados por meio do instituto do Tombamento.

Atualmente, foi solicitado a Fundação José Augusto o tombamento do prédio do Colégio Imaculada Conceição e se inicia uma campanha para a preservação do Cinema Rio Grande, de tantas tradições em nossa cidade. Tombados e preservados os prédios do Colégio da Imaculada Conceição e do Cinema Rio Branco conservarão para as novas gerações o tempo histórico de onde emergem os dois edifícios, conservando-se uma imorredoura lembrança para tantos quantos tiveram a felicidade de conviver nos dois exemplares arquitetônicos.

Desde 1937, a paisagem urbanística da cidade do Natal habituou-se a conviver e a contemplar Colégio Imaculada Conceição, prédio de linhas sóbrias, projetado pelo engenheiro Otávio Tavares. Pelo complexo de prédios que o compõem passaram gerações e gerações de alunos durante 111 anos de história educacional, orientados pelos princípios pedagógicos de Santa Paula Frassinetti, através das irmãs de Santa Dorotéia e abnegados profissionais.


A proteção do patrimônio arquitetônico urbano está diretamente vinculada à melhoria da qualidade de vida da população, pois a preservação da memória é uma demanda social tão importante quanto qualquer outra atendida pelo serviço público. O tombamento não tem por objetivo “engessar” ou “congelar” a cidade: esse termo, aliás, é um instrumento de pressão, largamente utilizado para contrapor interesses individuais ao dever que o poder público tem em direcionar as transformações urbanas que se fazem necessárias. 

Tombar não significa cristalizar ou perpetuar edifícios ou áreas urbanas, inviabilizando qualquer obra que venha contribuir para a melhoria da cidade. Preservação e renovação são ações que se complementam e, juntas, podem revalorizar imóveis ou bairros que se encontrem deteriorados.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

V Encontro de Genealogia em Caicó - Programação

Padre Thomaz de Araújo Pereira será homenageado. Foto: Instituto Tavares de Lyra


V ENCONTRO NORTE-RIO-GRANDENSE DE GENEALOGIA-CAICÓ/RN
Data: 29 e 30 de Novembro a 01 de Dezembro de 2013.
Local: Auditório da Câmara Municipal de Caicó, Rua Felipe Guerra,179.

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA: “CAMINHOS DO SERTÃO” - DIMAS MOTA.

PROGRAMAÇÃO:

DIA 29/11 SEXTA-FEIRA

18h30 – Apresentação da Banda “Recreio Caicoense”

19h00 – Abertura dos trabalhos

Genealogista Arysson Soares (IHGRN/INRG)

19h20 – Saudação ao Padre Tomaz Pereira de Araújo: o Padrim Padre do Sertão Seridoense de Outrora.

Genealogistas: Jesus de Miúdo e Antônio Luiz de Medeiros

20h30 – Palestra: A medicina seridoense sob a ótica da genealogia popular.

Genealogista e Médico: Vivaldo Costa

DIA 30/1 SÁBADO

08h00 – Abertura dos trabalhos

08h30 – Palestras:

1) Documentos inéditos e um esboço genealógico sobre as famílias Maia - Araújo Barreto – Ferreira da Silva de Catolé do Rocha/PB.

2) Documentos inéditos sobre a genealogia da família Arruda Câmara - Gonçalves de Mello – Ferreira da Silva de Pombal/PB e Caicó/RN.

Fontes: Documentos do Cartório de Pombal/PB e Projeto Resgate – Estado da Paraíba
Genealogista Fábio Arruda de Lima(Alagoas)

09h00 - Coffee Break

09h30 – Palestra: Ascendentes Portugueses.

Genealogista Francisco Augusto de Araújo Lima (Ceará)

14h00 – Abertura dos trabalhos

14h30 – Palestra: Portugal: Influência Colonização, Raízes e Turismo.

Turismólogo e Genealogista: Dorgival Macedo Júnior

15h30 - Coffee Break

16h00 – Palestra: Augusto Tavares de Lyra em vários tons.

