quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Condado do Rio Grande


O historiador Varnhagem, na História Geral do Brasil, volume III, pág. 250, da terceira edição integral, ao relatar os fatos ocorridos depois da restauração de Pernambuco e mais capitanias, sujeitas ao domínio holandês, escreveu que constava vagamente que a capitania do Rio Grande foi doada a Francisco Barreto, e tocou, com o título de condado, a uma filha sua, que se casou com o almirante Lopes Furtado de Mendonça.

Francisco Barreto, o general vencedor das duas batalhas dos Guararapes, o restaurador de Pernambuco, pelos seus extraordinários serviços, mereceu de D. João IV os mais altos galardões, entre os quais não é menor esse condado, que foi erigido, e que só não constitui singularidade na história colonial brasileira, porque a ilha Grande de Joanes foi, tempos depois, em 1665, dada por D. Afonso VI, de juro e herdade, com o título de baronato, a Antônio de Souza de Macedo (sexto neto do famoso Martin Gonçalves de Souza de Macedo que na batalha de Aljubarrota salvou a vida de D. João I), em remuneração de seus serviços como embaixador na Holanda e na Inglaterra.


O condado do Rio Grande tocou, como disse Varnhagem, a D. Antônia Maria Francisca Barreto de Sá, filha de Francisco Barreto e sua primeira mulher D. Maria Francisca de Sá. Senhora da casa de seu pai casou com Lopes Furtado de Mendonça, que foi o primeiro conde do Rio Grande e almirante da armada real, falecido a 20 de novembro de 1730, como noticiou a Gazeta de Lisboa, de 23 daquele mês e ano. D. Antônia sobreviveu ao marido por mais de vinte e nove anos, segundo o necrológio feito pela mesma Gazeta, de 06 de setembro de 1759:


Faleceu nesta cidade (Lisboa), a 20 de agosto de 1759, em idade de 94 anos, e mui adornada de virtudes morais, a ilustríssima, e excelentíssima senhora Condessa do Rio Grande D. Antônia Maria de Sá Barreto, viúva do Conde Lopes Furtado de Mendonça, filha do famoso General Francisco Barreto de Menezes, que com a batalha dos Guararapes libertou a Capitania de Pernambuco, e por sua mãe, neta da excelentíssima Casa de Penaguiam. Foi sepultada na Igreja dos Religiosos de São Paulo, primeiro eremita.


O condado do Rio Grande extinguiu-se em José Furtado de Mendonça e Menezes, filho único do casal D. Antônia e de Lopes Furtado, falecido sem geração.


O Rei Dom Pedro II de Portugal em carta régia de 05 de março de 1689 nomeava Conde do Rio Grande a Lopo Furtado de Mendonça, 1661-1730, por haver se casado com dona Antônia Maria Francisca Barreto de Sá, em 1684, e falecida em Lisboa, aos 94 anos, em 20 de agosto de 1759. O filho herdeiro do título José Antônio Barreto Furtado de Mendonça e Menezes nasceu em 1688, ano da morte de seu avô materno, o General Francisco Barreto de Menzes, Vencedor de Guararapes, e veio a falecer, sem descendência em agosto de 1707.


Desejava Dom Pedro II homenagear a Barreto de Menezes, criando o título e fazendo-o usar por sua filha. O primeiro Conde do Rio Grande foi o General e almirante vitorioso, cheio de glória em 1716 na batalha naval do cabo Matapã, além da participação nas campanhas militares da época.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Bibliografia Genealógica Potiguar

Objetivando auxiliar a tantos quantos desejem pesquisar sobre famílias potiguares, apresento a bibliografia genealógica potiguar. Serão considerados além dos autores potiguares, as genealogias escritas por autores de outros estados que versem sobre famílias potiguares em seus trabalhos.

Destaco para conhecimento de todos os interessados em genealogia potiguar, dois grandes genealogistas que no anonimato em que desejam estar, desenvolvem pesquisas sérias e fundamentadas, sendo fonte imprescindível para os pesquisadores do Rio Grande do Norte, são eles: Fernando Bezerra Galvão, genealogista currasnovense, que domina a genealogia seridoense como poucos, sendo fonte para muitos, inclusive para mim, pesquisador da família do Cel. José Bezerra de Araújo Galvão.


