sábado, 8 de dezembro de 2012

O encontro de Caicó

Genealogistas reunidos no segundo dia do evento. 



Entre os dias 23, 24 e 25 de Novembro, a cidade de Caicó recepcionou os genealogistas potiguares e de mais três estados para o IV Encontro de Genealogia do Rio Grande do Norte, evento já tradicional no calendário cultural do Seridó e que todos os anos reúne especialistas, admiradores e curiosos da ciência genealógica.

O encontro ocorreu no auditório da Câmara Municipal, gentilmente cedido pelos vereadores durante três encontros. 

Na primeira noite do evento, foi apresentado o Instituto Seridoense de Pesquisas Históricas, Genealógicas e Heráldicas – ISPHGH. Trata-se de um passo importante que a cidade de Caicó dará na conservação dos seus valores históricos, sociais e genealógicos, uma vez que a futura instituição tem por finalidade coletar, documentar, conservar, digitalizar, preservar e difundir amplamente, por todos os meios de expressão existentes, os bens e a documentação de natureza histórica e genealógica, a defesa e conservação do patrimônio documental, histórico, heráldico, literário, estético, artístico e as suas tradições culturais.

Seguiram-se palestras que retratam pesquisas genealógicas, históricas e arqueológicas, além de trabalhos acadêmicos realizados por alunos da UFRN e a participação decisiva de representantes da Igreja dos Mórmos.

O evento lembrou ainda os 90 anos do falecimento do Coronel Joaquim Martiniano Pereira, figura ilustre caicoense que marcou profundamente a história política da cidade nos primeiros anos da República Velha.

Durante o encontro serão lançados os seguintes livros: Teotônio Freire: fragmentos de um legado, de Anna Maria Cascudo Barreto e Francisco Anderson Tavares e Memórias de um sertanejo, 2ª Ed, de Artéfio Bezerra da Cunha.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Programação IV Encontro de Genealogia em Caicó/RN


Data: 23, 24 e 25 de Novembro de 2012.

Local: Auditório da Câmara Municipal de Caicó, Rua Felipe Guerra,179.

PROGRAMAÇÃO:
DIA 23/SEXTA-FEIRA

18h30 – Apresentação da Banda “Recreio Caicoense”

19h00 – Abertura dos trabalhos

Genealogista Arysson Soares (IHGRN/INRG)

19h20 - ATO DE FUNDAÇÃO DO INSTITUTO SERIDOENSE DE PESQUISAS HISTÓRICAS, GENEALÓGICAS E HERÁLDICAS – ISPHGH

20h00 – Palestra TOMAZ DE ARAÚJO PEREIRA, O ADÃO DO SERIDÓ POTIGUAR

Genealogista Joaquim José de Medeiros Neto

21h00 – Palestra RELÍQUIAS HISTÓRICAS, PRÉ-HISTÓRICAS E ESPELEOLÓGICAS DO SERIDÓ OCIDENTAL NORTE-RIOGRANDENSE II

Professor Dr. José Santino de Assis (UFAL)

24/11-SÁBADO

08h00 – Abertura dos trabalhos

08h30 – Palestra RAÍZES PORTUGUESAS DO RIO GRANDE DO NORTE E CEARÁ

Genealogista Francisco Augusto de Araújo Lima (Ceará)

09h00 - Coffee Break

09h30 – Palestra PESQUISAS GENEALÓGICAS Á LUZ DOS INVENTÁRIOS

Genealogista Antônio Luiz de Medeiros

Genealogista Joaquim José de Medeiros Neto

10h30 – Mesa Redonda Genealógica

Mediadores: Genealogistas Bibi Costa e Sinval Costa

14h00 – Abertura dos trabalhos

14h30 – Palestra O CEL. MARTINIANO E SUA ÉPOCA

Historiador Ms. Anderson Tavares (UFRN)

15h30 - Coffee Break

16h00 – Palestra GENEALOGIA: SOCIALMENTE E TECNICAMENTE

Genealogista Sérgio Medeiros de Almeida

Acadêmica de História Poliana Vale de Araújo

25/11-DOMINGO

08h00 – Abertura dos trabalhos

08h30 – Palestra A CONSTRUÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS EM JARDIM DO SERIDÓ: A VENEZA SERIDOENSE

Professor Ms. Diego Marinho de Góis (UFRN)

09h30 - Coffee Break

10h30 – Palestra ARTE SACRA POPULAR: OS SANTOS QUE O SERIDÓ VENERA

Genealogista Pe. Jocimar Dantas de Araújo

11h30 – Informes e encerramento


Durante o encontro serão lançados os seguintes livros:

Teotônio Freire: fragmentos de um legado

De Anna Maria Cascudo Barreto e Francisco Anderson Tavares

Memórias de um sertanejo, 2ª ed.