Historiador e Genealogista: Anderson Tavares de Lyra

19h00 – Espaço Livre e Visita a Igreja Mórmon-Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Free Family History and Genealogy Records — FamilySearch.org)

Genealogista: Sérgio Medeiros

DIA 01/12 DOMINGO

08h00 – Abertura dos trabalhos

08h30 – Palestra: Contribuições para as Famílias Seridoenses e suas Relações com o Litoral Potiguar.

Genealogista: Gibran Araújo de Castro (Areia Branca/RN)

09h30 - Coffee Break

10h30 – Palestras: A Arte Rupestre no Seridó e suas Paisagens.
     Casarões de Acauã e seus patriarcas.

Pesquisador e Graduando em História/UFRN/Currais Novos: Adriano Campelo

11h30 – Amostra Fotográfica na Genealogia do Seridó Paraibano.

Historiador e Genealogista: Renato Romero de Medeiros

12h00 – Informes e Encerramento

MESA REDONDA GENEALÓGICA

Com Sinval Costa, Antônio Luiz de Medeiros, Joaquim José de Medeiros Neto, Bibi Costa, Álvaro Anídio Batista e Enéas Olímpio Maia.

Durante o Encontro serão lançados valiosos livros da Genealogia Nordestina.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Morre o macaibense Helio Xavier de Vasconcelos

Helio Xavier de Vasconcelos. Fonte: Comitê pela verdade, memória e justiça do RN


ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, Seção do Rio Grande do Norte, perde um dos seus mais valorosos baluartes.

HÉLIO XAVIER DE VASCONCELOS, natural de Macaíba, o filho de Salomão Lima de Vasconcelos e Maria de Vasconcelos, nasceu no dia 26 de novembro de 1923. Cursou Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte na turma de 1961. Foi ele que representou o corpo discente na Cerimônia de instalação da Universidade, onde também foi líder estudantil. Com atuação destacada na defesa dos direitos dos estudantes, chegou a ser preso em Fernando de Noronha durante a Ditadura Militar, retornando a Natal após anistia.

Teve uma trajetória brilhante na Instituição, sendo o seu Presidente no período 1993-1995, com registro de vários importantes feitos.Durante sua gestão recebeu a medalha “Djalma Marinho” e fez questão de dividi-la com a própria OAB/RN.



Na gestão do advogado José de Ribamar de Aguiar foi designado para compor comissão para processar estudos preliminares no sentido da criação da Escola Superior de Advocacia (ESA), tendo como companheiros integrantes os colegas  Francisco de Assis Câmara, Hérbat Spencer, Giuseppi da Costa e Marcelo Navarro Ribeiro Dantas.



Na administração de Carlos Roberto de Miranda Gomes, a ESA começa a ser estruturada sob a batuta do seu diretor, advogado Hérbat Spencer, tendo recebido a denominação de Escola Superior de Advocacia  Dr. João Medeiros Filho, em homenagem a esse extraordinário causídico. No entanto, a sua formatação legal só aconteceu na gestão de Odúlio Botelho, com a sua regulamentação, que foi aprovada em 14/11/1991 pela Resolução nº 003/91.

Daí em diante, todos os presidentes passaram a investir na Escola, em particular Hélio Xavier de Vasconcelos que deu especial atenção à Escola Superior de Advocacia, levando-a ao interior através de Adilson Gurgel de Castro como Diretor da ESA. Na nova administração Adilson Gujrgel, foi eleito diretor da ESA o advogado Noel Pinheiro Bastos, que a dinamizou, apresentando um plano de atividades para a ESA com vistas à Semana do Advogado. No final da gestão foi registrada a excelente atuação da Escola Superior de Advocacia.



A administração Hélio Xavier priorizou, também, a defesa das prerrogativas, a luta contra a violência policial e deflagração da campanha para a melhoria da prestação jurisdicional, quando realizou um histórico movimento defronte ao Fórum Judiciário que funcionava no antigo Grande Hotel, na Ribeira, quando então tem início o movimento para a construção do Fórum Miguel Seabra Fagundes. Nesse ato público trouxe a Natal representante do Conselho Federal.

