sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A lápide de Jerônimo de Albuquerque Maranhão

Forte dos Reis Magos na visão de Frans Post ao tempo de Jerônimo de Albuquerque.
Aspecto do Engenho Cunhaú em desenho de Frans Post.

Lápide do Fundador Jerônimo de Albuquerque Maranhão. (Foto Anderson Tavares, 2008)


Jerônimo de Albuquerque, que posteriormente acrescentou o agnome Maranhão, nasceu em 1548 na Vila de Olinda, era o terceiro e último filho varão do casal Jerônimo de Albuquerque e Maria do Espírito Santo Arcoverde. Esta, filha do chefe tabajara Arco-Verde. Segundo o genealogista Borges da Fonseca, “viveu Jerônimo d’Albuquerque na pátria com a honra própria do seu nascimento”.



Jerônimo teve destacada atuação nos fatos relacionados com a reconquista da Capitânia do Rio Grande aos franceses, como capitão de uma companhia trazida em dezembro de 1597 ao Potengi, pelo capitão-mor de Pernambuco Manuel Mascarenhas Homem.



Filho de índia, Jerônimo de Albuquerque sabia se entender com sua gente. Logo que toma posse do Forte dos Reis Magos, entra em contato com um dos principais chefes indígenas locais – Poti – com o objetivo de captar as simpatias dos demais. Obtida a pacificação dos índios, Jerônimo se sentiu seguro para demarcar em terreno firme e elevado, o sitio da nova cidade, na margem direita do rio Potengi.



Aos 9 de janeiro de 1603, Jerônimo foi nomeado Capitão-mor do Rio Grande, em substituição a João Rodrigues Colaço, que o antecedera no cargo. Concedeu-lhe a mercê D. Filipe II de Castela, que então acumulava a coroa de Portugal.


Jerônimo de Albuquerque assumiu o governo do Rio Grande no dia 7 de julho de 1603 e já no ano seguinte, a 2 de maio, concedeu uma sesmaria de 5.000 braças em quadra, aos seus filhos Matias e Antônio de Albuquerque, em cujas terras logo foi instalado um engenho de cana, o famoso engenho Cunhaú, que se tornaria o mais importante núcleo econômico da Capitania.


Jerônimo foi nomeado, em 17 de junho de 1614, capitão da conquista e descobrimento do Maranhão, região que então se achava sob o domínio dos franceses. Em 19 de novembro de 1614Jerônimo alcançou uma decisiva vitória sobre os franceses comandados por La Ravardiere, no chamado combate de Guaxenduba.


Oito dias depois, ainda sobe a alegria da vitória alcançada, Jerônimo acrescentou ao seu nome o apelido “Maranhão”, conforme consta de sua assinatura aposta em documento de 27 de novembro. O genealogista Borges da Fonseca, na sua Nobiliarquia Pernambucana, ensina que a aposição do topônimo ao nome primitivo de Jerônimo de Albuquerque, foi uma mercê do Rei D. Filipe II, por remuneração do serviço da conquista do território maranhense, gesto “de que muito se prezaram seus descendentes”.

Jerônimo de Albuquerque Maranhão, por sua condição de Fidalgo Real, casou com d. Catarina Feijó, filha de Antônio Pinheiro Feijó e Leonor Guardes. Jerônimo de Albuquerque Maranhão foi o primeiro capitão-mor do Maranhão, de 1616 a 1618, cargo em que foi substituído, por sua morte, pelo filho Antônio de Albuquerque Maranhão.



O Barão do Rio Branco afirma em seu livro “Efemérides Brasileiras” que Jerônimo de Albuquerque faleceu no dia 11 de fevereiro de 1618 em São Luis do Maranhão. Já Borges da Fonseca, em seu livro já citado destaca que o fundador de Natal faleceu no seu engenho Cunhaú. Com quem está a razão?



Na tradicional Capela do Engenho Cunhaú, encontra-se uma antiga pedra tumular, já bastante desgastada pelo atrito ocasionado pelos pés dos freqüentadores daquele templo, no decorrer de quase quatro séculos de presença religiosa.



A placa mede cerca de 1,24 x 0,69m, a pedra encontra-se posicionada no piso da capela, ao pé do retábulo. O historiador Olavo Medeiros conseguiu, ao cabo de muito esforço decifrar a inscrição lapidada: QUIJA O DADO JNIMODE ALBUQ.MARANHÃO. (AQUI JAZ O FUNDADOR JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE MARANHÃO).


Atraves da leitura do texto contido na pedra tumular, fica definitivamente esclarecido o fato de ter falecido e sido sepultado em Cunhaú, o velho Capitão-Mor, fundador da Cidade do Natal Jerônimo de Albuquerque Maranhão, figura de destaque que marcou a história nordestina.

domingo, 24 de janeiro de 2010

O Engenho Cunhaú

Cel. André de Albuquerque Maranhão, Senhor Hereditário da Casa de Cunhaú. Chefe da Revolução de 1817 no RN. Fonte: pintura de Evaldo, acervo do IHGRN.

Com a introdução do regime das Capitanias hereditárias no Brasil, foram concedidas em 8 de março de 1535, cem léguas de terra ao longo do mar a João de Barros e Aires da Cunha. O atual Estado do Rio Grande do Norte achava-se incluída naquela Capitania de João de Barros e Aires da Cunha, cuja extensão estendia-se da Baia da Traição, na Paraíba, à enseada de Mucuripe, no Ceará.

Em 1516, os franceses já haviam estabelecido um processo de trocas comerciais com os indígenas Potiguares, habitantes do litoral norte-rio-grandense, o que ensejou a vinda do Capitão-mor de Pernambuco, Manuel Mascarenhas Homem, Capitão-mor da Conquista do Rio Grande. Acompanhava Mascarenhas Homem os irmãos Antônio, Jorge e Jerônimo de Albuquerque, figurava este último como comandante de 3 companhias de infantaria e uma de cavalaria.

Com a ação desenvolvida por Jerônimo de Albuquerque junto ao índios Potiguares pôde ser restabelecido o poder português na Capitania do Rio Grande, ocorrendo em seguida a expulsão dos franceses e a demarcação do sitio onde ocorreu a fundação da atual Cidade do Natal em 25 de dezembro de 1599.