De Artéfio Bezerra da Cunha

Retalhos de família: revivendo gerações, 2ª ed.

De Antônia Figueirêdo de Araújo

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Eleição municipal 2012


Macaibenses, Macaibeiros e Macaibistas
Aproxima-se a reta final da campanha política na cidade de Macaíba, uma vez que não temos condições de termos segundo turno. A eleição definir-se-á no domingo, 07 de outubro de 2012. As campanhas eleitorais costumam mexer com as paixões dos brasileiros. Em nossa cidade, Macaíba, não é diferente.  Aconteceram campanhas memoráveis. Todas foram marcantes e tiveram uma dose de romantismo, emoção e conflito.
Entretanto, cabe a nós estabelecer que o grau de conflitos em uma campanha eleitoral não deve chegar às ultimas consequências. Afinal, trata-se de um acontecimento democrático, no qual as opiniões devem ser respeitadas. Não há unanimidade, todos nós temos ideias divergentes e convergentes. O fato de ter escolhido votar em quem quer que seja cabe exclusivamente a cada um. E pronto. Devemos respeitar as decisões de quem diverge da nossa. O campo do debate, das gozações, do conflito deve ater-se aos comícios, caminhadas, carreatas. Passar para a agressão, para a violência, para atos intoleráveis deve ser uma atitude reprovável e jamais ser aceita por todos.
Chamo aos militantes das três cores que mantenham a calma e a dignidade. A eleição vai ser decidida às 17h do dia 7 de outubro de 2012, pelo meio mais democrático que a história tem mostrado: o voto. Não vai ser com agressões e intimidações que acontecerá qualquer mudança eleitoral. No fim, o que deve prevalecer são as nossas amizades e a união para cobrarmos dos eleitos as promessas feitas durante a campanha.
 Quero ressaltar também que fiquem atentos à compra de votos. Não se deve aceitar que pessoas sejam eleitas comprando descaradamente votos. A venda do voto é a venda de seus direitos para os próximos quatro anos. O político que compra o voto não vai se preocupar de forma alguma, depois de eleito, com propostas para nossa cidade e seus eleitores. Vai ser mais um a corromper e corromper-se neste país que anseia por mudança. O eleitor é quem faz a diferença nas eleições.
Por isso, tenhamos calma e serenidade na reta final da campanha. Vamos debater, buscar mais votos para nossos candidatos, vamos aos últimos comícios, carreatas e reuniões, mas com PAZ na nossa caminhada e RESPEITO nas nossas atitudes.
Anderson Tavares, eleitor da 33ª seção da Comarca de Macaíba (antiga do Potengi).

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Cia. de Teatro Ronco do Boitatá

Foto: Cláudio Marques. Acervo: Anderson Tavares


Em 19 de setembro foi comemorado o dia dedicado ao teatro. Rendo minhas homenagens ao abnegados artistas macaibenses, que desde remotos tempos, já atuavam nas ribeiras do Jundiaí. No postal da década de 90, destacam-se, entre outros Júscio Marcelino, Glória Maria, Elizabeth (Beta) Carneiro, Rosileide, Sandro, Fofão.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Imagens de campanha


A história das campanhas políticas municipais em Macaíba, também pode ser contata através das fotos oficiais dos candidatos ao longo dos anos. Assim, temos uma coleção de fotos que remontam aos anos 40, período da redemocratização em que as campanhas políticas partidárias se tornaram uma constante em todo o Brasil.