A cerca de 11 anos estava acamado, contando com os cuidados e carinho de Hilda e seus familiares, completando o seu ciclo de vida terrena, praticamente no dia do Professor deste ano de 2013, profissão que também exerceu com brilho e dignidade

Notas do confrade da AML Carlos Gomes.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Elogio ao patrono da cadeira nº 25 Sophia Augusta de Lyra Tavares, pela professora Drª Maria Arisnete Câmara de Morais






O presidente da Academia Macaibense de Letras, acadêmico Cícero Martins de Macedo Filho, convida V. Ex. e família a participarem da sessão solene de elogio ao patrono da Cadeira nº 25 Sophia Augusta de Lyra Tavares, proferida pela acadêmica professora Drª Maria Arisnete Câmara de Morais. Na mesma ocasião serão lançados o elogio ao patrono pelo acadêmico Raimundo Ubirajara de Macedo e a saudação proferida pelo acadêmico Osair Vasconcelos.

Data: 16 de agosto de 2013 (sexta-feira)

Horário: 19 horas

Local: Academia Norte-Riograndense de Letras

Rua Mipibú, Petrópolis - (Natal/RN)

Medalha Augusto Severo


Lúcio Oliveira com a medalha de Augusto Severo

Na última sexta-feira dia 09 de agosto, fui ao encontro do senhor João Lúcio de Oliveira, militar da reserva da Marinha brasileira, que dias antes me enviou e-mail com objetivo de fazer doação de uma rara medalha dedicada a Augusto Severo.

Trata-se da medalha cunhada em  1902 “Gloria a Augusto Severo” em homenagem ao Mártir da Tecnologia Aeronáutica, que em 1902 voando em seu balão Pax provou sua teoria de estabilidade e dirigibilidade dos balões, mas veio a falecer neste voo.

Anverso: No centro a efígie e na borda a inscrição “Gloria a Augusto Severo – Republica * 1902 * Brasileira”.

Reverso: No centro a imagem do dirigível voando sobre o mar e ao fundo a imagem de um forte e na orla a inscrição “Paris 12 de Maio de 1902 * Rio Grande do Norte”.

Em metal prata e ouro. Medindo: 2,6 e pesando: 12,6 g.

Consta nos catálogos: Kurt Prober - Catálogo de Medalhas da República pág. 40 e Banco Econômico Catálogo Inventário – medalhas da República tomo II pág. 274.

A medalha fará parte do acervo do Instituto Tavares de Lyra que está sendo organizado em Macaíba, e que terá exposição em homenagem a Severo. Agradecemos a generosidade do senhor Lúcio Oliveira em socializar um artefato histórico importante para Macaíba, o Rio Grande do Norte e o Brasil.


sábado, 15 de junho de 2013

Professor Rivaldo D'Oliveira - um imortal macaibense!

Acadêmico professor Rivaldo D'Oliveira. Foto: Cláudio Marques

Professor Rivaldo, como era chamado, fez história na Escola Agrícola de Jundiaí, onde foi um dos fundadores e lecionou por mais de trinta e cinco anos. A Escola de Jundiaí era motivo de orgulho para o professor e parte da sua vida. Sempre se referia com muito carinho e devoção à instituição onde, além de ensinar, exerceu funções de coordenação e administração.

E Rivaldo era lembrado com respeito por todos. Durante mais de seis décadas, fez questão de participar de todas as festas de ex-alunos. Mesmo aposentado, costumava colaborar com as atividades da Escola. E a Escola Agrícola de Jundiaí do Professor Rivaldo, o fazia vibrar com tudo que dizia respeito à instituição.

Rivaldo nasceu em Nova Cruz, em 06 de agosto de 1927. Filho de Fenelon D’Oliveira e Ana Bezerra de Oliveira, passou a infância ao lado dos seis irmãos na capital do Agreste.

Em 1946, fez exame para admissão no curso Técnico Agrícola da Escola de Agronomia do Nordeste, em Areia, na Paraíba. Lá, além de concluir o curso técnico, conheceu Terezinha, sua esposa e companheira por mais 60 anos.

