Dr. João de Albuquerque Maranhão, republicano histórico.
Nascido
em 1828, no engenho Miriri, engenho tradicional que os holandeses haviam
encontrado safrejando na Paraíba. Era
filho do capitão-mor João de Albuquerque Maranhão e de Gertrudes Cândida de A.
Maranhão. O coronel Inácio Maranhão, do engenho Belém, em São José de Mipibu
era seu irmão.
Foram
seus filhos: João de Albuquerque Maranhão, nascido em 31 de julho de 1860,
falecido solteiro; André, falecido no Recife em 1928, Antônia casada com Dr.
José Joaquim de Sá e Benevides, Afonso nascido em 1866 e falecido aos 24 de
janeiro de 1933, em Manaus, onde era Juiz de Direito; Maria Luíza, nascida 1868
e falecida solteira em Recife em 1945; João nascido em 20 de junho de 1873 e
falecido em 1880; Luís nascido em 1875 e falecido no Recife, no dia 02 de
fevereiro de 1939; João (o escritor), nascido em Arez no dia 20 de agosto de
1880.
Segundo
o escritor Luís da Câmara Cascudo, João das Estivas foi:
Grande
proprietário, dono de escravos, possuindo mais terras do que certos reinos da
confederação alemã, era bom, compassivo e generoso, tão cheio de boemia e
simplicidade que parecia crédulo e pueril. Os escravos faziam quanto desejavam
fazer. Furtavam como e onde queriam. Surpreendidos, davam explicações curiosas
que o dr. João das Estivas repetia, sorrindo, como se as acreditasse.
Bacharel
pela Faculdade de Direito de Olinda, turma de 1853, fixara-se em Estivas, no
casarão enorme, com vasto janelório aberto, rodeado de alpendres, espécie de
solar e casa grande, erguida em 1810. Era filiado ao Partido Conservador, cuja
liderança se estendia pelos municípios de Arez, Canguaretama, Goianinha e até a
província da Paraíba. Foi deputado provincial de 1874-75 e de 1876-77, sem
grandes entusiasmos pela política absorvedora da época.
Seu
pai, o capitão-mor João de Albuquerque Maranhão de Miriri, foi um dos mais
ativos republicanos de 1817. Casou com a prima Antônia Josefa, irmã de
Andrezinho de Cunhaú. O Dr. João era o primogênito. Morando em Estivas herdou o
lindo costume feudal, o nome da família junto ao da recordação de posse da
terra. Ficou sendo para todos de seu tempo Dr. João das Estivas.
Segundo
os jornais da época, no ano de 1888, João das Estivas alforriou, sem condições,
todos os seus escravos. Fez uma festa e serviu aos alforriados. Quando Pedro
Velho decidiu fundar o Partido Republicano no Rio Grande do Norte, convidou o
Dr. João das Estivas para presidir a cerimônia, sendo eleito presidente daquela
agremiação no dia 27 de janeiro de 1889. Era tido como o mais antigo
republicano do estado.
Numa
quinta-feira, 26 de dezembro de 1889, o Governador Dr. Adolfo da Silva Gordo e
comitiva, desembarcaram na estação do engenho Baldum e seguiram em grande
cortejo até a cidade de Arez, onde foram saudados pela oratória do Dr. João de
Albuquerque Maranhão, que deu vivas à República e ao governador!
Em
16 de janeiro de 1890, o governador Dr. Adolfo Gordo nomeou, em cada município,
uma Intendência, dentro dos novos padrões de administração republicano. Na
cidade de Arez, o Dr. João de Albuquerque Maranhão foi designado presidente da
Intendência, sendo auxiliado pelos intendentes Primo Feliciano Mártir e Manoel
Augusto de Carvalho.
Desgostoso
com os rumos políticos impetrados por Pedro Velho, o Dr. João das Estivas
filiou-se, solidário, junto a outros importantes republicanos históricos ao
Centro Republicano 15 de novembro, fundado em Natal no dia 16 de março de 1890.
O
Dr. João das Estivas faleceu de problemas cardíacos no dia 04 de novembro de
1890, ao chegar de uma viagem que fizera a Natal, na casa grande do seu engenho
Estivas. Morreu no exercício do cargo de Presidente da Intendência de Arez,
sendo substituído por Manoel Augusto de Carvalho.
Coronel André Júlio, filho de Dr. João das Estivas, último Albuquerque Maranhão no comando de Estivas.
Dr. João de Albuquerque
Maranhão Júnior
Escritor João de Albuquerque Maranhão Júnior escreveu A Casa de Cunhaú, em 1956.
Nascido
no engenho Estivas, na cidade de Arez, aos 20 de agosto de 1880, estudou
humanidades no Recife, cursando o Instituto Pestalozzi do educador brasileiro
Dr. Raimundo Honório da Silva, formando em Direito pela Faculdade de Direito do
Rio de Janeiro, com a turma de 1921.
Oficial administrativo do Ministério da
Fazenda. Jornalista. Delegado dos Tribunais de Contas nos estados de Sergipe e
Pará e delegado fiscal do Tesouro Nacional no Amazonas. Foi para o Amazonas no
ano de 1903, quando ainda estudante e por lá viveu 28 anos.
Casou
em Pernambuco no ano de 1911 com Laura Tavares da Cunha Melo, que faleceu em
1915, com quem teve o escritor Petrarca Maranhão, Lauro Tavares da Cunha Melo;
casou em segundas núpcias com Maria Oneide Maranhão da Costa em 1930, com quem
teve Fernando Augusto de A. Maranhão.
Em
1956, escreveu o livro História da Casa de Cunhaú, prefaciado por Gilberto
Freyre. Trata-se de um excelente livro que destaca os antigos ramos da família
Albuquerque Maranhão em seus diversos seguimentos.
Faleceu
na cidade do Rio de Janeiro, em sua residência, no bairro de Ipanema, no dia 24
de maio de 1958.