CAMPANHA 2008






CAMPANHA 2004








CAMPANHA 2000










CAMPANHA 1996


CAMPANHA 1987




CAMPANHA 1982



CAMPANHA 1976






CAMPANHA 1972


CAMPANHA 1968



CAMPANHA 1958



CAMPANHA 1953



CAMPANHA 1948








quarta-feira, 25 de julho de 2012

Algumas imagens do lançamento do livro Teotônio Freire: fragmentos de um legado.

Com Ticiano Duarte


    
  Anderson, Anna Maria Cascudo, Carmem Lúcia Alves Rocha e Denise Pereira Gaspar

 Com Anna Maria Cascudo e Diógenes da Cunha Lima






                                      

Algumas imagens do lançamento do livro Teotônio Freire: fragmentos de um legado, de Anna Maria Cascudo Barreto e Anderson Tavares, no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Convite lançamento de livro





O livro “Fragmentos de um legado”, um perfil biográfico do desembargador Teotônio Freire (1858-1944), de autoria da jornalista. Escritora e procuradora estadual aposentada Anna Maria Cascudo Barreto, será lançado no dia 25, às 17 horas, no salão de entrada do edifício-sede do Tribunal de Justiça do RN.

Para realização do trabalho, a autora contou com a colaboração dos pesquisadores Anderson Tavares, autor da genealogia dos Freire; e Eduardo Gosson, pesquisador da história da Justiça no Rio Grande do Norte.

José Teotônio Freire foi o autor do Código de Processo Penal do Rio Grande do Norte, (Lei 449 de 30.11.1918), e traduziu do italiano para o português “As nulidades no Processo Penal”, do mestre italiano Caetano Leto, da Universidade de Palermo.

Chegou ao cargo de desembargador em 1898. Em 1909 foi eleito presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte permanecendo no cargo durante 13 anos (1909-1921). Era sogro do historiador Luís da Câmara Cascudo, na condição de pai de dona Dália e, em consequência avô da autora, Anna Maria Cascudo.

Ao deixar a presidência do TJRN em 1921, Teotônio Freire ainda se submeteu a um concurso público para juiz federal, sendo aprovado em 1º lugar, permanecendo no serviço público até 18 de janeiro de 1937, quando se aposentou. Faleceu em Natal, aos 81 anos, em 1944.
 
Fonte: Site do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O livro de Gláucia Maranhão Tavares


Recebi da minha prima Gláucia de Albuquerque Maranhão Tavares seu livro: A vida do maestro Mário Tavares. Trata-se de um testemunho autêntico e verdadeiro de quem conviveu com um dos maiores mestres da regência brasileira, com atuação internacional reconhecida.

Escrito de forma objetiva, de fácil compreensão, sem os floreios estilísticos que só distanciam os leitores, o livro de Gláucia Maranhão Tavares nos toca pela evocação sentimental de um tempo vivido com intensidade e companheirismo. A publicação traz muitas imagens que retratam a vida do maestro desde os tempos de infância em Natal até suas apresentações internacionais.

Trata-se de documento histórico que resgata a memória do maestro Mário Tavares numa perspectiva familiar. Potiguar de nascença, Mário Tavares muito cedo partiu de sua terra e foi pousar em outras plagas, onde construiu uma história grande e cheia de vitórias.

Mário Tavares (1918-2005) era filho do casal Jorge Tavares e Dulce Palma Tavares. Foi neto paterno de Olímpio Tavares e Amélia Augusta de Albuquerque Maranhão e neto materno do poeta Francisco Tavares Pereira Palma e Nazinha Tavares.

Gláucia Maranhão Tavares foi imensamente feliz em nos legar o seu testemunho autorizado sobre o grande artista que foi Mário, que certamente não teria alcançado o reconhecimento que teve, sem o afeto, carinho e compreensão da presença decisiva da companheira.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Bruno Bourgard

                                          Anúncio no Jornal Rio Grande do Norte de 1892

                                                       Bruno Bourgard

Da família Bourgard, Max foi o primeiro a chegar ao Brasil. Deixou a Alemanha com aproximadamente 18 anos, fugindo do serviço militar. Em Recife, o rapaz foi acolhido pelo cônsul da Alemanha que, posteriormente, o entregou a uma família de ourives no município de Jaboatão, com quem aprendeu as artimanhas da profissão que abraçou por um determinado tempo. 

