sábado, 15 de agosto de 2009

A neta da Redentora!

A Família Imperial em Natal. D. Tereza está em primeiro plano. O menino sentado no sofá é D. João Maria, amigo de Câmara Cascudo, seguido por D. Pedro de Alcântara (pai) e D. Pedro Gastão. Sentadas estão D. Francisca Maria - Duquesa de Bragança, D. Elizabeth (mãe) e D. Isabel - Condessa de Paris.

D. Tereza, atualmente.

Abro espaço no blog para lembrar que em 18 de junho p.p., completou 90 anos D. Tereza Maria Teodora de Orléans e Bragança, última neta viva da Princesa Imperial D. Isabel do Brasil.

Dona Teresa Teodora de Orléans e Bragança e Dobrzensky de Dobrzenicz, nasceu durante o exílio da Família Imperial, na França, em Boulogne-sur-Seine no dia 18 de Junho de 1919. É a última filha de D. Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança e de sua esposa, a Condessa Elisabeth Dobrzensky de Dobrzenicz. No dia 7 de Outubro de 1957, em Sintra, Portugal, casou com Ernesto Antônio Maria Martorell y Calderó (1921-1985). Tiveram duas filhas.

Na década de 20 do século passado, durante o governo de José Augusto Bezerra de Medeiros, após revogado o banimento da Família Imperial, D. Tereza Maria ainda criança, visitou grande parte dos Estados brasileiros acompanhando seus país, que ansiosos para apresentar o Brasil aos filhos, empreenderam numa dessas jornadas, uma viagem ao Rio Grande do Norte.

Um fato curioso ocorreu durante a visita da família a Natal. Como os paquetes não podiam atracar no porto, devido um antigo obstáculo existe no Rio Potengi, uma lancha foi buscar os ilustres visitantes que deveriam passar do navio para a lancha, atravessando uma prancha que estava escorregadia sob um mar agitado.

Quando chegou a vez de Dom Pedro, pai de D. Tereza, uma onda mais forte que as outras fê-lo escorregar e cair na água. Não foi fácil recolhê-lo. Os jovens príncipes e sua mãe ficaram nervosos, mas, felizmente, Dom Pedro achou graça da situação.

No Cais da Tavares de Lyra, após as congratulações, D. Tereza e sua família entraram no carro do governador, enquanto Dom Pedro, todo molhado, saudava as pessoas que estavam aglomeradas nas ruas.

Para azar do Príncipe do Grão-Pará, o automóvel do governador José Augusto possuía os bancos forrados de vermelho e, ao chegarem no Palácio Potengi, o terno do pai de D. Tereza já estava seco e bem branco na frente, mas todo vermelho atrás, o que causou muitas risadas dos pequenos príncipes visitantes.

Essa história me foi transmitida pela própria princesa D. Tereza, durante uma ligação que fiz no início de 2006, para sua casa em Petrópolis. Sabendo da estadia de sua Alteza no Brasil, liguei para ver se ela ainda lembrava da visita ao Rio Grande do Norte. Falando um português com forte sotaque francês, a princesa não só lembrava de Natal, mas também de duas cidades próximas onde foram recepcionados pelas comunidades locais. Essas cidades foram Macaíba e São José de Mipibú.

Eu já sabia pelos depoimentos de pessoas antigas da cidade, que a recepção em Macaíba foi no Engenho Ferreiro Torto, com passagens pela Matriz e pela capela de São José e Solar Caxangá. D. Tereza enviou, meses depois, um postal feito a partir de uma foto da família no estúdio de João Galvão, em Natal, confeccionado para ser distribuído com as famílias anfitriãs.

No ano passado a princesa Tereza de Orleans e Bragança cedeu ao historiador Pedro Corrêa do Lago, sua inédita coleção de fotografias da Família Imperial, especialmente de sua avó D. Isabel. Todas as fotos foram publicadas no livro Coleção Princesa Isabel (432 páginas) e oferece ao leitor não especializado um delicioso passeio pelo século XIX. Para os estudiosos do período, no entanto, a descoberta é o começo de uma história. Fazem parte do acervo os maiores fotógrafos que atuavam no Brasil – como Ferrez, Revert Henry Klumb, Augusto Stahl, Alberto Henschel, Georges Leuzinger, Juan Gutiérrez, Augusto Malta – e também profissionais menos conhecidos.

3 comentários:

  1. Acho que tenho parentesco com os Bragança pq na nossa família ninguém sabe dizer de onde veio o sobre nome nosso

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  2. Excelente narrativa.
    Fico triste de saber que D. Tereza tenha doado o acervo fotográfico da avó a Pedro Correa do Lago, do que ter legado as fotografias a uma instituição pública.
    Quem agora quiser ter acesso àquelas imagens que compre o livro do Correa do Lago! Vai gastar aí umas boas moedas, já que nos sebos tem sido vendido a 350 pratas.
    Pedro sabe como ninguém fazer dinheiro de coisas velhas...

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  3. Devo retificar o que disse. As imagens estão digitalizadas e à disposição do público na "Brasiliana fotográfica". Mas continuo invejando o Pedro Correa do Lago

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