O outro genealogista é o Toscano, simples e bom, pesquisador daqueles que não dispensam os papéis velhos e esquecidos do nosso Instituto Histórico, bem como os registros cartoriais e da Cúria Metropolitana do Natal, buscando estabelecer ligações, encontrar entroncamentos, sem nunca permanecer na primeira informação.

Fernando Bezerra Galvão e Toscano, não possuem livros escritos. São exemplos formidáveis de humildade. Seus conhecimentos dariam inúmeros livros acerca de nossos antepassados. Mas preferem repassar o que sabem, porque para eles a satisfação reside na pesquisa.

Através de meu apelo insistente decidiram se filiar ao nosso Instituto de genealogia. Porém, nunca participam de discussões e dos encontros, preferindo continuar com suas pesquisas constantes e ajudando, desinteressadamente, a todos que os procuram.

Por fim, listo as genealogias de Luís da Câmara Cascudo. Esse autor que se interessou por tudo que dizia respeito ao Rio Grande do Norte, não se furtou de deixar consignada sua contribuição a genealogia estadual, apresentando suas genealogias nas Actas Diurnas e posteriormente na Revista Genealógica Brasileira.


ALVES, Celestino. Retoques da História de Currais Novos. Natal: Fundação José Augusto, PMCN, 1985;

AMARAL, Aldysio Gurgel do. Na Trilha do Passado: genealogia da família Gurgel. Fortaleza: Tipografia Minerva, 1986;


ARAÚJO, Antônia Figueirêdo. Retalhos de família: revivendo gerações. Caicó: Mater Dei, 2007;


ARAÚJO, Boanerges Januário Soares de. Cel. Pedro Soares de Araújo: o patriarca. Natal: 1957;

ARISTON, Eunice. Olegário Vale: o idealista. Natal: RN Econômico, 2004;

AZEVEDO, Max Cunha de. Coronel Felinto Elizio: ilustre patriarca do Seridó. Natal: Nordeste Gráfica e Editora, 2006;

AZEVEDO, Galdino Vieira de. Há mais de meio século. Macaíba: 2006;

AZEVEDO, Aluizio. Famílias Azevedo, Dantas, Medeiros e Rocha no Rio Grande do Norte. Coleção mossoroense, série “C”, V. 1340. Natal: Gráfica de Fato, 2002;

BASTOS, Sebastião de Azevedo. No Roteiro dos Azevedos e outras famílias do Nordeste. João Pessoa: Gráfica Comercial, 1954-1955;

BEZERRA, José Augusto de Medeiros. Famílias Seridoenses. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores, 1940;

BEZERRA, Luiz G. M. Silvino Bezerra Neto. Mossoró: Fundação Guimarães Duque, Coleção Mossoroense, série “C”, vol. 1251, 2001;

BEZERRA, Silvino. Lembrança para Minha Família. Natal: Gráfica União, 1962;

BEZERRA, Silvino. Caetano Dantas Correa e o Sítio Ingá. Tipografia Villar, 1957;

BRANCO SOBRINHO, José Moreira Brandão Castelo. Moreira Brandão. Rio de Janeiro: separata da revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1959;

BRASIL, Paulo M. Assis. Bravos Sertanejos do Seridó: famílias de Portugal e do Brasil. Os Dantas Corrêa e os Ribeiro Dantas. Natal: Sebo Vermelho, 2002;

BRITO, Raimundo Soares de. Alferes Teófilo Olegário de Brito Guerra: um memorialista esquecido. Mossoró: Coleção Mossoroense, vol. CXXXII, 1980;

CÂMARA, Adauto da. Câmaras e Mirandas Henriques. Natal: Departamento Estadual de Imprensa, 2006;

CASCUDO, Luiz da Câmara. Conde D’Eu. Rio de Janeiro: Editora Nacional, 1933;

