Aos oito anos, fez os primeiros estudos na escola particular de tia Naninha. As dificuldades financeiras da família não permitiram que o menino se afastasse das atividades agrícolas, no sítio da família, onde trabalhava e, nos fins de semana, em lombo de burro, transportava para a feira de Ceará-Mirim os poucos produtos da pequena propriedade.
Em 1910, o irmão mais velho, ordenado padre, oferece a oportunidade de estudar no Colégio Diocesano da Paraíba. Antes passara pelos bancos escolares do Seminário, na época uma maneira de menino pobre estudar.
Em 1917, segue para a Bahia para estudar medicina. O General Varella e o irmão Padre Luiz proporcionaram uma pequena mesada, suficiente para o estudante não passar fome. No meio do curso passa a receber ajuda de um tio, Ângelo Varella, abastardo proprietário. No 4º ano médico, foi nomeado acadêmico interno da Maternidade “Climério de Oliveira”. Em 1922, quando concluiu o curso defendeu a tese “Da Curietherapia do Câncer e dos Fibromas Uterinos”.
Em 1923, de volta ao Rio Grande do Norte, atende ao convite do Dr. Vicente de Lemos Filho, Juiz de Direito da cidade de Nova Cruz, para ali clinicar. Em seguida é convidado pelo Governador José Augusto Bezerra de Medeiros para dirigir, na Capital, os seguintes estabelecimentos: Hospital de Alienados, Hospital de Isolamento de Turbeculosos e Variolosos. É nomeado médico escolar, médico do Instituto da Criança, médico do 29º Batalhão de Caçadores. Recebia remuneração apenas do primeiro cargo.
Com a vitória da Revolução de 1930 e face à irrestrita solidariedade que emprestava ao Governador Juvenal Lamartine, deposto, vai para o interior organizar nova vida profissional em meio hostil e perigoso. Primeiro em Caicó, atendendo ao chamado do líder seridoense vitorioso Dinarte Mariz, depois Independência (hoje Pendências) e, finalmente, Macau, onde permaneceu de 1932 a 1963, exercendo, sempre, humanitariamente a medicina.
Em Macau, presta seus serviços médicos às seguintes companhias salineiras e de navegação marítima: Companhia Comércio e Navegação; Cia. Matarazzo; Cia. Costeira e Henrique Lage, além de dirigir o Posto de Saúde Pública do Estado. O seu trabalho de médico irradia-se pela vasta região do baixo rio Açu.
Em 1930, foi eleito Deputado Estadual pelo PRF, tendo o mandato interrompido pela Junta Militar da Revolução, que dissolveu a Legislação de 1930/1932.
Em 1934, elegeu-se novamente Deputado Estadual para a Constituinte 1935/1939 pelo Partido Popular. Em 09 de outubro de 1936, com um longo e importante discurso renuncia ao mandato. Este discurso marca a sua liderança na vasta e próspera região salineira. Volta, então, à sua clínica em Macau e à atividade agropecuária.
Em 1946, é eleito Deputado Federal – General Antônio Fernandes Dantas – companheiro dos tempos do Governo Juvenal Lamartine, conhecedor de suas qualidades de homem público honesto e leal – o nomeia Prefeito da Capital (1943-1945). Nos dois anos de sua administração foram arrecadados Cr$ 8,9 milhões, aplicados em obras Cr$ 3,1 milhões, em desapropriações Cr$ 0,2 mil e 60% da receita para custeio da máquina administrativa. Nenhum auxilio foi recebido do Estado ou da União.
Ainda em 1946, é eleito Deputado Federal pela legenda do Partido Social Democrático, onde permaneceu até 30 de julho de 1947. No dia seguinte, 31 de julho, assumiu o Governo do Estado, após memorável campanha eleitoral. Os dirigentes pessedistas, residentes no Rio de Janeiro, não se conformavam com o crescente prestigio do Governador. Mais fácil foi a compreensão das forças udenistas, liderados por Dinarte Mariz, José Augusto Bezerra de Medeiros e Aluízio Alves que, a exemplo do plano federal com a União Nacional em torno do Presidente Eurico Dutra, se aproximaram para ajudar a defender recursos financeiros, planos escolares e assistenciais, junto ao Governo Federal, onde a UDN ocupava alguns ministérios.