Seu pai, um técnico em curtume, foi contratado para assessorar a instalação de uma indústria congênere no Rio de Janeiro e trouxe toda a família (mulher, filha e o filho Bruno Bourgard). Finda a missão no Brasil, a família Bourgard retorna para a cidade de Altenburg, na Alemanha, e Bruno decide ficar e se associar ao irmão Marx. A atividade dos irmãos Bourgard se estendeu por vários estados do Norte e Nordeste. 

Segundo o neto de Bruno – Roberto Bourgard – os dois irmãos tinham conhecimento de fotografia desde a Alemanha. Max era mais comerciante do que fotografo, enquanto Bruno se dedicava ao aperfeiçoamento das técnicas do seu metiê. Os irmãos chegaram na Paraíba em 1889. Possuíram estúdios: Rua Conde D’Eu, 4 Campina Grande, PB; Rua da Areia, 77 Parahyba (João Pessoa), PB e Rua Treze de Maio (Princesa Isabel), 38 Natal, RN.

A sociedade foi desfeita possivelmente em 1897 e, no ano seguinte, Bruno, já por conta própria, oferecia seus serviços ao público de Natal (Diário do Natal, 2 ago. 1898, p.2). O mesmo anúncio foi publicado em 55 edições. Logo a seguir, ao longo do mês de novembro, informava que se retiraria por um período da capital (Diário do Natal, 1 nov. 1898, p.2). No final do mesmo ano encontrava-se de regresso, oferecendo seus serviços “quer esteja o dia limpo quer nublado” (Diário do Natal, 29 dez. 1898, p.2), anúncio repetido até o final do ano seguinte em 264 edições do periódico.

O fotografo Bruno Bourgard foi um itinerante clássico, prosseguindo com suas viagens pelo interior do Nordeste em busca de clientes. No Rio Grande do Norte em especial, se fazia presente nas festas das padroeiras locais, retratando as pessoas e algumas vezes aspectos urbanísticos das cidades e vilas por onde passava. Em 1904, o governador Alberto Maranhão solicitou seu estúdio para fazer imagens da capital Natal, quando Alberto deixava o governo para Tavares de Lyra.

Em 1907, vamos reencontrar anúncios da Photographia Allemã de Bruno Bourkhardt (sic) em Natal, onde permaneceu pouco mais de dois meses (Diário do Natal, 28 ago. 1907, p.2). Para não se confundir com o irmão, parece ter recuperado seu verdadeiro nome de família, Bourkhardt, e passou a adotá-lo em seus anúncios. Talvez, a adoção do nome artístico Bourgard (uma versão afrancesada) tenha sido uma decisão dos irmãos visando facilitar a assimilação do nome pela maioria das pessoas que solicitava seus serviços. Bruno permaneceu na atividade até meados da década de 1930, quando faleceu.

Bruno Bourgard casou no início do século XX e fixou-se definitivamente na capital Paraibana. Enedina Toscano (D. Sinhá) era o nome da esposa de Bruno. O casal teve os seguintes filhos: Alberto, Wilhelm, Joseph, Ronald, Maria Neusa e Elizabeth.

domingo, 13 de maio de 2012

A mensagem de Augusto Severo

Panfleto original que Augusto Severo levava no dia 12 de maio de 1902. Pertenceu a sua sobrinha Mabel Tavares, hoje no acervo de Anderson Tavares. 

"Réplica" do panfleto de 1902, distribuída pela Prefeitura de Macaíba nos 110 anos do desastre. 

Mabel Tavares, sobrinha de Augusto Severo, escreveu a melhor biografia sobre o tio, onde revela pela primeira vez  o homem independente do PAX. (Foto acervo Anderson Tavares).

Capa do livro de Mabel Tavares. (acervo Anderson Tavares).

domingo, 29 de abril de 2012

Os benfeitores da Macaíba

Placa da Imperial Ordem da Rosa que pertenceu ao Barão do Assú, Luís Gonzaga de Brito Guerra e com a qual foram condecorados os macaibenses. Arquivo Anderson Tavares


A pesquisa no Arquivo Nacional, localizado no Rio de Janeiro, nos proporcionou encontrar dados importantes para a História de Macaíba. Entre os documentos encontrados, têm-se as nomeações que seguem, transcritas Ipsis litteris, as quais compartilho com os leitores do blog.