Jerônimo de Albuquerque (que posteriormente acrescentaria o agnome Maranhão por mercê real) assumiu o cargo de Capitão da Fortaleza do Rio Grande em 7 de julho de 1603. No ano seguinte, concedeu ele aos filhos infantes Antônio e Matias de Albuquerque, cinco mil braças de terra em quadra (12.100 hectares) na várzea do rio Cunhaú, no Rio Grande do Norte. Logo surgiria o primeiro engenho de açúcar da capitania, o tradicional engenho Cunhaú, cenário de tantas páginas de nossa história.



Cunhaú tornou-se o principal núcleo econômico da Capitania. Em 1630 o Engenho Cunhaú produzia de 6 a 7.000 arrobas (88 a 103 toneladas) de açúcar, ali morando 60 ou 70 homens com suas respectivas famílias. Durante o período do domínio holandês, Cunhaú foi confiscado, passando às mãos de diversos proprietários. Após a expulsão dos holandeses, o engenho reverteu ao domínio da família Albuquerque Maranhão, com ela permanecendo até a terceira década do século passado, constituindo-se em uma verdadeira Casa Hereditária através das gerações varonis que ali sucederam.



A capela edificada por Jerônimo de Albuquerque, quando da fundação do engenho em 1604, foi retratada pelo artista flamengo Frans Post, constando do famoso livro Barléu, que trata do período em que o Conde João Maurício de Nassau-Siegen governou o Brasil Holandês.



Certamente, o episódio que marcou sobremaneira a vida social da capela de Nossa Senhora das Candeias do Cunhaú, foi o massacre ali praticado na manhã de 16 de julho de 1645, durante a conquista dos Holandeses. Tapuias Janduis e Potiguares liderados pelo alemão Jacob Rabbi, em número de 500 indivíduos, perpetraram uma chacina na capela, por ocasião de uma missa cujo celebrante era o padre André de Soveral, ancião de 73 anos de idade. O número de vitimas do aludido morticínio varia conforme os diversos cronistas que o descreveram: entre 35 e 80 inclusive padre Soveral. A matança no engenho marcou o inicio da insurreição pernambucana contra a presença holandesa, somente posta encerrada em janeiro de 1654.



O mais ilustre filho de Cunhaú foi André de Albuquerque Maranhão, segundo do nome, nascido naquele engenho no ano de 1773. Foram seus pais o Cel. André de Albuquerque Maranhão, 5º senhor hereditário de Cunhaú e dona Antônia Josefa do Espirito Santo Ribeiro. Em 1810 o engenho Cunhaú foi visitado pelo inglês Henry Koster, que dedicou várias páginas do seu livro Viagens ao Brasil àquele engenho e ao proprietário, o Cel. André de Albuquerque.


Andrezinho do Cunhaú, como era conhecido aquele fidalgo, presidiu a Revolução Republicana de 1817, na Capitania do Rio Grande, instalada em Natal no dia 28 de março do mesmo ano. André foi deposto por uma reação de monarquistas devotos, sendo ferido na virilha com um golpe de espada, o que ocasionou a sua morte no dia 25 de abril de 1817, preso na pior sela da Fortaleza dos Reis Magos, em Natal. Em 1995, durante restauração da antiga Sé de Natal foram encontrados os seus despojos, sendo providenciado um túmulo para o mártir de 1817.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O Ramo Leopoldo

Antônio Soares Raposo da Câmara, filho do Gonçalo-morgado e de d. Ana Maria Soares de Melo, nasceu em Natal, possivelmente por volta de 1789 ou anteriormente. Usava o nome de Antônio Francisco da Câmara e, em julho de 1822, na moção oficial com que os povos da Capitania do Rio Grande pediram a conservação de D. Pedro de Bragança na Regência do Brasil, assinou com a patente de "cadete".

Casou a 9 de fevereiro de 1803 com d. Luzia Gomes dos Praxedes, filha de Manuel do Nascimento Nogueira e Costa e de d. Helena Gomes de Moura, falecido a 10 de abril de 1824.


Houve apenas um filho: Manuel Leopoldo Raposo da Câmara, nascido a 8 de setembro de 1810 e morto a 4 de novembro de 1905, na cidade de Ceará-Mirim.Antônio Soares Raposo da Câmara morreu nas eras de 70.


Manuel Leopoldo Raposo da Câmara casou em 1845 com d. Antônia Carrilho do Rego Barros, filha de José Fernandes Carrilho e de Rosa Carrilho do Rego Barros, nascida em 1828 e falecida em 15 de outubro de 1918. Dezoito filhos.


Morreram sem descendência: Maria Rosa, aos 15 anos, Antônio, em 1850 com três anos, José 1851- 53, Antônia, 1857- 60, Manuel Rosa, 1860-3, José, morto em 1855 com seis meses, Adolfo, 1861-2, Manuel, 1868-78, Luís, 1870-87.


O ramo Leopoldo-Raposo-da-Câmara estendeu-se pela vasta prole dos 9 restantes filhos de Manuel Leopoldo-Antônia Carrilho.


Antero Leopoldo Raposo da Câmara (1846-1910) casou com d. Maria Dionísia Seabra de Melo, filha de Joaquim Romão Seabra de Melo e de d. Maria Dionísia, filha de José Fernandes Carrilho e d. Rosa Carrilho do Rego Barros.


Maria Rosa, casada com Des. Luiz Manuel Fernandes Sobrinho, faleceu em 14/5/1960. Nascera em 1874.


1 °) Luís Potiguar Fernandes. Bel. Solteiro;


2°) Maria Rosa c/c Pedro Leiros;


Filho: Geraldo.


3°) Aguinaldo, falecido.


4°) Benevenuto, falecido criança.


5°) Pautila, falecida criança.


6°) Humberto, c/c Edit Ponteial.


Dionísia - casada com Cícero Franklin de Souza:


1 °) Oswaldo, acadêmico Direito;


2°) Otávio, acadêmico Medicina.


Antônia - viúva de Manuel Clodoaldo de Melo:


1 °) Clarisse – 2°) Carmem.