_________. A família do Pe. Miguelinho. Natal: Coleção Mossoroense, N.55, Departamento de Imprensa, 1960;

_________. Jerônimo Rosado (1861-1930): uma ação brasileira na província. Rio de Janeiro: Pongetti, 1967;

_________. Os Carrilho do Rio Grande do Norte. Revista Genealógica Brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1941;

_________. João Lustal Navarro e seus descendentes. In O Livro das Velhas Figuras nº 03;

_________. Francisco da Costa e Vasconcelos. In O Livro das Velhas Figuras nº 03;

_________. Francisco Machado de Oliveira Barros. In O Livro das Velhas Figuras nº 03;

_________. A Família do Padre Miguelinho. In O Livro das Velhas Figuras nº 03;

_________. Nísia Floresta e alguns parentes. In O Livro das Velhas Figuras nº 04;

_________. O Fundador da família Raposo da Câmara. In O Livro das Velhas Figuras nº 04;
_________. O primeiro Joaquim Inácio Pereira. In O livro das Velhas Figuras nº 05;

_________. Joaquim Torquato Soares Raposo da Câmara. In O livro das Velhas Figuras nº 05;
_________. Os antepassados de Câmara Filho. In O livro das Velhas Figuras nº 05;

_________. Joaquim José do Rego Barros. In O livro das Velhas Figuras nº 06;

_________. Gonçalo Morgado. In O livro das Velhas Figuras nº 06;

_________. Descendência de Joris Garstman? In O livro das Velhas Figuras nº 06;

__________. A Família Ribeiro Dantas. In O livro das Velhas Figuras nº 06;

__________. Os descendentes de Joaquim Inácio Pereira. In O livro das Velhas Figuras nº 07;
_________. A Casa de Cunhaú: história e genealogia. Brasília: Senado Federal, 2008;


COSTA, Sinval. Os Álvares do Seridó e suas ramificações. Recife: Comunigraf Editora, 1999;


ESCÓSSIA, Lauro da. As dez gerações da família Cambôa: estudo genealógico. Mossoró: Coleção Mossoroense, vol. 55, 1978;

FERNANDES, João Bosco; MOUSINHO, Antônio Fernandes. Memorial de Família: pesquisa genealógica. João Pessoa: Halley Editora, 1994;

FILGUEIRA, Marcos Antônio. Esboço Genealógico da Família Burlamaqui. Mossoró, coleção mossoroense, série “C”, vol. DXXXIX, 1990;

FILHO, Antônio Othon. Meio Século da Roça à Cidade: cinqüentenário de Currais Novos. Recife: Companhia editora de Pernambuco, 1970;

FILHO, Juvêncio Cunha. Nossa origem, nossa descendência. Natal: 2ª edição, CERN, 1990;

GALVÃO, Dagoberto Félix Bezerra de Araújo. Reminiscências. Brasília: 1984;

GUIMARÃES, Gaspar Antônio Vieira. Doze Gerações: notas genealógicas. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1936;

JOPPERT, Gustavo Pedrosa. Os Pedrosa. Rio de Janeiro: edição do autor fora de comercio, 1991;

LAMARTINE, Pery. Assentamentos da Família Lamartine. Natal: Editora Clima, 1982;

___________. Coronéis do Seridó. Natal: sebo vermelho, 2005;

LINHARES, Mário. Os Linhares: retrospecto genealógico 1690-1939. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1939;

LOPES, José Evangelista. Itajá dos Lopes. Natal: Clima, 1987;

WANDERLEY, Walter. Família Wanderley: história e genealogia. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1966;

MACÊDO, Antônio Soares de. Breve notícia sobre a árvore genealógica da família Casa Grande, residente em Assú, Estado do Rio Grande do Norte. Natal: Tipografia Natelense, 1893;

MARANHÃO, João de Albuquerque. História da Casa de Cunhaú. Recife: Arquivo Público Estadual, 1956;

MARANHÃO, Paulo Frederico Lobo. A família Maranhão do Cunhaú ao Matary. Recife: Comunigraf, 2001;

MEDEIROS FILHO, Olavo. Velhas Famílias do Seridó. Brasília: Senado Federal, 1981;