Ainda solteiro, Rivaldo assumiu como professor na Escola Agrícola de Jundiaí. Em setembro de 1953, casou com Terezinha e passaram a residir na Escola. Isso acabou estreitando os laços de amizade com muitos de seus alunos.

Além da formação na escola técnica em Areia, Rivaldo também se formou bacharel em Geografia pela UFRN. Foi Diretor da Escola Comercial de Macaíba, da Escola Normal na mesma cidade e também substituto do Diretor da Escola de Jundiaí.

Também recebeu homenagens por sua história com a cidade de Macaíba. Recebeu o título de Cidadão Macaibense e o Diploma de Mérito Auta de Souza concedidos pela Câmara de Vereadores daquele município. Foi condecorado também com a Medalha do Mérito Augusto Tavares de Lyra, concedida pela prefeitura da cidade. Era membro Academia de Letras de Macaíba, onde ocupava a Cadeira nº 14 cujo patrono é João Alves de Melo e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Em Natal, recebeu o Título de Mestre da Vida, pela Câmara de Vereadores no ano de 1999 e foi homenageado com o Prêmio Técnico Agrícola Potiguar por ocasião dos 25 Anos do Movimento Potiguar dos Técnicos Agrícolas.

Na literatura, publicou em 2009, o livro “Escola Agrícola de Jundiaí - Ontem, hoje e amanhã”, que conta os 60 anos de história do instituição.

Dos mais de 60 anos de união com Terezinha, Rivaldo teve dez filhos, sendo uma de coração, dezenove netos, três bisnetos, uma a caminho, e muitos amigos.

O nosso confrade professor Rivaldo d’Oliveira faleceu ontem dia 14 de junho, aos 85 anos, vítima de uma arritmia cardíaca quando se preparava para o café da manhã. A missa de corpo presente foi realizada às 7h30 no Centro de Velório Morada da Paz, na Rua São José, de onde seguiu o cortejo para o sepultamento no Cemitério Parque Morada da Paz.


Estive com professor Rivaldo pela última vez na reunião da Academia Macaibense de Letras no dia 25 de maio. Ele foi um dos primeiros a chegar e o último a sair. Sugeriu que a Academia colocasse uma placa na Palmeira Macaíba, que dá nome à cidade, explicando sua origem cientifica. Sempre esteve presente a todas as reuniões e solenidades. Mesmo residindo em Natal, nunca deixou de participar de nada que a Academia fazia.

Com dados biográficos coligidos por sua neta, a jornalista Cristina D'Oliveira Vidal.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Centenário de Joanete Moura

   Joanete no alpendre do casarão da Rua da Cruz. Foto: acervo Anderson Tavares de Lyra

 Joanete Ribeiro de Moura. Foto: Jorge Mário. Acervo Anderson Tavares de Lyra

As imagens assaltam os sentidos, tangem na epiderme soprada por um frêmito descido das estrelas, enchem o gosto com um sabor de néctar temperado com algumas gostas de angústia, dissolvem em sussurros clamores ouvidos à distância, ressuscitam bálsamos e ensombram os olhos numa teia ora umedecida em flósculos de neve e ora abanada por velas de jangadas que o vento tenha imaginado ancorar perto.

As imagens que a saudade me transmite, talvez estejam vindo de alguma ambula que tranca um cálice partido, mas o destino ingrato não me fará renovar a comunhão daquelas partículas do tempo. Assim relembro minha querida amiga Joanete Ribeiro de Moura, no dia do seu centenário! Longas foram as nossas conversas, no alpendre do velho casarão encantado da Rua da Cruz. Joanete Moura e José Inácio de Souza Neto, foram meus guias sentimentais na viagem de retorno à Macaíba do passado.

Joanete Ribeiro nasceu na Rua Francisco da Cruz, em Macaíba, aos 21 de maio de 1913. Filha do comerciante Vicente Paulo de Souza, depois delegado do município e de sua esposa Maria Ambrosina Marinho de Carvalho. Teve três irmãos: José Ribeiro de Paiva Sobrinho, Anita Ribeiro Simplício casada com Pedro Simplício e Isabel Ribeiro casada com João Quirino.