Doc. 01.
Atendendo aos relevantes serviços prestados a Instrução Pública na Província do Rio Grande do Norte, pelos membros da “Sociedade Beneficente da Macahyba”, Dr. FRANCISCO CLEMENTINO DE VASCONCELOS CHAVES, Pe. BERNARDINO DE SENA FERREIRA LUSTOZA, JÚLIO CÉSAR PAES BARRETO e JUVINO CÉSAR PAES BARRETO: Hei por bem de conformidade com § 3º do art. 9º do Decreto nº 2.853 de 7 de Dezembro de 1861, nomeá-los Cavaleiros da Ordem da Rosa. 

Palácio do Rio de Janeiro, em treze de novembro de mil oitocentos e setenta e dois, quinquagésimo primeiro da Independência e do Império.

Pedro II - Imperador

João Alfredo Correia de Oliveira – Conselheiro.

Doc. 02
Atendendo aos relevantes serviços prestados à causa da Abolição da escravatura por AMARO BARRETO DE ALBUQUERQUE MARANHÃO, da Província do Rio Grande do Norte: Hei por bem em conformidade com o § 3 do art. 9º do Decreto nº 2.853 de 07 de dezembro de 1861, nomeá-lo Cavaleiro da Ordem da Rosa.

Palácio do Rio de Janeiro, em treze de novembro de mil oitocentos e setenta e dois, quinquagésimo primeiro da Independência e do Império.

Pedro II – Imperador

João Alfredo Correia de Oliveira – Conselheiro.

Doc. 03
Atendendo aos relevantes serviços que UMBELINO FREIRE DE GOUVEIA MELLO, vem prestando à Religião, à Instrução e a Causa Pública: Hei por bem, de conformidade com o § 3 do art. 9º do Decreto nº 2.853 de 07 de dezembro de 1861, nomeá-lo Comendador da Ordem da Rosa.

Palácio do Rio de Janeiro, em treze de novembro de mil oitocentos e oitenta e três, sexagésimo segundo da Independência e do Império.

Pedro II – Imperador

Francisco Antunes Maciel – Conselheiro.

Destacaremos a seguir algumas notas acerca dos personagens agraciados por Sua Majestade Imperial o Sr. Dom Pedro II.

O primeiro diploma, que contempla quatro agraciados, refere-se a uma “Sociedade Beneficente da Macahyba”. O que teria sido essa sociedade? Bem, o que pudemos apurar, foi que essa sociedade foi fundada em Macaíba, no ano de 1870. Dela fizeram parte todos os comerciantes da época, bem como os fazendeiros e donos de engenho. Dentre muitos, podemos destacar o Cel. Estevão José Barbosa de Moura, Thomaz Antônio Guedes de Mello, Thomaz Antônio de Mello, Manoel Joaquim Teixeira de Moura, os irmãos Juvino, Júlio César e Sinfrônio Paes Barreto, Amaro Barreto de Albuquerque Maranhão, Feliciano Pereira de Lyra Tavares, João Avelino Pereira de Vasconcelos e Vicente de Andrade Lima.

A sociedade proporcionava saúde e educação à população macaibense através de uma escola primária e de um laboratório. Mas a libertação dos escravos do município era a sua principal meta. Durante muito tempo os membros da Sociedade Beneficente da Macaíba roubaram escravos maltratados em Ceará-Mirim e São José de Mipibú, onde a produção açucareira requeria um maior número de cativos.

Essas pessoas eram trazidas para Macaíba e ficavam em Capoeiras, tradicional quilombo que remonta ao ano de 1840. O padre João Maria, vigário de Natal e o padre José Paulino de Andrade, levados pelos abolicionistas, prestavam assistência religiosa ao quilombo, tendo o padre o João Maria erguido com a ajuda das pessoas do quilombo o cruzeiro, onde eram celebradas as missas, e que até hoje se encontra naquela comunidade.