___________. Origens Genealógicas dos Morais Navarro no Nordeste Brasileiro. Mossoró: Coleção Mossoroense, série “B”, nº 470, 1988;

___________. O Engenho Cunhaú à Luz de um Inventário. Natal: Fundação José Augusto, 1993;

___________. Os Barões do Ceará-Mirim e Mipibú. Mossoró: Coleção Mossoroense, Série “C”, vol. 1410, 2005;

MEDEIROS, Kyval da Cunha. Cinco Gerações: o coronel Ambrósio de Medeiros e sua descendência. São Paulo, 1945;

MEDEIROS, Tarcízio Dinoá. Genealogia de uma Família do Seridó. Brasília: Verano Editora, 2007;

MELO. Manoel Rodrigues de. Patriarcas e Carreiros: influência do coronel e do carro de boi na sociedade rural do nordeste. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores. 2ª edição, 1954;

MOURA, Carlos Alberto Dantas. Família Ribeiro Dantas de São José de Mipibú. Brasília: Senado Federal, 1985;

NÓBREGA, Trajano Pires da. A Família Nóbrega. São Paulo: 1956;

NOGUEIRA, Maria de Lourdes Cavalcanti. Raízes de uma grande árvore: família de meu pai e de minha mãe. Manuscrito. Natal: 1999;

ONOFRE, Manoel Jr. Espírito de Clã. Natal: offset gráfica, 2003;

OLIVEIRA, Rossini Fernandes de. José Josias Fernandes: perfil de um homem público. Natal: Departamento Estadual de Imprensa, 2000;

PEREIRA, Ernestino de Araújo. Manoel Elias e sua família Araújo Pereira. Rio de Janeiro: Companhia Brasileira de Artes Gráficas, 1983;

QUEIROZ, Alcides Francisco Villar de. Villar & Cia.: apontamentos de história familiar. Natal: Gráficos Boch, 1998;

_________. Villar & Cia. 2: apontamentos de história familiar. Rio de Janeiro: Fábrica dos Livros, 2003;

ROSADO, Cid Augusto Escóssia. Escóssia. Mossoró: Coleção Mossoroense, série “C”, vol. 989, 1998;

ROSADO, Vingth-un. Informação Genealógica Sobre Alguns Rosados. Mossoró: Coleção Mossoroense, 1982;

ROMÃO, João Evangelista. Além dos Jardins: história e genealogia de Jardim de Angicos. Jardim de Angicos, 2006;

SOARES. Arysson da Silva. Descendência de José Batista dos Santos e sua mulhr Josefa Freire de Medeiros (Ou Araújo). 1997;

______. Os Panelas: Descendência do patriarca Clemente de Araújo Pereira e Ana Francelina de Brito. Natal, 2002;

SIMONETTI, Ormuz Barbalho. Genealogia dos troncos familiares de Goianinha-RN. Natal: Offset Gráfica, 2008;

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TRINDADE, João Felipe da. Servantis ex more servandis: uma genealogia. Natal: Imagem Gráfica, 2008;

______. Notícias Genealógicas do Rio Grande do Norte. Natal: EDUFRN, 2011.

______. Mais notícias Genealógica do Rio Grande do Norte. Natal: EDUFRN, 2013.

VASCONCELOS, Guiomar de. Dados Genealógicos de um Ramo da Família Vasconcelos no Rio Grande do Norte. Natal: Tipografia Gualhardo, 1952;

VIANA, Dudé. A Saga Benevides Carneiro: a história da família mais diversificada do RN. Natal: Departamento Estadual de Imprensa, 2006.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Francisco Freire da Cruz

Francisco Freire da Cruz

Mausoléu de Francisco Freire da Cruz na Matriz de Macaíba


Essa semana, chegando para a missa, contemplei o mausoléu do jovem Francisco Freire da Cruz, nome de rua em minha terra, Macaíba. Em 2010, completou-se o centenário da sua morte, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. Esse esboço procurará evidenciar a curta trajetória do macaibense, falecido ainda tão jovem e que até hoje continua reverenciado em sua aldeia.

