segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um teatro para Macaíba

Macaíba é uma cidade com tradição nas artes cênicas, desde o tempo dos Albuquerque Maranhão, apaixonados pela música e pelo teatro, na casa do velho Amaro Barreto eram encenadas peças, com a participação de jovens como Henrique Castriciano e Alberto Maranhão.É de Henrique Castriciano a peça “A promessa” que inaugurou o então teatro “Carlos Gomes”, hoje “Alberto Maranhão”. Entre as décadas de 1910 e 1930 a teatralização resumia-se aos dramas (como era inicialmente denominadas as peças).

Esses dramas eram de autoria de Isabel Freire da Cruz – Madrinha Beleza – e da professora Arcelina Fernandes, sendo geralmente encenados no palco do cinema ou no auditório do Grupo Escolar “Auta de Souza” com a participação ativa dos alunos.

No inicio dos anos 40, seu Joca Leiros – João Viterbino de Leiros, fundou com sua família e amigos um grupo de teatro amador denominado “Grêmio Dramático Auta de Souza”, considerado, à época, um dos melhores do Estado, cuja programação e desempenho artístico dos atores eram citados habitualmente no jornal “A República”.

O grêmio do mestre Joca Leiros apresentou-se no teatro Carlos Gomes em 03 de setembro de 1944 com a peça “A cigana me enganou”, comédia em três atos e cinco quadros. O espetáculo foi promovido em benefício da construção da sede do teatro de amadores de Macaíba. A direção foi de Hiran Pereira com cenografia de José Muniz. Em fevereiro de 1945, ocorreu a segunda apresentação em Natal com a comédia “Feitiço” sob a direção de Joca Leiros.

A peça foi patrocinada pela "Comissão do Esforço de Guerra", da Liga de Defesa Nacional e visava auxiliar a construção do hospital da "Sociedade Médico-Hospitalar de Macaíba".

Após tantos anos de luta, ficou patenteada a tradição cultural de Macaíba - até então notável no domínio da música e das letras com Auta de Souza, Henrique Castriciano, Tavares de Lyra, Murilo Aranha, Hugo Aranha, Octacílio Alecrim, entre outros. A sua notabilidade também na arte cênica, exercitada com amor, talento e inquestionável sentimento telúrico. Posso destacar excelentes artistas desse universo desaparecido, a começar pelo grande líder do movimento teatral João Viterbino de Leiros (autor e diretor), Luis Marinho de Carvalho (autor e contra-regra), Wilson Leiros, Antônio Coelho, Aguinaldo Ferreira, Edson Alecrim e Silva, Joanete Moura, Mary Leiros, Ivete Leiros de Almeida, Netinha Leiros de Almeida, Célia Pereira, Haydeé Marinho de Carvalho, Branilze Costa, Luzinete Silva, José Muniz, João Leiros Filho, Luzanira Lima, Walter Leiros, Geny Maciel, Valda Dantas e Doralice Xavier.

Hoje, Macaíba não tem teatro. Existe uma plêiade de jovens vocacionados mas sem apoio, capitaneados por meu amigo Juscio Marcelino, artista batalhador com inumeros serviços prestados a cultura macaibense. Macaíba precisa de uma casa de espetáculos que faça jus à tradição do passado luminoso. O "Teatro Joca Leiros" reacenderia as luzes culturais de Macaíba de há muito apagadas.

Um comentário:

  1. Você fala de uma trajetória teatral, em uma linha histórica que não é a que se desenha na minha cabeça. Em suma vejo: Joca Leiros primeiro e Isabel trabalhando com ele. lembro Anderson, ela já em cadeira de rodas no casarão da Conceição após ensaios, conversando com Padre Pedro da tristeza dela quanto aos figurinos, pois no tempo de Joca Leiros, ele ia buscar tecidos e joias em Recife, que era uma longa viajem). Bem, depois que ela faleceu eu criei o GRUTEJAM- Grupo de teatro amador de Macaíba que era amparado pela igreja onde o padre ainda era Pedro. Depois que saí da igreja e mudei o nome para BOITATÁ, que por sinal está sendo resgatado agora. estou retornando aos palcos.
    Muito obrigado por tudo meu caro e em breve te enviarei documentário sobre o FESTIM.
    Abraço!

    ResponderExcluir