Para entendermos as razões que levaram a esses comerciantes e proprietários a se arriscarem em empreitada tão difícil, temos que observar que a época era propicia para tal fim, sendo a abolição até defendida pela Família Imperial, que premiava serviços nesse sentido. Macaíba por ser desde a sua fundação uma cidade de passagem e de comercio não demandava muitos escravos, o que fez com que a maçonaria e a Igreja Católica arregimentassem seus membros na localidade, exortando-lhes ao combate pelo fim da escravidão.

O certo é que o povo de Macaíba fez a sua parte na luta pela abolição da escravatura no município, demonstrando o avanço de sua mentalidade liberal e contribuindo com o progresso social do povoado.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Fernando Gomes Pedroza e a indústria algodoeira no RN

                      Fernando Gomes Pedroza, macaibense de Guarapes.
                                                      

A História do progresso das grandes nações é feita pelo trabalho e a pertinácia de seus filhos. E esta é uma história de trabalho assim. Começa em 1915, quando um jovem, Fernando Gomes Pedroza, é encontrado em Baixa Verde, no Rio Grande do Norte, dirigindo um campo experimental de algodão, situado no Riacho Seco.

Uma experiência em todos os sentidos: muito de ideal e absoluta pobreza de recursos, já que o Ministério da Agricultura a que estava afeta, pouca assistência lhe dava, além dos seiscentos mil réis do ordenado mensal de seu chefe, recebido de raro em raro, naquelas lonjuras do tempo.

Pedroza fora para ali viver como autêntico pioneiro. Casara em São Paulo e para ali trouxera, a conviver com seus sonhos e dificuldades, uma Toledo Piza. Dona Branca. Do estabelecimento do casal na região, naquele remoto lugar do interior, formar-se-ia uma tradição.

O antes e o depois.

Antes, a confusa tradição, o tumulto do plantio e a incógnita da colheita: o quase inexistente beneficiamento. Ninguém pensava em tipos ou em qualquer espécie de seleção, vigorando os mesmos processos de compra de outrora, do tempo do lombo de burro.

A presença de Fernando Pedroza iria mudar tudo e marcar a nova história econômica do Estado.

Num exemplo pessoal de empenho e dedicação, de saber fazer, ele começou a ser visto por toda a parte, no campo, junto com os homens que despertou para o trabalho, com eles calejando as mãos e manejando arados, plantando, discutindo, morando em barracas; como um deles, seguindo a tradição familiar onde avultavam homens vitoriosos. Seu avô, Fabrício Gomes Pedroza, paraibano, foi um deles, vindo em 1847 para o Jundiaí, em Coité, que iria transformar em Macaíba, espalhando determinação à sua volta.

Ali, Fabrício realizaria três casamentos, erguendo na curva do rio Potengi, no alto de um morro, a Casa Grande dos Guarapes, sede do seu trabalho, fornecendo para 50 léguas ao redor, centralizando quase toda a produção açucareira da província, alicerçada em vinte navios com linha direta para a Inglaterra. O filho, o segundo Fabrício, ali nasceu e tomou o seu lugar.

Fernando também nasceu em Guarapes, em 30 de março de 1886, filho de Fabrício Gomes Pedroza II e de Isabel Cândida de Albuquerque Maranhão, educando-se na mesma Inglaterra para onde ia o açúcar de suas terras. E foi lá, mais propriamente em Liverpool, que lhe foi dado estudar o mercado do algodão, ouvindo as reclamações e as críticas dos importadores e vendo a massa confusa e suja que era mandada daqui para lá.

Ao voltar ao Brasil não quis ser negociante no Rio, como era o desejo paterno. Antes preferiu o interior e a dedicação ao algodão, cujo futuro entreviu na sua estada européia.

A recusa do filho a seus desejos, abalou seu pai, que, tentando curvá-lo, retirou-lhe todo e qualquer auxílio. Fernando foi ao Ministro da Agricultura. Convenceu quem tinha a convencer e com os 600$000 do ordenado lançou-se à conquista de Baixa Verde. E ali ficou até à morte, fiel a dois amores: Dona Branca e à terra em que acreditava.

Em Baixa Verde conheceu João Câmara e nele reconheceu o companheiro ideal para as duras batalhas que enfrentariam, possuindo de si apenas o capital de duas férreas forças de vontade. O entendimento e a união dessas duas forças foi fácil, rápido e óbvio.