Alcina, viúva de Alberto Luís Adolfo Sprenger.


Altiva


Abelardo.


Rosa, casada com Joaquim Leopoldo Raposo da Câmara, viúvo de D. Raimunda Oliveira Fernandes ou Raimunda Fernandes da Câmara.


Irene, c/c Elídio Cavalcanti Pessoa Filho, natural de Recife: Filhos - Joaquim Elídio - Efigênio - Jorge - Elídio Neto - Frederico - Rosa Maria (falecida) Eliane. Em segundas núpcias com Joaquim Pinheiro - não houve filhos.


Lídia - c/c Leônidas Ribeiro. Sem filhos.


Dolores - c/c Ovídio Pereira. Filhos: Joaquim lnácio e Aida c/c Dr. Odilon da Silveira, do Recife, pais de: Marcos e Roberto.


Raimundo - c/c d. Olímpia. Enviuvou e casou com Conceição, não tendo filhos.


Augusto Leopoldo Raposo da Câmara (1856-1941). Bacharel em 1880. Deputado provincial e estadual. Deputado Federal. Vice-presidente do Estado. Jornalista. Advogado. Casou a 4/10/1890 com D. Maria Pia Pereira, filha do Comendador Joaquim lnácio Pereira e de d. Maria Benevides Seabra de Melo, falecida em Natal, a 15 de outubro de 1923.


Mário Leopoldo Pereira da Câmara. Bacharel. Casado com Beraldina Schultz Ribeiro. Filho: Fernando.


Maria Conceição da Câmara c/c Raimundo.


Abelardo Leopoldo Pereira da Câmara c/c Eugênia de Faria Caldas. Filho: Maurício.


Paulo Leopoldo Pereira da Câmara. Engenheiro. Viúvo de d. Maria Cristina Veras Leite. Filhos: Maria Pia e Vera Maria.


Aluisio Leopoldo Pereira da Câmara. Médico. Casado c/Sancha Melo. Filhos: Ana Maria.
Cícero Leopoldo Raposo da Câmara (1862 + ?). Casado com d. Paulina, filha de Paulino Carrilho do Rego Barros e, em segundas núpcias com d. Maria Salomé Carrilho.


Alzira - casada com Adolfo Varela. Filho: Raimundo.


Luís - Alberto e Lauro falecidos.


Noemi c/c Jorge Câmara. Filhos: Newton - lvone - Roberto - Eleonora, Gustavo, Joaquim - Danilo e Lêda. Cyrene, (falecida aos 13 anos).


Augusto Leopoldo Raposo Câmara Sobrinho, oficial da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte.


Francisco


Maria Celina - casada.


José


Clóvis falecido 18/5/49. Era casado com Durvalina Emerenciana e tinha 4 filhos.


Vanda casada. Sem filhos.


Do segundo matrimônio com d. Maria Salomé:


Geraldo


Paulino


Margarida


Lúcia


Alfredo Leopoldo Raposo da Câmara (1865 + ? ) casou com d. Maria Emília de Paiva Câmara, filha de Francisco Ribeiro de Paiva. Quatorze filhos:


Raimunda viúva do Bel. Miguel Ferreira de Castro. Teve 21 filhos, dos quais são vivos 9.


Maria Julieta (freira dorotéa);


Estelita casada c/Celso Moura (três filhos)


Cecília - solteira.


Lutigardes c/c Colombo Dantas. Falecida (sete filhos)


Adalgiza c/c Heitor Pacheco Dantas (dois filhos) enviuvando se casou com Ranulfo Pacheco Dantas (três filhos).


Francisco de Sales (falecido com 3 meses)


Guiomar c/c Manuel Borges (dois filhos) falecida.


Maria Philomena (Araci) solteira.


Djanira (freira Dorotéia)


Elisabet (freira Dorotéia)


Dulce (falecida com um ano)


Inez segunda mulher, de Manuel Borgês (três filhos).


Ana c/c Apolônio Lima.


Joaquim Leopoldo Raposo da Câmara (1867 + 6/6/905) casado em 1 as núpcias com d. Raimunda de Oliveira Fernandes, filha de Benevenuto Fernandes de Oliveira, e em 2as, núpcias com Rosa, filha de Antero.


Adália - Freira da Sagrada Família.


Maria Dulcina c/c o Bel. Cleto Ligório Soares da Câmara, no dia 22 de julho de 1914, na cidade de Natal. Filhos:


Levi Carlos Soares da Câmara nasceu a 22/8/1915, cursou a Escola de Direito do Recife, c/c Eunice Bastos de Sousa na cidade de Salvador (Bahia) no dia 22 de agosto de 1946. Residia em Natal. Faleceu em 10 de fevereiro de 1947.


Maria Nicéa Soares da Câmara, nasceu em 4 de junho de 1921. Curso ginasial completo. Casou a 30/9/43 com Bernardo Lucien de Broutelles, natural da Bahia. Filhos: Marlene, Helene e Bernardo.


Jorge Fernandes da Câmara c/c Noemi Raposo da Câmara (Com filhos).

Heli, oficial da Brigada Policial de S. Paulo c/c Tosca Roco. Falecido.

Gastão Fernandes da Câmara: Engenheiro. Solteiro.


João Leopoldo Raposo da Câmara (n.1871) casado com Rebeca Morizete.


Grace


Jobn c/c Jail


Alice c/c Robison Herbert


Nilo c/c Adalgisa Couceiro.


Rosa Amélia da Câmara (1857-1888) Foi a 1 a mulher do Des. Luiz Mel. Fernandes Sobrinho.
Pedro Leopoldo Raposo da Câmara (n. 1863) Casado com d. Rosa Carrilho, filha de Paulino Carrilho do Rego Barros.


Antônia que se casou com Luís Pimenta (com filhos)Braz casado com d. Amélia Cerqueira (com filhos).


Maria Salomé casada com seu tio paterno Cícero Leopoldo Raposo da Câmara.


Aline casada com José do Rêgo (com filhos)


Valdemar Teófilo Leopoldo Raposo da Câmara (n. 1859) casado com D. Alice Adour, pais de

Jaime Adour da Câmara.


