Igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição da Macaíba. Acervo: Instituto Tavares de Lyra - Macaíba/RN.
Comumente,
a história de nossos municípios potiguares, começa por uma fazenda de gado e
logo em seguida a construção da capela canonicamente permitida e liturgicamente
abençoada.
Em
Macaíba a pedra fundamental da futura matriz foi lançada em 1858 numa cerimônia
festiva presenciada pelos vigários de Natal e de São Gonçalo, Bartolomeu da
Rocha Fagundes e José Paulo Monteiro de Lima respectivamente, pelo Major
Fabrício Gomes Pedroza (1809-1872). Em 1868, no livro velho de contas da matriz
está registrado que Fabrício e a esposa D. Luiza Florinda, “doaram em suas
terças dez braças de terra em cada lado, inclusive o terreno em que se acha
edificada a mesma capela (...) a Nossa Senhora da Conceição, Santos Cosme e
Damião.”
A
capela era a afirmação da fé e denunciava o desenvolvimento econômico local, a
densidade demográfica em ritmo crescente, o número apreciável de almas em estado de comunhão, certa massa
residencial fixando cristãos, vivendo em tarefas regulares.
A
capela declarava a presença da vida social organizada sobre bases estáveis,
concordância do esforço com a produção asseguradora da existência familiar, o
grupo vicinal capaz de prestar mutua proteção e auxílio, sistema de caminhos
articulando as propriedades esparsas ao centro mais povoado, facilitando trânsito
e escoamento das safras, costumes cristãos, unificadores e solidários com a
figura simples da capelinha, pastoreando o rebanho imóvel, reunido à voz lenta
do pequenino sino emocional.
No
dia 08 de dezembro de 1869, procedeu-se a benção da capela-mor do templo,
somente então concluída. As obras de construção do templo estiveram paradas por
certo tempo e foram reiniciadas em 1882, sob a direção de Pe. José Antônio
Maria Ibiapina. Em 1883, a igreja foi elevada à categoria de matriz, sendo concluída
entre os anos de 1896 e 1904, sob a direção do Pe. Marcos Santiago. Trata-se de
um templo de grandes proporções, que possui elementos dos estilos gótico e
barroco.
Segundo
a arquiteta Jeane Nesi do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
“A matriz é constituída de capela-mor, nave principal, galerias laterais,
sacristia, coro e um amplo consistório”. E continua, “A fachada principal,
emoldurada por cornija, apresenta um corpo central constituído por três portas
de acesso, superpostas por igual número de janelas rasgadas, com guarda-corpos
de ferro. As portas são de madeira, assentadas em vãos de vergas em arco pleno,
apresentando ainda bandeiras de ferro. O templo possui frontispício curvilíneo,
com um relógio no centro e uma inscrição – 1882 – data que assinala o recomeço
de sua construção”.
O
templo sofreu outras modificações significativas. Em 1938, o padre Alexandrino
Suassuna, mandou retirar as 12 tribunas onde antigamente ficavam as famílias
mais antigas do município. As suas telhas de cerâmica foram substituídas por
outras, de fibrocimento.
O
coro teve o seu assoalho de madeira trocado por outro de laje em 1968, as
galerias laterais receberam um forro de laje, no mesmo ano, bem como o
altar-mor. Os altares laterais foram retirados. Suas grossas paredes guardam,
ainda hoje, restos mortais de pessoas ilustres para o município e para o
estado, em ossuários artisticamente confeccionados.
A
imagem da padroeira Nossa Senhora da Conceição foi doada pela família de
Fabrício Pedroza, que organizaram uma bonita procissão de Guarapes, de onde
retiraram a imagem da capela e levaram para a futura matriz.
Seguindo
o gesto da família Pedroza, as demais famílias que formavam o povoado a convite
de Fabrício, passaram a doar imagens de suas devoções para a matriz, assim
tivemos; Lyra Tavares – São Francisco e São Luis Gonzaga, Costa Alecrim – Santa
Terezinha e Sagrado Coração de Jesus, Moura – Santo Estevão e São José,
Mesquita – Nª Sª. do Carmo, Albuquerque Maranhão – Senhor Morto e Ressuscitado,
Andrade Lima – Sagrado Coração de Maria, Freire – Santa Bárbara, Castriciano de
Souza – Senhor dos Passos.
Faltava-nos
tão somente a criação de uma paróquia, o que asseguraria a presença contínua do
pároco em caráter permanente, inamovível, garantia positiva da sequência na
assistência religiosa e no conselho moral no seio doméstico. As Assembleias
Legislativas Provinciais eram as responsáveis por esta criação. Através de um
requerimento do deputado Dr. Francisco Clementino de Vasconcelos Chaves, senhor
do engenho Ferreiro Torto, foi sancionada a lei provincial N° 815, de 07 de Dezembro
de 1877, que criou a paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Entretanto,
decorridos seis anos de instituída, e não havendo padre para provê-la, a lei
caducou, passando por outra Lei provincial.
Segundo
o historiador Luís da Câmara Cascudo em seu livro História das paróquias do Rio
Grande do Norte, p. 24, “MACAÍBA – Nossa Senhora da Conceição – Criada pela lei
n° 876, de 17 de Março de 1883, que suprimira a freguesia de São Gonçalo.
Vigário, Pe. Manoel Fernandes Lustosa”.
Já
o historiador macaibense Dr. Augusto Tavares de Lyra, em seu opúsculo História
do Rio Grande do Norte, p. 362 assim se expressa: "Freguesia de Macaíba:
Criada pela Lei Provincial n. 876, de 17 de março de 1883, que suprimiu a
freguesia de São Gonçalo, transferindo para ali a sua sede. A sua invocação é
Nossa Senhora da Conceição.”.
Todos
os demais historiadores são unânimes a esta data. Os documentos oficiais da
antiga Assembleia Imperial, atualmente arquivados no nosso respeitado Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, também são claros e precisos
nesta perspectiva.
👌🏼😉
ResponderExcluirMeus pais se casaram nessa Matriz! Há mtos cAnos
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