Quando criança, iniciou seus estudos com a professora D. Emília Rodrigues. Depois entrou para o Grupo Escolar Auta de Souza. Adolescente, interpretou "dramas" encenados no grupo escolar e nas festas da padroeira, capitaneadas por Madrinha Beleza – Isabel Freire da Cruz. Foi coralista na Igreja Matriz, regidas por Antônio Leiros Coelho. Cantava e declamava as poesias de Auta de Souza, Catulo da Paixão Cearense e Xavier de Araújo nos saraus festivos da Macaíba aristocrata de outrora.

Em 1927, declamou o poema "Caminho do Sertão", de Auta de Souza, nos salões do grupo escolar, para o presidente eleito Washington Luís, de passagem por Macaíba. Tendo saudado o presidente, junto a outras moças da sociedade local, com pétalas de flores quando da formação de um corredor, através do qual a comitiva presidencial passou para adentrar o colégio.

Aos 22 de julho de 1932, com 19 anos, casou com Francisco Canindé de Moura – Chico Moura (1905-1968), da ilustre família potiguar Teixeira de Moura, bisneto do Cel. Estevão Moura, senhor do engenho Ferreiro Torto e neto do Cel. Manoel Joaquim Teixeira de Moura, senhor do engenho Arvoredo. Da união, nasceram os filhos: Carlos Augusto Ribeiro de Moura, casado com Ilná de Oliveira, e Maria Chambre Ribeiro de Moura, casada com Antônio Vicente Magalhães.

D. Joanete Moura foi uma mulher extremamente correta, de honradez invulnerável, com grandeza moral e sensibilidade pura. A um caráter estoico aliava a grandeza de sua alma e a bondade de um coração sempre voltado para a ajuda ao próximo e ao bem geral. Com base em tudo que representou para Macaíba, requeri que seu nome fosse colocado no espaço que liga a avenida Mônica Dantas ao bairro Tavares de Lyra, pedido acolhido ainda em 2003, pela edilidade local, mas até hoje sem a placa indicativa da homenagem.

A morte chegou-lhe 22 dias antes de completar seu nonagésimo aniversário, em um hospital de Natal, a 22 de abril de 2003. Foi sepultada no cemitério de São Miguel, na Macaíba. Em 2013, faz dez anos de sua partida!


Joanete doou-se ao trabalho, à família e a sociedade, com o sentimento empenhado no trato do bem florescente em sua terra. Relembrá-la, no seu centenário, é um dever de justiça à memória de uma macaibense das maiores.

domingo, 12 de maio de 2013

Notícias do lançamento do livro Augusto Tavares de Lyra em vários tons.


A cidade de Macaíba tem alguns rebentos ilustres. Um deles é Augusto Tavares de Lyra, cuja biografia se confunde com a própria história da cidade e do Rio Grande do Norte. Para homenagear essa figura ilustre, o Sesc, com apoio da Fecomércio/RN, lançou o livro “Augusto Tavares de Lyra em Vários Tons”. A solenidade aconteceu na noite desta quinta-feira (09/05/13), no Sesc Macaíba.

Autoridades locais e estaduais, políticos, secretários, literatos e a população macaibense compareceram em peso ao evento. Entre eles, estava o prefeito do município, Fernando Cunha Lima Bezerra, que destacou: “O Sesc faz a parte social e cultural de Macaíba. Não serve apenas ao comércio, mas também à cultura. Parabéns por resgatar a história da cidade”.

Para o presidente do Sistema Fecomércio/RN, Marcelo Queiroz, as 255 páginas do livro “reverenciam a memória de uma das mais importantes personalidades nascidas na cidade sagrada de Nossa Sra. da Conceição e representam uma das mais ricas biografias construídas por um potiguar”. Também merecem destaque as presenças da diretora regional do Sesc RN, Jeane Amaral, da secretária de cultura do RN, Isaura Rosado e do presidente do Instituto Histórico e Geográfico do RN, Valério Mesquita.

O livro é mais uma publicação apoiada pelo Sistema Fecomércio-Sesc. Além da versão impressa, o livro oferece a opção em audiobook, estendendo o acesso a deficientes visuais. Exemplares serão disponibilizados para consulta e empréstimo na Rede de Bibliotecas Sesc RN, bem como fará parte do acervo público. 