Virginia


Irmá


Manuel casado e com dois filhos. Alcides - solteiro. Edgar - casado. Jaime Adour da Câmara (1898-1964)


Gilda


Carmem


Sílvia.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Ramo do Morgado

Luís Soares Raposo da Câmara, o mais velho dos filhos de Gonçalo, herdou a morgadia na ilha de S. Miguel que seu pai trazia sempre arrendada. Luís nasceu em 1770 e morreu em Natal a 8 de junho de 1853. Casara com D. Maria d' Apresentação de quem houve vasta prole. Tenho notícia de oito rebentos. D. Maria d' Apresentação era filha do sargento-mor Antônio de Barros Passos e de sua mulher d. Bernardina Rita da Assunção. Esse sargento-mor era natural do Recife de Pernambuco e como comandante das Armas governou a Capitania do Rio Grande. Enviuvara e contraíra segundas núpcias com d. Inácia Juliana de Oliveira, filha de Salvador Rebouças de Oliveira, natural da vila do Assú e de d. Rosa Maria de Oliveira, de Natal.

Luís Soares Raposo da Câmara enviuvou a 19 de novembro de 1838 não mais casando. Filhos:

Francisco - 2 de julho de 1794.

Joaquina - 14 de abril de 1797.

Joaquim - 7 de setembro de 1798 e morreu a 2 de setembro de 1855.

Inácio - 10 de fevereiro de 1802.

Maria - 7 de outubro de 1804.

José - 4 de janeiro de 1806.

Maria. 30 de outubro de 1810.

Francisca - 16 de janeiro de 1815.

Francisco, o primo-nato, morreu criança. O direito ao morgado passou para Joaquim Soares Raposo da Câmara. Aqui se desfaz um ponto que na família era tido como absoluto. Afirmava-se que Joaquim Soares era filho de Gonçalo-Morgado quando está provado ser neto. O ramo do Morgado é o seguinte, desde Joaquim até 1931.

Joaquim Soares Raposo da Câmara nascido a 7 de setembro de 1798, faleceu em Natal a 2 de setembro de 1855. Casou com d. Josefa Francisca, filha do capitão Francisco Pereira de Brito e de d. Ana Maria de Abreu, todos moradores na vila de Extremoz. Filhos:

Luiz - 15 de fevereiro de 1822. Morreu criança.

Joaquim - nascido em 1828. Foi o Morgado.

Antônio - 13 de julho de 1833.

José - 14 de junho de 1835. Casou e deixou um filho. Fora de Natal. Fez a guerra do Paraguai.

Francisco de Paula. Foi sacerdote.

Maria Salomé, falecida em Natal a 11-11-1922 com 91 anos. Havia casado em 6 de fevereiro de 1851, com José Barbosa Aranha, da Bahia, filho de José Joaquim Aranha e Ana Joaquina Barbosa, e faleceu em 28-7-1858.

Joaquim Soares Raposo da Câmara, nascido em 1828, faleceu a 10 de maio de 1878. Casou a 27 de agosto de 1854, com d. Guilhermina Benvinda de Souza Caldas, filha de Antônio José de Souza Caldas, da vila de Santarém patriarcado de Lisboa e de d. Josefa Maria Nazaré. Neta paterna de José de Souza Caldas e de d. Ana Joaquina de Jesus, da vila de Santarém e neta materna do tenente Carlos José de Vasconcelos e de d. Josefa Maria da Conceição, todos .os outros naturais de Natal.
Em segundas núpcias, Joaquim Soares se casou a 2 de junho de 1870, com Ana Carolina de Almeida e Silva, viúva de Joaquim Gomes da Silva. Não houve filhos do segundo matrimônio.

Do primeiro, são os seguintes:

Antônio - morreu criança.

Joaquim - 1855-1930. Casou com d. Ana Carolina Pinto de quem não houve filhos. Neste Joaquim Soares Raposo da Câmara, terceiro do nome, terminou a varonia em linha reta do "Ramo Morgado".

Josefa casada com Rodolfo Ferreira de Goes. Não tiveram filhos. Ambos já falecidos.

Benvinda, morreu solteira. Nascera a 2 de abril de 1860.

João Carlos - casado com d. Geracina Leonila, filha de lnácio Ferreira de Goes e de D. Maria Joaquina de Goes. Falecido em 27 de março de 1933. Filhos:

Anfilóquio Carlos - bacharel. Casado em primeiras núpcias com d. Áurea Barros. Casado em segundo matrimônio com d. Jandira Jupira de Paula. Sem filhos de ambos os casamentos.

Cleto Ligório - bacharel. Casado com d. Maria Dulcina, filha de Joaquim Leopoldo Raposo da Câmara. Filhos:

Levi Carlos.

Maria Nicéa.

Lélio Augusto - bacharel solteiro.

Balbina (viúva) casada com Francisco de Paula Soares da Câmara. Filha: Francisca de Paula Soares da Câmara.

Elvira (viúva) casada com Francisco Ferreira de Goes. Sem filhos..

Adauto morreu criança.

Maria, casada com João Francelino Pereira da Mata: um filho com o mesmo nome paterno e um outro com o nome de Sálvio. Falecida.

Francisco de Paula Soares da Câmara, que se ordenou, teve filhos bastardos. Legitimou-os. Foram:

Ana - casada com Bonifácio Francisco Pinheiro da Câmara, filho do coronel Bonifácio Francisco Pinheiro da Câmara e de d. Joana Cândida Borja Pinheiro da Câmara.

Francisco de Paula - casado com Balbina Soares Raposa da Câmara, filha de Joaquim Soares e de d. Guilhermina Benvinda de Souza Caldas.

Maria - morreu em um acidente.

Antônio e José, filhos de Joaquim Soares e Josefa Francisca, não permitiram que lhes visse traço da vida. Com estes nomes finda a linha direta do major Luís Soares Raposo da Câmara, o ramo varonil com direito ao morgado. O morgado na ilha de São Miguel foi vendido nas eras de 1870 pelo capitão Joaquim Soares, pai do último do nome, o lIIº.