Fernando Gomes Pedroza envolveu-se numa guerra: a aclimatação do Sea Island do Mocó e Herbaceum, contra a estiagem, a distância de elementos de trabalho, a lentidão da eterna burocracia ministerial. A primeira safra foi devastada pela seca. A segunda não ultrapassou 300 quilos por hectare. Nada, porém, o faria desistir, nem as dificuldades com os homens, nem as asperezas da terra e do clima.

Esperava talvez milagres e o trabalho os fez. Milagre foi plantar e colher algodão com uma queda pluviométrica inferior a 80 milímetros o que motivou uma utilização diária e constante de cultivadores, com a qual se realizou o primeiro ensaio de cultura seca no Brasil.

Gente entusiasmada acorreu a cooperar, como o técnico norte-americano Edward Charles Green - o doutor Green - como o povo o chamava, de grande valia na seleção e de enorme estímulo em tomo de uma esperança teimosa que a miopia funcional não enxergava.

Deixando de ser funcionário público, Fernando passou a trabalhar sozinho, sem abandonar o seu algodão que tanto o apaixonara. E fixou-se na Barriguda, na Serra Verde, plantado centenas de hectares de um novo tipo, o Upland, batizado em português como Verdão.

O ano de 1917 marca uma ascensão decisiva na vida de Fernando. Por intermédio do doutor Green, conhece outro norte-americano. Clarence Wharton, um jovem de sua idade, que faleceria em Southampton, em 1922, com apenas 36 anos de vida.

Os dois tomaram-se íntimos e sócios. Um escritório comercial apareceu, tendo Green na parte técnica e instalado num quartinho asfixiante do Hotel Internacional, na rua do Comércio, hoje Chile, na capital potiguar. Em 1918, a firma Wharton, Pedroza Cia. é uma realidade e breve simbolizaria o próprio vigor do mercado da região, embora o capital continuasse a ser medido mais pela vontade, o conhecimento, a energia e a coragem, do que pelo dinheiro. Aí foi posto em prática o velho sonho que era um programa: o algodão fará o mercado, afirmava diariamente Pedroza. O problema estará na seleção das sementes e na melhoria do maquinário que, naquela ocasião, não dispunha nem de cevadores mecânicos, nem de limpadeiras.

E a firma partiu para a audácia: importação foram feitas. Aperfeiçoou o trabalho. Inovou na maneira de colher o algodão: em dois sacos, um para cada lado, de tipos diversos. Que se evitasse a folha seca, o sujo de areia, o garrancho.

Era preciso padronizar os tipos para a compra, o que significava exportações maiores para a Inglaterra, para os seus insaciáveis teares. E a Wharton, Pedroza criou os tipos: alfa, beta, gama, correspondendo ao algodão de primeira, de segunda, de terceira, segundo a fibra e a homogeneidade, tipos que pouco a pouco se firmaram no mercado: o Seridó, de fibra longa; o Sertão, de fibra média e o Herbáceo, de fibra curta. Em 1933 o Governo Federal - quatorze anos depois da inovação dos arrojados pioneiros - tornava enfim obrigatória essa padronização nos tipos de exportação.

Da boa semente, o bom fruto. Do modesto escritório, cresceu a mais perfeita rede comercial então conhecida, com as pessoas certas nos lugares corretos, agentes nos municípios de produção conhecida ou iniciada. Gente que registrou nome no reconhecimento à sua obra, multiplicadora de áreas de plantio, estimuladora de um trabalho constante, produtivo, e útil, estimuladora do interesse pela certeza e limpidez das transações financeiras, oriundas do trabalho correto e da rentabilidade desses esforços: Ezequiel Mergelino de Souza, em Santa Cruz: Florêncio Luciano, em Parelhas e Jardim do Seridó: Celso Dantas, no Caicó: Antônio Bezerra e Vivaldo Pereira, em Currais Novos; Adonias Galvão, em Flores (Florânia); João Pinheiro de Meio, em Santana do Matos; Francisco Fernandes, no Assú; Antônio Telmo e José Inácio Pereira do Lago, em Lages; Francisco Gonzaga Galvão, em Angicos; Tomás Resende, no Acari e João Severino da Câmara, em Baixa Verde.

