quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ferreiro Torto - casa hereditária da família Moura

O coronel Manuel Teixeira Casado *1680 +1759 e sua esposa dona Rosa Maria Josefa, já residiam desde 1728 no sítio que denominaram Coité, visinho aos engenhos Ferreiro Torto e Jundiaí, configurando-se nos moradores mais antigos daquelas terras. Logo que se instalaram no engenho, fizeram doação do sítio Coité para a filha Maria Rosa Teixeira de Mello casada com o coronel de milícias Francisco da Costa e Vasconcelos, “falecido com mais de cem anos” a vinte e cinco de Maio de 1808, sendo estes os pais de dona Maria Angélica da Conceição de Vasconcelos, falecida em vinte e seis de Novembro de 1830 e que maridou-se no mesmo “sítio Coité aos vinte e cinco de fevereiro de 1802, as cinco e meia horas da manhã” com o coronel de infantaria miliciana Joaquim José do Rêgo Barros *1772 +1832, comandante de armas da capital, eleito para o Conselho Geral da Província em novembro de 1830, e que possuía a Ordem de Cristo. Fez parte do conselho do governo de 1824 a 1832, quando faleceu, sendo sepultado na capela de seu engenho Ferreiro Torto.

Foi o Coronel Joaquim José do Rêgo Barros quem ordenou a construção do casarão térreo setecentista que foi erguido sobre as ruínas da casa grande que serviu de quartel e alojamento ao terço dos paulistas. A casa era ampla, cercada de jardins e pomar, sendo bastante confortável. O Cel. Joaquim José vendeu o sítio Coité ao capitão Francisco Pedro Bandeira de Melo, ambos fizeram parte da junta governativa provincial. Joaquim José do Rego Barros passou a residir então no Ferreiro Torto, após sua esposa Maria Angélica ter recebido o famoso engenho por herança de seu avô cel. Manuel Teixeira Casado.

O coronel Joaquim José do Rego Barros reconstruiu ainda o porto que era utilizado frequentemente para seu deslocamento para a capital e para o transporte da cana de açúcar, além disso, reformou a capela dotando-a de um pequeno cemitério. Todo esse cenário era cercado por uma extensa mata e campos, os quais se alargavam pelas margens do Jundiaí as do Pitimbú.


Após a morte de seu reconstrutor, o engenho Ferreiro Torto coube de herança a sua filha dona Maria Rosa do Rêgo Barros Moura, senhora austera e de modos requintados, bem entendida de política, uma vez que era filha de um revolucionário e governador provincial e casada com um presidente de província. Maria Rosa faleceu em onze de novembro de 1853, casou-se aos 03 de julho de 1833 com toda pompa e honra com o poderoso coronel da Guarda Nacional Estevão José Barbosa de Moura *1810 +1891.


O Cel. Estevão foi uma das figuras dominadoras de outrora, expressão legitima da aristocracia rural, senhor de vinte fazendas de gado, suas terras enrolavam municípios inteiros atualmente. Engenhos, escravaria incontável, os melhores cavalos de sela, currais de pescaria, sua vontade era lei.


Como político, foi deputado provincial nos biênios de 1838-39. Três vezes administrou a província do Rio Grande do Norte por ordem de sua majestade imperial o senhor dom Pedro II, em 1841, 42 e 43, e como tal criou a comarca da maioridade, atualmente cidade de Martins.

D. Isabel Cândida de Moura Chaves, filha de Estevão e Maria Rosa, casada com o Dr. Francisco Clementino de Vasconcelos Chaves herdou o solar após o inventário do pai. Foi no Ferreiro Torto que d. Isabel Cândida deu a luz ao Dr. João Chaves. Em 1910 d. Suzana Teixeira de Moura comprou dos tios a propriedade Ferreiro Torto, vendendo-a ao comerciante Manuel Machado em 1914. Terminava ai então um elo que iniciou em 1728. Dai em diante o solar ficaria também conhecido por pertencer a famosa Viúva Machado - d. Amélia Duarte Machado, viúva de Manuel Machado, os quais jamais residiram no casarão.