Dos outros filhos de Luís Soares Raposo da Câmara apenas colhi dados sobre as duas Marias e lnácio.

Inácio - casou a 27 de julho de 1823 com d. Joaquina Francisca Soares de Moraes, filha do capitão Manuel José de Moraes e de d. Rosa Maria de Viterbo. Filho: José - 7 de abril de 1833.

Maria Adelaide - casada com Joaquim José Pinto, natural da cidade de Goiázes, filho do capitão José Pinto da Fonseca, natural do bispado de Vizeu e de d. Felisberta Joaquina de Oliveira, natural de Goiás. Filhos: José - 19 de setembro de 1827; Joaquim - 09 de outubro de 1828.

Maria d' Apresentação - casada com João Pereira de Azevedo, da freguesia de S. Nicolau, da cidade de Porto, filho de Manuel Pereira de Azevedo e de D. Mariana Margarida de Azevedo. O noivo tinha 22 e a noiva 16 anos. O casamento realizou-se "na casa de residência do Governador da Província" a 31 de agosto de 1821. Há o tratamento de alferes para o nubente.

Joaquina - 22 de janeiro de 1822.

TEREZA SOARES RAPOSO DA CÂMARA

Tereza, filha de Gonçalo Soares Raposo da Câmara e de d. Inez Romana de Melo, nasceu em Natal aos 18 de agosto de 1812. Foram seus padrinhos o capitão Luís de Albuquerque Maranhão e sua irmã, d. Delfina Rita d' Albuquerque Maranhão.

Casou com o português Manuel Ferreira de Lima. Um filho do casal foi o bacharel Antônio Augusto Ferreira de Lima, secretário da presidência da Província do Rio Grande do Norte na administração do dr. Henrique Pereira de Lucena, nomeado a 31 de Maio de 1872, empossado a10 de julho do mesmo 1872 e que deixou o governo a 17 de novembro de 1872.

O Dr. Antônio Augusto Ferreira de Lima faleceu desembargador no Superior Tribunal do Estado do Rio Grande do Norte.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Os Raposo da Câmara II

MANUEL RAPOSO DA CÂMARA

Manuel Raposo da Câmara falecera antes de 1783, quando sua mãe d. Antônia da Silva fez o testamento, pois menciona os filhos vivos e entre eles não figura Ma¬nuel. Consegui provas da sua existência nos registros de balizamentos onde era ritual mencionar-se avô e avó. Aqui estão os dois documentos:

Manuel - Batizado a 10 de janeiro de 1771, filho legítimo de Manuel Raposo da Câmara e de d. Maria d' Anunciação de Ramos. Neto paterno de Manuel Raposo da Câmara, natural da ilha de São Miguel e de d. Antônia da Silva e neto materno de Gonçalo Soares Raposo da Câmara e de d. Ana Maria, ambos da Paraíba assim como a mãe.

José - nasceu a 20 de setembro de 1779, filho legítimo de Manuel Raposo da Câmara e d. Constança de Albuquerque. Neto paterno de Manuel Raposo da Câmara, natural da ilha de S. Miguel e de d. Antônia da Silva, da freguesia de Nª Sª da Apresentação de Natal, e neto materno de Manuel de Melo e Albuquerque e de d. Ângela de Souza.

Anterior é o nascimento de Felipa

Felipa - filha legítima de Manuel Raposo da Câmara, do Rio Grande do Norte e de sua mulher d. Maria d' Anunciação de Ramos, da cidade da Paraíba, moradores nesta freguesia. Neta paterna de Manuel Raposo da Câmara, da ilha de São Miguel e de sua mulher d. Antônia da Silva, natural da cidade de Natal, e materna de Gonçalo Soares da Câmara, do Natal e de sua mulher d. Ana Maria do Nascimento, natural da Paraíba e moradores nesta freguesia, nasceu no dia 10 de maio de 1767.

Os filhos de Manuel Raposo, segundo do nome, foram:

Felipa - 10 de maio de 1767.

Maria

Miguel

Manuel - batizado a 10 de fevereiro de 1771.

José - batizado a 20 de setembro de 1779.

Manuel Raposo da Câmara, pelo visto, casou duas vezes. A primeira com uma filha de Gonçalo Soares Raposo da Câmara, sobrinho legítimo, por ser filho de seu irmão Vitorino. Casado com d. Maria d' Anunciação de Ramos, em 1779 já surge ao lado de sua segunda mulher, d. Constança de Albuquerque, filha de Manuel de Melo e Albuquerque e de d. Angélica de Souza. O simples enunciado dos cognomes dispensa a prova de nobreza.

Felipa, José, Maria e Manuel não tiveram a bondade de permitir que lhes enxergasse vestígio de crônica e descendência.

Do terceiro Manuel Raposo sei apenas que em outubro de 1804 estava em Natal e tinha a patente de alferes.

FILHAS DO PRIMEIRO MANUEL RAPOSO DA CÂMARA

D. Antônia da Silva em seu testamento menciona as filhas. Eram cinco: Quitéria, Marcelina, Rosa, Josefa e Maria, todas solteiras quando do falecimento da mãe. Josefa Raposo da Câmara chegou aos oitenta e cinco anos. Faleceu de palma e capela a 05 de dezembro de 1809.
Marcelina do Espírito Santo casou com Ambrósio Manuel de Albuquerque Melo, de quem houve um casal:

Ana - nascida a 24 de fevereiro de 1762.

João - nascido a 23 de fevereiro de 1769.

Ambrósio Manuel era filho de Manuel de Melo e Albuquerque e de d. Angélica de Souza, sogros de Manuel Raposo da Câmara, segundo do nome, em seu casamento número dois. Marcelina era cunhada do marido.

OBS: O casamento de Marcelina com Ambrósio Manuel foi feito a 26 de abril de 1759.

De Rosa, Quitéria e Maria, ignoro o paradeiro. Quitéria parece ser a mais velha e possivelmente juntou-se às Onze Mil na pureza do seu estado. Rosa herdou a vinha avoenga na ilha de S. Miguel. Não sei se o odor dos claretes ilhéus tentou algum "bom-sangue" setecentista. De Maria nada, absolutamente, achei...

