sábado, 29 de outubro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Macaíba: da fundação a elevação à vila.
Primitiva ponte sobre o Rio Jundiaí, construída ainda durante o império por Estevão Moura e Fabrício Pedroza. Foto: José Muniz de Melo, cerca de 1930.
Quando teve início a ocupação territorial de Macaíba? Quando foi fundada? Por que comemorar o dia 27 de outubro como a maior data municipal? Esses e outros elementos da história de Macaíba serão analisados no presente artigo, no qual apresentaremos subsídios demonstrando que comemoramos erroneamente a data municipal.
O
espaço territorial ocupado atualmente pela cidade de Macaíba é antiquíssimo
quanto à ocupação, remontando ao ano de 1614, data das distribuições das
primeiras sesmarias que englobavam o espaço geográfico da cidade. Contudo, por
essa época, toda a ribeira do Jundiaí fazia parte da cidade do Natal e não se
possuía uma perspectiva, mesmo diminuta, de formação de um povoado.
Com
a construção do antigo engenho Potengi, hoje Ferreiro Torto, não houve
alteração dos planos relativos a uma cidade, ou seja, os fundadores do engenho
ergueram tão somente um espaço de exploração da terra, sem perspectivas
evolutivas para um povoado.
Tempos
mais tarde, precisamente após a decadência econômica do engenho Potengi e o
local já transformado em quartel do Terço dos Paulistas, cujos milicianos
vinham combater na chamada Guerra do Gentio Tapuia. Com o término da guerra
alguns não retornaram aos seus locais de origem, espalhando-se pela ribeira do
Jundiaí e do Potengi, erguendo fazendas de criação e engenhos, como foi o caso
do sargento-mor José de Morais Navarro, que reestruturou o antigo engenho
Potengi.
Outro
miliciano que não retornou as suas terras foi o coronel Manoel Teixeira Casado,
que juntamente com o alferes Roque da Costa, receberam uma sesmaria margeando o
Rio Jundiaí a qual deram o nome de Sítio Coité. Os sesmeiros nada fizeram para
iniciar um povoado, limitando-se somente a criação e ao cultivo da terra com
poucos escravos.
O
sítio Coité foi sendo herdado pelos descendentes do coronel de milícias Manoel
Teixeira Casado, até sua neta Maria Angélica da Conceição, casada com o coronel
de milícias Joaquim José do Rego Barros, senhor do engenho Ferreiro Torto e que
depois de participar da junta governativa provincial de 1821, juntamente com o
capitão Francisco Pedro Bandeira de Melo, vendeu a este a propriedade Coité com
todas as benfeitorias então existentes, recolhendo-se ao Ferreiro Torto.
O
capitão de milícias Francisco Pedro Bandeira de Melo prossegue criando e
plantando no sítio Coité. Eis que surge o comerciante Fabrício Gomes Pedroza,
senhor do engenho Jundiaí e após o casamento com Damiana Maria Bandeira de
Melo, filha do capitão, herda a propriedade e imbuído de uma visão econômica
mais ampla, teve o pioneirismo de pensar e fazer um povoado.
Fabrício
Pedroza não pensou pequeno como seus antecessores quanto espaço de terra que
herdou. Rapidamente construiu armazéns para receber as mercadorias vindas do
sertão com destino a capital e atraiu para o lugarejo várias pessoas de suas
relações comerciais para se fixarem no sítio, fundando uma feira com esses
comerciantes.
Conforme
o diário de notas familiar intitulado Aos
Meus, de autoria de Maria Terceira da Silva Pedroza:
(...) naquele
dia 26 de outubro de 1855, aniversário de papai, ele reuniu representantes do
clero, amigos e familiares, não para sua comemoração natalícia, mas sim, para a
fundação de um povoado pelo qual bateu-se com todas as forças para ver
prosperar. Assim nasceu o povoado da Macaíba, margeando o Jundiaí. (PEDROZA,
manuscrito Aos meus, 1900).
A
lei provincial n. 801, de 27 de outubro de 1877, sancionada pelo presidente
(governador) do Rio Grande do Norte José Nicolau Tolentino de Carvalho diz em
seu artigo 1: Fica elevada à categoria de vila a povoação da Macaíba, da
freguesia de São Gonçalo, com a mesma denominação. Contudo, o presidente da
câmara municipal de São Gonçalo do Amarante, buscou adiar o quanto pôde a
transferência de sede, o que deixou sem efeitos legais a lei de 27 de outubro
de 1877.
Somente
quando o capitão da Guarda Nacional Vicente de Andrade Lima, coadjuvado pelo
vereadores macaibenses coronéis Feliciano de Lyra Tavares, Inácio da Silva e capitão
João Lourenço de Oliveira Mendes, conseguiram, através de uma manobra com o
então presidente da província Euclides Diocleciano de Albuquerque, a edição de
uma nova lei n. 832, de 7 de fevereiro de 1879, é que, finalmente, foi
transferida a sede de São Gonçalo para
Macaíba. Assim, 7 de fevereiro de 1879 é, de fato, a real data de
elevação do povoado a vila da Macaíba.
O
texto de D. Maria Terceira Pedroza, nos fornece
elementos suficientes para determinarmos a data precisa de fundação de Macaíba. O que acontece atualmente é um equívoco histórico. Todo ano comemora-se o dia
27 de outubro de 1877, quando o povoado foi elevado à categoria de vila, e mesmo
essa lei, sem efetividade prática, pois, como vimos, teve que passar por outra
lei, para ter a sede administrativa transferida de São Gonçalo do Amarante para
Macaíba.
Macaíba
não tem somente 139 anos de história! É preciso rever essa data, sob pena de
continuarmos em um erro histórico, repassado de geração a geração. Comemorar o
27 de outubro de 1877, como a data municipal, é esquecer o legado histórico da
fundação da cidade em 26 de outubro de 1855. É negar a existência da história
macaibense quando ela se apresenta mais rica e mais cheia de elementos,
práticas e representações formadores de sua comunidade.
sábado, 15 de outubro de 2011
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