Sobre o livro

Francisco Anderson Tavares de Lyra, autor da obra, baseou-se na sua dissertação de mestrado sobre a vida de Augusto Tavares de Lyra. No livro, narra um pouco da histórica da bucólica Macaíba de 1872, ano em que nasceu o ilustre potiguar.

A publicação traz relatos de cinco momentos distintos, que incluem os motivos pelo qual o autor resolveu pesquisar Tavares de Lyra, passando pela geografia do município, até a participação desse ilustre potiguar na política e nas pesquisas no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. 

Foram utilizados como fonte livros, artigos, discursos oficiais e anotações. Um dos destaques para os leitores é a apresentação de dois escritos, antes restritos às coleções de poucos privilegiados. Trata-se do Projeto de Reforma do Ensino Público, datado de 1907, e da Carta Aberta, na qual Tavares de Lyra apresenta os motivos do seu desligamento da política estadual.

Também é apresentada a árvore genealógica com os ascendentes, colaterais e descendentes do cidadão macaibense, de modo a situar o leitor quanto à origem familiar do homenageado.

Sobre Tavares de Lyra

Augusto Tavares de Lyra é uma figura solar no universo histórico potiguar. Nomeia uma avenida no bairro da Ribeira, em Natal; um bairro residencial em Macaíba, avenidas no Rio de Janeiro (Flamengo, Botafogo, Jardim Botânico e Laranjeiras), São Paulo e Bahia. É patrono da principal condecoração da prefeitura de Macaíba e do mérito eleitoral no Tribunal Regional Eleitoral do RN. Patrono do Fórum de Macaíba, onde também é nome de Grêmio estudantil no Colégio Estadual “Dr. Severiano”. Não obstante ter sido historiador, escritor e político de renome nacional ele permanece desconhecido das novas gerações.

Quer saber mais sobre ele? Clique aqui.

Sobre o autor

Francisco Anderson Tavares de Lyra é consultor de história do Rio Grande do Norte e do Brasil (Império e República Velha). Graduado em História. Mestre em Educação pela UFRN e bacharel em Direito. Sócio fundador do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia, membro do Instituto Pró-Memória de Macaíba, do Centro Norte-Rio-Grandense do Rio de Janeiro e da Academia Macaibense de Letras.

Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Ex-coordenador do Museu Ferreiro Torto. 

Em 2012, escreveu em parceria com Anna Maria Cascudo o livro: Teotônio Freire: fragmentos de um legado, e em 2009, a Plaquete Macaíba, em parceria com Valério Mesquita.