Marcelina do Espírito Santo faleceu em Natal a 24 de outubro de 1805. O registro de óbito atesta a idade de cinqüenta anos. De Ambrósio Manuel perdi a pista logo depois de viúvo...

GONÇALO SOARES RAPOSO DA CÂMARA

Gonçalo, primogênito de Vitorino da Silva Câmara, ficou chamado comumente "Gonçalo morgado" e foi o patriarca da família. A mais alta percentagem dos Raposo da Câmara pertence ao seu sangue. Até ele expiravam as lendas da família. Já em 1718 Manuel Raposo da Câmara era membro do Senado da Câmara de Natal...

Pelos documentos que compulsei é impossível dizer onde nasceu Gonçalo. Em diversos assentamentos de batismo encontro "natural da freguesia de Nossa Senhora das Neves da cidade da Paraíba" e noutros o banal e rápido "natural desta freguesia". As provas dum e doutro lado contrabalançam qualquer estimativa. Casou três vezes.

No registro de Felipa, filha de Manuel Raposo II, genro de Gonçalo, há uma d. Ana Maria do Nascimento. Existe outra d. Ana Maria Soares de Melo e uma d. Inez Tomásia de Melo que foi a derradeira Sulamita desse Salomão tropicalesco. (a tinta) "D. Ignes morreu em Natal a 8 de outubro de 1846, com mais de 60 anos".

Parece ter havido ligação anterior ao casamento porque esse primeiro se dá em 1778 e o primogênito Luís morre em 1853 com 83 anos, o que lhe denuncia o nascimento para 1770.

O assentamento de Casamento de Gonçalo-morgado assim diz:

"Aos trinta de junho de mil setecentos e setenta (a tinta) "sessenta?" e oito, as sete horas da manhã, pouco mais ou menos, nesta Matriz, corridos os banhos nesta Matriz e nas mais partes de suas naturalidades, e residências, dispensadas por sua Excelência Reverendíssima nos quatro graos de consangüinidade atingente ao terceiro, de licença minha, na presença do Padre Coadjutor Bonifacio da Rocha Vieira se cazarão com palavras de presente Gonçalo Soares Raposo da Câmara, filho legítimo de Vitorino Raposo e de Joana Maria de Jesus, com dona Ana Maria Soares de Melo, filha legítima de Dionísio da Costa Soares e d. Eugenia de Oliveira e Melo, e logo receberão as benções conforme os ritos da Santa Madre Igreja, etc. Pantaleão da Costa Araujo, Vigário do Rio Grande"

Dionísio Soares da Costa, ou vice-versa, era sargento-mor e ocupava o altíssimo posto de Provedor da Real Fazenda na Capitania do Rio Grande.

Os filhos de Gonçalo-Margado são:

Caetana Maria, nascida a 3 de maio de 1778. O assento dá 1768, o que deve ser engano. "casou com Ricardo Witshire, que morreu aos 60 a 26-1823; no inventário de sua mãe figura em 1º”.
Luís Soares Raposo da Câmara, morreu aos 83 anos, a 8 de junho de 1853. Nascera em 1770. Era major.

Dionísio (a tinta) "da Costa Soares, capitão, nasceu a 17-7-1774. Fixou-se no vale do Ceará-Mirim". "4° avô do Senador João Câmara".

Manuel (viúvo em 1808) casou a 10-7-1804 com Anna Joaquina de Souza, filha do capitão Antônio José de Souza Oliveira e Joana Francisca de Melo.

Antônio deve ter nascido mais ou menos em 1789, pois seu filho único nasce em 1810. "em julho de 1822 tinha a patente de Cadete. Casado já em 1808".

Joaquim Torquato, nascido a 27 de fevereiro de 1788.

Maria, nascida a 29 de março de 1793. "16 anos em 1808".

José Januário (a tinta) com 12 anos em 1808.

Joana, nasceu a 12-4-1776.

Maria, batizada a 24 de agosto de 1811.

João, batizado a 14 de julho de 1814.

Tereza, nascida a 18 de agosto de 1812.

Joaquim, batizado a 19 de junho de 1819. O pai morrera em fevereiro. A criança foi batizadas com "hum dia de vida". Foram padrinhos o capitão José Alexandre Gomes de Melo e sua mulher d. Joana Evangelista de Vasconcelos.

Parece, entretanto, que Gonçalo casou apenas duas vezes. Luís, o primogênito, é filho de d. Ana Maria Soares de Melo. Esta senhora faleceu a 12 de setembro de 1808. Joaquim Torquato, José Januário, Maria, Caetana, Antônio, são filhos do primeiro matrimônio com d. Inez Tomásia de MeIo (que também aparece chamada "Inez Romana") há a descendência nascida no século XIX, Maria, Tereza, João e Joaquim...

Gonçalo Soares Raposo da Câmara nasceu em 1736. Pertenceu parcamente aos movimentos políticos da Capitania. Com os Albuquerque Maranhão tinha privança. Somente a idade lhe privou de fazer parte da revolução de 1817. Luís de Albuquerque Maranhão era seu compadre, padrinho de Tereza e a ma-drinha foi uma mana dos Maranhões, d. Delfina Rita d' Albuquerque Maranhão.
Gonçalo-Morgado atingiu serenamente aos oitenta e três anos, como afirma seu registro de óbito que descobri, assim como o de seu casamento, na papelada esparsa do arquivo do Instituto Histórico.

"Faleceu da vida presente aos dezanove de fevereiro de mil oitocentos e dezanove o tenente Gonçalo Soares Raposo da Câmara casado com d. Inez Tomásia de Melo, morador nesta cidade, de idade de oitenta e três anos, mais ou menos, com todos os sacramentos da Igreja, encomendado pelo reverendo vigário Manuel José Fernandes, aos vinte dias foi sepultado das grades para cima, envolto em habito de São Francisco, e para constar fiz este assento no qual assino. Francisco Antônio Lumache de Melo - Vigário Interino".

O que deixa margem para a suposição de um terceiro casamento, anterior ao com d. Ana Maria Soares de Melo, é ter uma filha de Gonçalo, d. Maria d' Anunciação de Ramos, casado com seu tio-avô Manuel Raposo da Câmara, no do nome.

