quarta-feira, 18 de abril de 2012
Fernando Gomes Pedroza e a indústria algodoeira no RN
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Tributo a Alice de Lima e Melo
sábado, 31 de dezembro de 2011
O santeiro de Jardim
Na arte popular existe um vasto espaço para a inventividade e para os saberes pessoais e tradicionais. A imaginação é muito mais livre tanto na forma final do trabalho como nos meios que ele inventa para resolver os problemas de como fazê-lo.
Como afirma J. A. Nemer, “há um alto grau de desafio aos cânones tradicionais da atividade plástica” já que esses cânones são conhecidos “senão através de observação superficial”. Assim, a carência de informação aliada a uma curiosidade fértil abre caminho para a criação.
Natural de Jardim do Seridó, cidade do sertão do Rio Grande do Norte, Geicifran Francisco de Assis Azevedo, 23 anos, filho do conhecido sanfoneiro e também artesão "Chico de Manoel de Rita", desde criança já se destacava de seus amigos por fabricar os próprios bonecos feitos de argila de um riacho próximo, os quais depois eram pintados com tinta guaxe.
Contudo, foi a partir do ano de 2003 que Geicifran passou a fazer imagens sacras esculpidas em madeira (umburana), destacando-se por possuir um estilo primitivista, com tendências próprias dentro de um imaginário popular. Em seu atelier o artista exibe esculturas de santos, cenas do cotidiano sertanejo, bandas de músicas e outras representações com a mesma temática, cada qual com sua inspiração, estilo e suporte.
Sobre quantas peças havia feito o mestre artesão, em sua simplicidade, afirmou que “mais de cem e menos de mil”, para completar dizendo que foi em torno de 500 peças, entre imagens sacras, bandas de música, procissões, dança dos negros do Rosário e cenas do cotidiano sertanejo.
O envolvimento com a cultura de sua terra o fez trombonista da Banda de música “Euterpe Jardinense”, e foi exatamente convivendo na sede da banda que o artista teve os primeiros contatos com a arte do mestre santeiro Júlio Cassiano, que fabricava representações de bandas musicais. Outra influência foi o mestre Vitalino, conhecido santeiro pernambucano.
A arte esculpida na madeira, eterniza o mestre, dá à ele vida além da sua vida. Os mestres santeiros que através de suas peças tocam profundamente o espírito dos fiéis são exemplo da vida que se tira da madeira. Geicifran Azevedo é um exemplo potiguar dessa assertiva. A arte popular é a viva expressão da criatividade do nosso povo. Através da sua fantasia o artista reinventa a realidade, estabelecendo íntima relação entre o real e o simbólico.
O jovem mestre artesão Geicifran Azevedo possui atelier na Rua Celso Ferreira de Morais, COHAB, bairro que fica na saída de Jardim do Seridó para Natal. Seu contato é 9914-7652.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Nosso amigo Coló

Nada tão certo, na condição humana, do que passarmos todos pelas sombras da morte. Segundo a visão cristã, a morte não importa numa derrota, mas no trânsito do tempo para a eternidade. Daí porque o Apóstolo Paulo, certo na nossa ressurreição final, ousou perguntar: "Onde está ó mortea tua vitória"? (I Cor. 15-55). Estas considerações me acorreram ante a notícia da morte de Flaudiano Geraldo, comumente conhecido por Coló.
A geografia humana e sentimental de Macaíba está repleta de figuras queridas por todos na cidade. Coló foi uma dessas pessoas. Durante vários anos foi proprietário da panificadora União, uma das mais tradicionais de Macaíba. Dessa padaria saíram muitos pães doados a pessoas carentes da cidade que recorriam a ele que era, reconhecidamente, um homem bom e justo. Disso deu-nos prova um popular que falou à beira de seu túmulo recordando a benevolência.
Coló foi fundador do Grêmio Estudantil Tavares de Lyra, do Colégio Comercial, juntamente com Neto Soares, outro importante comerciante da cidade, militando na política estudantil e que o levou a se canditar para um cargo na câmara municipal na década de 80. Não logrou êxito nesse intento devido ter sido impresso na cédula de votação o nome Flaudiano Geraldo, de maneira que as pessoas chegavam buscando “Coló” e não encontravam.
Era um entusiasta do esporte municipal, fundou e manteve por muito tempo o time União de futebol de salão. Memorialista de nossa terra, gostava de recordar figuras que elevaram o nome de Macaíba na história.
Querido por todos, Coló já está inserido na memória popular que lhe outorgou, sinceramente, o nome de um conjunto e de uma praça. Oficialmente conjunto São Geraldo e praça Cel. Joca Soares. Porém, para o povo de Macaíba é conjunto de Coló e praça de Coló, devido as terras do primeiro pertencerem à sua família e, relativamente ao segundo, era a praça onde se localizava sua padaria.
Segundo o jornalista Rômulo Stânrley, Coló era filho do casal José Geraldo (já falecido) e Severina Tomé, nascido no dia 5 de outubro de 1946. Natural de São José de Campestre, veio para Macaíba a convite de sua tia Chiquita, quando tinha apenas 12 anos. Quando completou 16 anos, assumiu uma padaria com seus três irmãos: Dida, Dudu e João. Por conta da sociedade familiar, batizou o estabelecimento de Padaria União.
Amigo de sua primogênita Anaíse desde a infância, convivi com Coló em momentos de alegria e de tristeza. Gostava de ouvi-lo falar sobre Macaíba, uma cidade que ele amou profundamente e na qual sempre acreditou. Nosso amigo Coló faleceu no dia 12 de junho do corrente, aos 64 anos. Fica aqui consignada a nossa sincera homenagem a esse personagem importante da geografia sentimental de nossa terra.
Na imagem abaixo, propaganda eleitoral de Flaudiano Geraldo no início dos anos 1980. Coló foi candidato pelo PDS. Quase em cima de seu nome, pintaram, de vermelho, o nome de Romeu, candidato pelo PT. (Foto acervo Anderson Tavares).
