quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Rua da Aliança

O presente tema pode ensejar a política, o jogo dos contrários e o balanço das disputas partidárias. Mas não é nada disso, apesar de se tratar de minha terra Macaíba. São duas ruas pacatas e simplórias que não perderam a densidade histórica de suas origens.



Poucos são os que tratam de rua Dr. Pedro Matos (em homenagem ao malogrado deputado estadual, morto acidentalmente por um tiro de revólver, em 1938), o caminho mais antigo de quem procede de Natal. A denominação costumeira, consuetudinária, é rua da Aliança.



A origem toponímica da localidade possui duas versões coletadas por mim de antigos moradores, e são as seguintes; a primeira, fincada nas raízes do imaginário popular, conta que um casal apaixonado resolveu selar o noivado com festa de comer e beber, que tomou toda a extensão do arruamento, e, permitiu o batismo de rua da Aliança.



A segunda versão parece-me a mais convincente, tendo em vista o que foi escrito sobre o tema. Em 1896, o jovem Eloy de Souza era delegado municipal, nomeado por Pedro Velho. Eloy quis restabelecer a ordem pública perturbada por alguns elementos provenientes dos engenhos Ferreiro Torto, pertencente nesta época ao Dr. Francisco Clementino de Vasconcelos Chaves e Arvoredo, cujo proprietário era o Cel. Manoel Joaquim Teixeira de Moura.



Os trabalhadores - segundo Eloy – perturbavam a feira, furtavam animais e travavam lutas corporais. O primeiro desordeiro detido foi José Câmara, morador do Ferreiro Torto. Na noite seguinte à prisão, numerosos trabalhadores resolveram atacar a cidade. Eloy de Souza, previamente informado, somente dispunha de oito soldados. De pronto, recorreu ao coronel Agripino de Mesquita e ao comendador Umbelino de Mello para que cedessem homens para a defesa.


Houve então um deslocamento de todos para a estrada que ligava o engenho e a cidade da Macaíba. Aprouve a providência que não houvesse luta. Desta vez, o Dr. Chaves e o coronel Manoel Joaquim compareceram ao local do confronto, mas o diálogo prevaleceu graças as articulações de Eloy, Umbelino de Mello, chefe situacionista e Agripino de Mesquita, chefe oposicionista cujo tio havia sido morto pelo capanga do Ferreiro Torto, que preso, motivou a revolta.


O episódio serviu para gerar um momento de união entre pessoas adversárias. E, sobretudo, a aliança, a promessa entre as partes de que aquele fato jamais voltaria a acontecer. Populares presentes crismaram de a Rua da Aliança o logradouro. E o nome foi oficializado pela Intendência Municipal, a pedido dos envolvidos.
O topônimo perdurou até pouco depois do dia 10 de novembro de 1937, quando faleceu em consequência de um tiro acidentalmente deflagado por um amigo oficial da polícia, o deputado estadual Dr. Pedro de Alcântara Matos, lider do governador na Assembléia Legislativa. O prefeito de Macaíba decretou a mudança do nome da rua, mas o povo não esqueceu a tradicional denominação pretérita.

Um comentário:

  1. Bom dia. A respeito da morte do deputado Pedro Matos, na verdade foi mediante um tiro de pistola, deflagrado acidentalmente pelo oficial da PM Inácio Gonçalves Vale, que é o genitor do general Dioscoro Vale.

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