O casamento de Gonçalo com d. Ana Maria é de 1778. Luís, o mais velho, é de oito anos antes e no registro de batismo de seus filhos se dá corria filho de Gonçalo e d. Ana Maria Soares de Melo, o que afasta a possibilidade de ter sido filho doutra procedência. Três anos antes de Luís nascer e onze anos antes de Gonçalo casar, a 1 ° de maio de 1767, nasce uma neta deste, Felipa, filha de Manuel Raposo da Câmara, no e duma sua filha, a misteriosa d. Maria d' Anunciação de Ramos. No assento eclesiástico desta Felipa se lê:

"Neta paterna de Gonçalo Soares Raposo da Câmara, do Natal e de sua mulher d. Maria do Nascimento, natural da Paraíba".

No registro de Manuel, outro filho do II Manuel Raposo da Câmara, o menino, batizado a 10 de janeiro de 1771, um ano depois do nascimento do primogênito de Gonçalo-Morgado, aparece como neto materno de "Dona Ana Maria", que será a mesmíssima Soares de Melo. E esta Ana Maria do Nascimento não será a mesma? Não mais é possível identificá-la porque a documentaria carece de importância. Fica a ponta da questão... o nome verdadeiro da ilustre mamãe de d. Maria d' Anunciação de Ramos.

Gonçalo-Mortado amava muito este nome bíblico. Deparei com duas Marias, uma de 29 de março de 1793 e outra de 24 de outubro de 1811. Nenhuma poderá ser a d' Anunciação Ramos, que já era mãe vinte e seis anos antes do nascimento da primei¬ra das duas manas Marias...

JOSÉ JANUÁRIO RAPOSO DA CÂMARA

José Januário, filho de Gonçalo Raposo, digo, Soares Raposo da Câmara e de d. Ana Maria Soares de Melo, casou com d. Rita Maria da Conceição, filha de Joaquim José da Câmara e de d. Maria Antônia de Oliveira, neta paterna de Antônio da Câmara e Silva e de D. Ana Maria de Torres e neta materna de Francisco Xavier de Oliveira e de d. Ana Maria de Oliveira. "faleceu José Januário a 26-3-1848".

José, nascido a 12 de maio de 1816.

Eugênia, nascida a 23 de dezembro de 1822.

A 7 de outubro de 1871 casa em Natal José Januário Soares da Câmara com d. Maria Eufrasina de Souza.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Os Raposo da Câmara do RN


A família Raposo da Câmara foi fundada no Rio Grande do Norte pelo português Manuel Raposo da Câmara, na Ilha de São Miguel, nos Açores, onde possuía vinhedos e olivais.

Quando chegou a Natal o fidalgo Manuel Raposo da Câmara? Deveria o ter feito em princípios do século XVIII. Em julho de 1718 o fidalgo ilhéu já pertencia ao grave Senado da Câmara de Natal. Aí se condensava a nata dos sangues azuis da Capitania.

Sei que adquiriu terras foreiras. Em 1719 encontro um registro de carta de doação de chãos concedidos ao tenente Manuel Raposo "na Ribeira desta Cidade", pagando o Foro anual de160 réis. Em outubro de 1724 o sargento-mor Joam de Souza Nunes requer "huns xãos", dizendo-se "senhor e possuidor de humas moradas de casas terreas citas nesta Cidade Junto a Igreja do Rosário dos Pretos, compradas ao capitão Manuel Raposo". Em 1742 vejo diversos requerimentos.

Teria vindo sozinho o morgado açoriano? Há uma tradição de família que afirma ter vindo uma trindade. Possivelmente um dos manos é esse tenente Miguel Raposo a quem o Senado da Câmara concede, pelo foro anual de 160 réis, uma data de chãos e casas "na Ribeira desta Cidade", no ano de 1738.
Esse Miguel morreu viúvo a 10 de fevereiro de 1760, com sessenta e seis anos de idade. O outro irmão pode ter sido um Antônio Raposo, com a patente de capitão. Deste Antônio Raposo só sei informar que lhe morreu a mulher, dona Tereza, a 24 de julho de 1790, com cinqüenta anos. Quando o capitão Antônio Raposo entendeu de morrer é que não descobri.

MANUEL RAPOSO DA CÂMARA, SEU CASAMENTO E DESCENDÊNCIA.

Manuel Raposo da Câmara tomou gosto pela terra amável que o recebeu. Pos-suindo terras, criando gado, metido nas pequeninas andanças políticas do Senado da Câmara, integrou-se em Natal com alma e corpo.

Manuel Raposo da Câmara casou em Natal com dona Antônia da Silva. Era, naturalmente, de família limpa de sangue e boa de nome. Doutra maneira não se casaria um morgado legítimo. Demais, em todos os papéis que manuseei a senhora Manuel Raposo da Câmara é tratada sempre por dona e escrito em extenso. Dona Antônia da Silva me parece uma mulher enérgica, forte, decidida, exemplar da fidelidade ao marido e da ignorância às letras.

Manuel Raposo da Câmara morreu antes de 1783. Foi sepultado debaixo do púlpito da Igreja Matriz. Dona Antônia da Silva veio a falecer a 25 de julho de 1785. Seu assento de óbito assim reza:

"Faleceu da vida presente D. Antônia da Silva, mulher viúva, de Idade de cem anos, pouco mais ou menos".

Os filhos do casal foram: Victorino da Silva, Antônio da Câmara, Manuel Raposo, Quitéria, Marcelina, Rosa, Josefa e Maria.

Manuel Raposo morreu antes da mãe.

Dona Antônia da Silva fez testamento aprovado a 23 de outubro de 1783. Um seu sobrinho, alferes Antônio José Barbosa, escreveu "por a testadora não saber ler nem escrever". O testamento foi aberto no dia de sua morte. Uma testemunha da cerimônia é um Sr. Manuel Esteves da Câmara. Há uma declaração de que a morta "sepultou-se perto de seu marido".

