terça-feira, 25 de agosto de 2009

Perfis - Joanete Moura

Joanete Ribeiro nasceu na Rua Dr. Francisco da Cruz, em Macaíba aos 21 de maio de 1913. Filha do comerciante Vicente Paulo de Souza, depois delegado do município e de sua esposa Maria Ambrosina Marinho de Carvalho. Teve três irmãos: José Ribeiro de Paiva sobrinho, Anita Ribeiro Simplício casada com Pedro Simplício e Isabel Ribeiro casada com João Quirino.

Quando criança iniciou seus estudos com a professora D. Emília Rodrigues. Depois entrou para o Grupo Escolar Auta de Souza. Adolescente foi atriz participando de vários “dramas” de autoria de Sandoval Wanderley e ensaiados por Madrinha Beleza. Fez parte do coral de moças da Igreja Matriz. Cantava e declamava as poesias de Auta de Souza, Catulo da Paixão Cearense e Xavier de Araújo nos saraus festivos/literários da Macaíba aristocrata de outrora.

Em 1927, declamou o poema “Caminho do Sertão”, da poetiza Auta de Souza, nos salões do Grupo Escolar, para o presidente eleito Washington Luis, de passagem por Macaíba. Seis anos mais tarde, em agosto de 1933, foi convidada a declamar “Pai”, também de autoria de Auta, para o presidente Getúlio Vargas. Em ambas as ocasiões, Joanete foi convidada junto a outras senhoritas da sociedade local para formarem um corredor pelo qual os presidentes ao atravessarem eram saudados com pétalas de flores.

Aos 22 de julho de 1932, com 19 anos, consorciou-se com o senhor Francisco Canindé de Moura, da ilustre família potiguar Teixeira de Moura, bisneto do Cel. Estevão Moura senhor do engenho Ferreiro Torto e neto do Cel. Manoel Joaquim Teixeira de Moura, senhor do engenho Arvoredo. Da união nasceram os filhos: Carlos Augusto Ribeiro de Moura, casado com Ilná de Oliveira, e Maria Chambre Ribeiro de Moura Magalhães, casada com Antônio Vicente Magalhães.

Durante o noivado, em 1925, Joanete e Chico Moura participaram da recepção que a família Moura dispensou ao Príncipe Dom Pedro de Orléans e Bragança, sua esposa a Condessa Elizabeth e os filhos Dom Pedro Gastão, Dom João Maria, D. Isabel, D. Francisca e D. Tereza, no Engenho Ferreiro Torto.

Sobre a recepção aconteceu um fato interessante divulgado por um jornalista da época. Segundo o jornalista, Dona Joanete apareceu no baile com um vestido de costas nua, sendo a primeira mulher na cidade a fazer uso deste modelo de vestido, foi logo apontada pelas demais moças da sociedade com uma certa desaprovação. Acontece que logo em seguida a Princesa Elizabeth desceu as escadarias do vestuto solar, trajada com um vestido também de costas nuas todo de vidrilho, sendo parabenizada pelas mesmas senhoras e senhoritas que a poucos instantes reprovaram o de Joanete, que riu de tudo superiormente.

Joanete Moura foi uma mulher extremamente correta, de honradez invulnerável, grandeza moral e sensibilidade pura. A um caráter estóico aliava a grandeza de sua alma e a bondade de um coração sempre voltado para a ajuda ao próximo e ao bem geral.

Após o falecimento de Chico Moura, em 05 de agosto de 1968, D. Joanete Moura afastou-se por um tempo da vida social da cidade, sendo procurada constantemente por suas amigas. Em maio de 1999, com o repentino falecimento da filha Chambrinha uma lacuna irreparável abri-se em sua vida.

Com efeito, a árvore robusta, mas cansada, caiu e nunca mais se levantou da terra. A morte chegou-lhe aos 22 dias antes de completar seu nonagésimo aniversário em um hospital de Natal, a 22 de abril de 2003. Foi sepultada no cemitério de São Miguel.

Nos últimos quatro anos de sua vida, fui seu amigo e companheiro de jornadas ao passado áureo de Macaíba. Ao lado de José Inácio de Souza Neto passamos vários domingos escutando músicas clássicas e eu sempre atento a memória nostálgica de ambos. Joanete Moura legou-me estórias e histórias da Macaíba do passado. Proporcionou-me uma visão ampliada de fatos, histórias e tempos idos. Apresentou-me as figuras históricas e populares. Confidenciou-me fatos até então guardados na lembrança. Contudo, o maior legado que recebi foi a amizade verdadeira e o amor por Macaíba.

2 comentários:

  1. Caro Anderson Tavares :

    Receba meus parabéns pela sua importante iniciativa de criar um BLOG dedicado, principalmente, à genealogia e história de Macaíba. Quase todos os dias eu descubro coisas interessantes. Sobre Francisco Canindé de Moura já saíram várias informações genealógicas. Isso me faz lembrar que você ia publicar um trabalho sobre a descendência de Manoel Joaquim Teixeira de Moura quando foi vítima de um desses acidentes freqüentes de pane em um Hard Disk (HD), com perda do muito que escrevera. Não sei o que conseguiu recuperar, escrito à mão, mas acredito e espero que tenha sido bastante. Minha sugestão é que retome o trabalho em capítulos de seu blog.

    Aqui vai o pontapé inicial :
    Manoel Joaquim Teixeira de Moura (13-03-1840-01-10-1913) batizado a 22-4-1840, no Ferreiro Torto. Padrinhos: Ten. Cel. Luiz da Fonseca e Silva e Lourença de Oliveira. Casou-se com sua prima Teresa Josefina da Fonseca e Silva(2-7-1851-09-01-1943), com 12 filhos.
    Um abraço
    Carlos Alberto Dantas Moura

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  2. olá
    Sou do Rio e acho que a Madrinha Beleza era tia ou tia avó do meu pai.
    Entre 1976 e 1981 estive no RN e a conheci, ela tinha feito algo em torno dos 90 anos. Seria a mesma?
    Se for, você saberia a data do seu nascimento? Seria 13 de março de 1880?
    abs anne

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