A unidade do Sesc de Macaíba, município da região metropolitana de Natal, recebeu, nesta quinta-feira, 09, autoridades políticas e empresariais, membros da diretoria do Sistema Fecomércio, escritores e representantes da cultura em geral, além de dezenas de cidadãos macaibenses, que foram prestigiar o lançamento do livro “Augusto Tavares de Lyra – Em Vários Tons”, do escritor Francisco Anderson Tavares de Lyra. “Foi uma noite especial para o Sistema Fecomércio. Com este lançamento reverenciamos a memória de uma das mais importantes personalidades nascidas nesta cidade; uma das mais notáveis inteligências e figuras humanas nascidas neste estado”, afirmou o presidente Marcelo Fernandes de Queiroz.
O livro tem 255 páginas, é fruto da dissertação de mestrado do autor, Francisco Anderson Tavares de Lyra, e pode ser considerado uma homenagem à cultura potiguar. Francisco Anderson explicou que o trabalho busca resgatar as etapas significativas da vida de Augusto Tavares de Lyra, e além do estudo que ele realizou, apresenta ainda fotografias relevantes para a história do estado. “Tenho destacar a importância do apoio que o Sistema Fecomércio deu desde o início, acreditando no trabalho, e contribuindo para fortalecer a cultura da cidade de Macaíba e do estado”, disse Anderson.
O presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Valério Mesquita, que inclusive sugeriu à Fecomércio a publicação deste livro, também destacou a importância do apoio do Sistema. ”Desde o início a instituição acreditou neste trabalho. Só tenho que agradecer a receptividade. É muito importante o apoio que a Fecomércio está dando para a revitalização da cultura de Macaíba e para trazer ao conhecimento de toda a sociedade a história desta grande figura que foi Augusto Tavares de Lyra”, disse Valério Mesquita.
As demais autoridades presentes no lançamento do livro exaltaram a iniciativa do Sistema em promover a cultura do Rio Grande do Norte. “A Fecomércio atende não só o segmento do Comércio, como também a cultura. Uma cidade sem história não existe. E nós estamos realmente deixando para as próximas gerações o registro da cultura de Macaíba, que ganhou destaque com este livro”, comemorou o prefeito da cidade, Fernando Cunha. A secretária extraordinária de Cultura do RN, Isaura Rosado, que representou a governadora Rosalba Ciarlini, disse que “Augusto Tavares de Lyra, ao lado de outras como Auta de Souza, é uma figura de grande relevância, e o trabalho do Sistema Fecomércio é importante porque eterniza esta história”.
De acordo com a diretora regional do Senac, Jeane Amaral, esta é mais uma importante iniciativa do Sistema Fecomércio, através do Sesc, em prol da cultura potiguar. “O lançamento de livros tem sido uma constante em nosso trabalho. Agora vamos disponibilizar exemplares nas bibliotecas de nossas unidades e distribuir na rede pública de ensino”, completou.
Augusto Tavares de Lyra

Um dos oito filhos do Coronel Feliciano Pereira de Lyra Tavares, comerciante e político, e de Maria Rosalina de Albuquerque Vasconcelos, nasceu na Vila da Macaíba, na noite de 24 de dezembro de 1872. Casou-se em Natal, com Sophia Eugênia de Albuquerque Maranhão, filha do senador Pedro Velho, e de Petronila Pedroza, constituindo uma família de seis filhos. Estudou em Macaíba, Natal e Recife, onde se formou em Ciências Jurídicas e Sociais, em dezembro de 1892. Fez doutorado em Direito, pela Faculdade do Rio de Janeiro, em 1915. Foi também redator do jornal “A República”, onde assinava a coluna “Em vários tons”, onde já em 1893, defendia a reforma educacional e a formação do professor.
Iniciou sua vida pública como deputado estadual aos 22 anos, não tomando posse pelo fato de ter sido eleito também deputado federal pelo RN de 1894 a 1904, destacando-se como líder da sua bancada. Eleito governador do Estado em 1904, aos 32 anos, criou o Banco do Natal, posteriormente denominado Bandern, e promoveu o desenvolvimento da indústria açucareira, salineira e algodoeira.
Renunciou ao Governo Estadual em 1906, por insistência de Pedro Velho, para assumir a pasta de Ministro da Justiça e Negócios Interiores, na Presidência de Afonso Pena, até 1909. Em 1914 assumiu o Ministério da Viação e Obras Públicas, tendo sido o titular da pasta até o fim do mandato do presidente Venceslau Brás, em 1918. Foi ainda presidente do Tribunal de Contas da União, onde aposentou-se em 1940.
Como intelectual produziu incansavelmente. Sua obra bibliográfica alcança cerca de 70 volumes, muitos dos quais são hoje raridades, destacando-se a primeira História do Rio Grande do Norte, de 1922. No dia 22 de dezembro de 1958, no Rio de Janeiro, instalado em um apartamento alugado.
Francisco Anderson Tavares de Lyra

Consultor de história do Rio Grande do Norte e do Brasil (Império e República Velha). Graduado em História. Mestre em Educação pela UFRN e bacharel em Direito. Sócio fundador do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia, membro do Instituto Pró-Memória de Macaíba, do Centro Norte-Rio-Grandense do Rio de Janeiro e da Academia Macaibense de Letras. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Ex-coordenador do Museu Ferreiro Torto. Em 2012, escreveu em parceria com Anna Maria Cascudo o livro: Teotônio Freire: fragmentos de um legado, e em 2009, a Plaquete Macaíba, em parceria com Valério Mesquita.