Novas práticas comerciais agilizavam o aumento da produção, enquanto Fernando expandia as atividades tanto agrícolas como pastoris, transformando a Fazenda São Joaquim em verdadeira estação experimental entregue à competência de técnicos, em busca de novos métodos e aperfeiçoamentos científicos, instalando igualmente uma fábrica de óleo de caroço de algodão na pequena vila de São Romão, que hoje, orgulhosamente, se chama Fernando Pedroza.

Em fins de 1925, a Cia. Brasileira de Linhas para Cozer (hoje a Algodoeira São Miguel) adquire, por influência de Fernando, a Fazenda São Miguel, anexa à São Joaquim, com Edward Roque à frente e também organiza estações experimentais na região, visando a melhoria da fibra de algodão a utilizar em suas máquinas. E o resultado de todo esse esforço não se faz esperar: a 6 de novembro de 1925, a São Miguel adquire, de Wharton & Pedroza, o primeiro lote de fardos de algodão para exportação.

A morte de Wharton transforma a firma em S.A.. Anos mais tarde Pedroza se retira. Os nomes dos dois, porém, assegura probidade e confiança, e Wharton, Pedroza continua a firma, mesmo sem eles. Pedroza voltaria mais tarde, antes porém, queria consagrar-se à sua velha fazenda ao seu paraíso.

A Usina São Joaquim espelha o seu vigor de sempre. Construída em 1929, no povoado de São Romão, até aí um conglomerado de pequenas casas de taipa com capela e feira, acabou por influir decisivamente em seu destino, como núcleo e fator de seu desenvolvimento. Comprando e beneficiando algodão, fabricando óleo, torta, pasta e outros produtos derivados, atraiu a riqueza para a região, civilizando e semeando progresso.

Ali, na praça principal, no ex-povoado que Fernando fez cidade, a 11 de setembro de 1938, inaugurava-se o seu busto, homenagem ao patrono falecido dois anos antes, em  março de 1936. Homenagem ao homem sólido, de fisionomia enérgica, cuja palavra valia por um contrato, sempre ao lado dos desbravadores, daqueles que, como ele, sempre acreditavam no futuro. Homenagem ao homem cuja vida foi uma sementeira de realizações e de ideias, um idealista e homem de sociedade, um progressista na mais ampla acepção do termo, fundador - com Juvenal Lamartine e outros amigos - do Aeroclube de Natal, corolário daquela aventura de dois anos antes, quando adquiriu um Curtiss Air-Boat para suas viagens ao Recife e ao Rio de Janeiro.

O escritor João Amorim Guimarães - em “Natal do meu tempo” lembra-lhe a vida como um atestado de trabalho, energia e patriotismo. Um fidalgo, a merecer uma estátua em bronze puro, desta vez na maior praça de Natal ou o nome a distinguir a grande estrada de automóveis de Natal ao Seridó, sertão a dentro, o seu sertão que ajudou a erguer-se.

Seus descendentes honram o seu nome. De seu casamento com Branca Piza Pedroza, nasceu Fabrício que também foi industrial e morreu num desastre de aviação; nasceu Sílvio, que foi prefeito de Natal, deputado e governador do Estado; Fernando, empresário e ex-prefeito de Angicos, que doou áreas de suas terras para a instalação de Barreira do Inferno, e Elza, esposa do aviador Graco Magalhães Alves.


Pelo trabalho desenvolvido na antiga comunidade de São Romão, Fabrício Pedroza teve  inaugurado seu busto em bronze em 1938, assim como foi denominado patrono da cidade criada pela Lei nº 6.301, de 26 de junho de 1996, cujo gentílico é fernandopedrozense. Fernando Gomes Pedroza é mais que um grande nome: representa a semente maravilhosa, vencedora do chão difícil que só a audácia, a insistência e o trabalho correto, persistente e organizado. Conseguem fazer germinar.

Rogo a atenção dos poderes executivo e legislativo macaibense, para que reconhecendo os méritos industriais do ilustre filho do município, possam homenageá-lo oficializando seu nome na ZPE ou no Centro Industrial Avançado de Macaíba.