"Declaro que fui casada com Manuel Raposo da Câmara, já falecido, de cujo matrimônio tenho ainda vivos os filhos seguintes - Vitorino da Silva, Antonio da Câmara, Quitéria, Marcelina, Rosa, Josefa e Maria.

"Declaro que meu marido tinha na ilha de São Miguel uma vinha que herdou por herança de sua avó, que por sua morte me coube.

"Declaro que na mesma ilha tem um Morgado que por morte de meu marido ficou para o meu filho Vitorino com a obrigação de dar anual para alimentos a mim dois môios de trigo, e a cada irmão, meus filhos, um môio, o que nunca deu, e que os ditos meus filhos procurarão e cobrarão por minha morte.

"Peço e rogo a meu filho Antonio da Câmara e a meu neto Gonçalo Soares Raposo da Câmara que por serviço de Deus e por me fazerem mercê queiram ser meus testamenteiros”.

VITORINO DA SILVA CÂMARA

O morgado Vitorino da Silva Câmara casou com d. Joana Maria de Jesus Monte. Ambos eram do Rio Grande do Norte, informa o Barão de Studart.

Da vida social do primogênito dos Raposos da Câmara não há indícios de muita ação. Pude apurar os seguintes filhos:

GONÇALO - casou três vezes e uma vasta prole cercou-o de glória patriarcal.

PEDRO - batizado a 7 de fevereiro de 1751.

LOURENÇA MARIA DE JESUS que se casou com José da Fonseca Soares Silva, tendo três filhos: Joaquim, José e Miguel. Todos usaram o nome paterno. Joaquim da Fonseca Soares Silva casou a 23 de maio de 1831 com D. Tereza Leopoldina Barbosa, nascida a 29 de março de 1812 e falecida a 11 de maio de 1890. Essa d. Tereza Leopoldina era filha do capitão-mor Joaquim José Barbosa e de d. Isabel Pereira de Oli¬veira, tronco de larga progênie cearense.

Vitorino da Silva Câmara, pela disposição do apelido, é pai de um João Paulo da Silva que se casou com d. Antônia Maria da Conceição cujo filho Ricarti Soares Raposo da Câmara, casa a 26 de setembro de 1848 com d. Maria José do Nascimento, filha de João Pedro da Silva e de d. Francisca Maria da Conceição. Bem poderão ser esses senhores, João Paulo e João Pedro, manos de pai e mãe e filhos de Vitorino.

ANTÔNIO DA CÂMARA E SILVA

Antônio da Câmara e Silva, o filho segundo de Manuel Raposo da Câmara e de d. Antônia da Silva, nasceu em 1721 porque ao morrer no dia 9 de março de 1808 tem oitenta e sete anos feitos. Casou com d. Ana Maria Torres, natural do Aracati e filha do capitão Manuel Frazam Caldeira Torres e de d. Francisca Gomes de Sá, da fregue¬sia de Russas, no Ceará. O capitão Manuel Frazam Caldeira Torres, enviuvando casou com d. Rita Antônia Pereira e morreu em Natal aos oitenta e seis anos de idade, a 28 de outubro de 1835.

Antônio da Câmara houve os filhos:

Francisco Xavier da Câmara e Silva, batizado aos 21 de abril de 1769.

José Joaquim da Câmara e Silva, nascido a 10 de agosto de 1769.

Joaquim José da Câmara e Silva.

José Francisco, nascido a 25 de novembro de 1770.

Francisco Xavier da Câmara e Silva fez vida militar. E, 1796 era sargento. Casara com d. Ana Clara, filha de José Fernandes e de d. Ana Antônia da Conceição. Deste Consórcio houve:

Joaquim, batizado a 24 de fevereiro de 1792.

Morrendo d. Ana Clara, Francisco Xavier convolou segundas núpcias com d. Maria Josefa, filha de Francisco Delgado, da vila do Recife de Pernambuco e de d. Ana Soares, de Natal. Francisco Delgado era filho de Francisco Delgado Barbosa, de Goiana e de Micaela Teixeira da Rocha, de Muribeca, nas terras pernambucanas. D. Ana Maria Soares era filha de Luís Soares Corrêa, natural da cidade do Porto, em Portugal e de d. Lourença de Araújo, de Natal. Do segundo casamento de Francisco Xavier houve uma filha:

Ana - Batizada a 25 de outubro de 1807.

José Joaquim da Câmara e Silva casou com d. Quitéria Tereza de Jesus, filha do sargento Francisco Xavier Barbosa e de d. Rita Maria de Jesus. José Joaquim seguiu carreira militar por algum tempo. Em 1795 era cabo-de-esquadra, lugar altíssimo naquele delicioso fim de século XVIII. O casal teve vários filhos:

Joaquim, 8 de outubro de 1792.

João, 23 de outubro de 1794.

Manuel, 17 de outubro de 1795.

Manuel, 22 de agosto de 1799.

Damiana, 26 de dezembro de 1802.

Joaquim José da Câmara e Silva casou com d. Maria Antônia de Oliveira, filha de Francisco Xavier de Oliveira e de d. Ana Maria da Conceição. Tenho notícia de três filhos:

Francisco Xavier, nascido em 1800 em São Gonçalo, avô do Cardeal D. Jaime. Joaquim José, nascido a 9 de agosto de 1803; batizado a 10 de outubro seguinte; casou a 4 de maio de 1826 com d. Maria Inácia, filha do Capitão José Rebouças de Oliveira e de d. Antônia Joaquina.

Úrsula faleceu a 10 de novembro de 1807, com um mês.

De José, filho de Antônio da Câmara e Silva, nada pude obter.

A 2 de abril de 1847 casa-se em Natal João Paulino da Câmara, com d. Ana Rita Gadelha, filha de Antônio de Albuquerque Gadelha e de d. Isabel Maria das Virgens. O noivo era filho de Antônio Francisco da Câmara e de d. Francisca Antônia das Chagas. Inclino-me a julgar Antônio Francisco da Câmara como filho de Antônio da Câmara e Silva.

Faleceu em Jardim de Angicos Joaquim José da Câmara, a 22-5-1895, com 97 anos, 11 filhos, 143 netos, 180 bisnetos, 5 tetranetos, pai de José Rebouças de Oliveira Câmara.