No seu governo foi iniciada a construção do Hospital Colônia de Psicopatas; foi dada continuidade a construção do Instituto de Educação, iniciada na administração Ubaldo Bezerra de Melo; iniciada e também quase concluída a construção do Quartel da Polícia militar, com recursos do Estado e mão-de-obra formada de soldados e oficiais da própria corporação; construída a ponte sobre o rio Ceará-Mirim, no município de Taipu; em convênio com o Ministério da Educação, foram construídas mais de uma centena de escolas e grupos rurais que alteraram a fisionomia do meio rural e das praias do Estado.
No seu governo foi criada a Faculdade de Direito de Natal que, mais tarde, veio a ser incorporada à UFRN. Na cidade de Macaíba, em particular, construiu a balaustrada que margeia o rio Jundiaí e urbanizou a área do antigo cais do porto.
Seu último cargo eletivo foi de Vice-Governador na chapa que tinha o Senador Dinarte Mariz para Governador (1956/1961).
Foi nomeado Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, no governo Aluízio Alves, de onde saiu em 28 de novembro de 1966 ao completar 70 anos. Foi o prêmio maior e único que recebeu durante os seus 50 anos de atividade pública. Este cargo lhe garantiu relativa tranqüilidade financeira durante o restante de sua laboriosa vida.
Foi casado com d. Maria da Conceição Varella, que faleceu em 29 de novembro de 1985 e com a qual teve quatro filhos, dezessete netos e bisnetos. Faleceu em Natal aos 14 de junho de 1976.
Ademir Heleno Rocha, ademir-heleno@bol.com.br, paraense, nascido em Abaetetuba/Pa, genealogista, memorista biográfico e historiador. Ademir, tendo estudado a vida do Pe. Luiz de França do Amaral Varella/Pe. Luiz Varella, natural do Rio G. do Norte e com um irmão denominado Homero Varella, chegados em Abaetetuba em 1917, se interessou pelos dados da genealogia que cita um Pe. Luiz Varella. Será que é o mesmo padre que passou longos anos em Abaetetuba? Se for, por favor, fornecer maiores dados sobre a família desse padre, como pais, irmãos, naturalidade, etc. Ademir, agradece antecipadamente, com um abraço paraense.
ResponderExcluirAdemir Heleno A. Rocha, ademir-heleno@bol.com.br, genealogista, memorista biográfico e historiador de sua cidade, Abaetetuba/Pa, se deparou nesta genealogia com o nome do Pe. Luiz Varella/Luiz de França do Amaral Varella, que tem origem no Rio G. do Norte e passou longos anos na minha cidade como padre vigário e com nome de rua. Peço, por favor, confirmar se o padre citado é o mesmo que por aqui esteve a partir de 1917, tendo trazido um seu irmão, Homero Varella. Preciso de dados desse padre, como pais, irmãos, naturalidade e outros dados para completar sua biografia, que também é nome de escola por aqui. Antecipadamente, obrigado. Prof. Ademir Rocha.
ResponderExcluirUM TRABALHO MAGNIFICO PARABÉNS. ATE.
ResponderExcluirEu sou um parente muito distante de José Augusto Varela. O meu avô era primo dele.
ResponderExcluirDe acordo com o meu finado avô, eu sou parente distante de José Augusto Varella, ele e os irmãos garantiam que era primo dele. Não sei o motivo pelo qual o nome teria sido alterado para "Varela" com apenas uma letra "l" na minha ramificação. A única certeza incontestável que eu tenho é a de que somos descendentes da família Varela Barca de Açu/RN.
ResponderExcluirMuito bom a história dele. Mas faltou coisa aí na história...Quando ele veio a bahia ele conheceu uma pessoa com quem teve um filho...e esse filho dele teve mais filhos e neto...e eu sou um deles kkkkkk
ResponderExcluirSou bisneto de Jose Augusto Varella! Kkkkkk
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