A família Freire chegou a Macaíba durante a corrida comercial que se verificou com a fundação da feira e do povoado por Fabrício Pedroza. O patriarca da família, Manoel Joaquim Freire, oriundo de São José de Mipibú, chegou na florescente povoação já casado com Inês Emiliana Freire, sua parente.

Dentre os muitos filhos provenientes destas núpcias, contava-se Isabel Freire que casou com Francisco Severiano da Cruz e tiveram os seguintes filhos: Isabel Freire da Cruz (Madrinha Beleza) e Francisco Freire da Cruz, nascido em Macaíba aos 09 de fevereiro de 1881.

D. Isabel Freire da Cruz foi a primeira mulher em Macaíba a possuir um comercio. Seus negócios constituíam-se de um armazém que vendia ferragens e de uma loja que comercializava roupas e chapéus no melhor estilo francês. Ao falecer deixou uma considerável fortuna que foi administrada pelo pai, Manoel Joaquim Freire, tutor dos netos, que não raro respondia em juízo os desvios de dinheiro da herança.

Desde muito cedo, Francisco da Cruz destacou-se no meio social de sua cidade, participando do Grêmio Literário “Tobias Barreto”, escrevendo poesias e crônicas para diversos periódicos do Pará, do Rio de Janeiro e de Natal, notadamente “A República”, do qual foi correspondente em Macaíba. Foi um orador solicitado nas diversas manifestações públicas ocorridas na cidade.

Tão logo alcançou sua maioridade civil, Francisco da Cruz requereu ao juiz de direito de Macaíba a sua parte na herança materna, com o objetivo de entrar numa faculdade. O jornal “A República”, de sábado, 14 de maio de 1904, traz uma nota de despedida de Francisco da Cruz que estava de viagem para a cidade de Fortaleza, no Ceará, para estudar Direito. Não consegui maiores informações sobre a vida de Francisco da Cruz na capital cearense, o certo é que mudou de lá para Belém do Pará e, posteriormente, para o Rio de Janeiro onde deu continuidade aos estudos, ao que tudo indica, interrompidos anteriormente, por motivos de saúde.

Ainda em Belém, Francisco da Cruz casou-se por procuração com uma jovem carioca chamada 
Praxedes Ovalle, pertencente a uma nobre família chilena, fato que ensejou sua mudança para o Rio de Janeiro onde passou a residir na rua das Laranjeiras 398, bairro do Flamengo, envolveu-se com o Instituto dos Surdos Mudos e com a Sociedade Nacional de Agricultura, além de ter dado continuidade aos seus estudos em direito. Era quartanista quando faleceu devido um “excesso de gripe” no dia 10 de agosto de 1910. Eis o termo de óbito de Francisco da Cruz:

N. 741. Aos dezesseis dias de agosto de mil novecentos e dez, nesta Capital Federal, em cartório compareceu Godofredo Coelho, com vinte e seis anos de idade, solteiro, do comercio, morador a Rua das Laranjeiras 398 e exibindo atesto do doutor Miguel Couto declarou que (...) na casa referida faleceu hoje a uma hora da madrugada seu cunhado Francisco Freire da Cruz, filho legitimo de Francisco Severiano da Cruz e de dona Isabel Freire da Cruz, branco, com vinte e oito anos e acadêmico de direito, do Rio Grande do Norte. Casado com Praxedes Ovalle da Cruz, não deixou filhos, vai ser sepultado no Cemitério de São João Batista e nada mais disse e lido assina. Eu, Oscar Borges escrivão juramentado escrevi. Olympio da Silva Pereira. Oscar Borges. Godofredo Coelho. (Livro de óbitos n. 56, da 4ª Circunscrição do Rio de Janeiro (Flamengo), p. 149v).

Sua morte tão prematura abalou a todos. Foi sepultado no mesmo dia, as 17:00 horas, no cemitério de São João Batista, onde o acadêmico Celso Lemos proferiu discurso de despedida. A Faculdade de Direito do Rio de Janeiro ficou em luto por oito dias. Posteriormente, D. Isabel Freire da Cruz (Madrinha Beleza), trouxe os restos mortais do pranteado irmão e sepultou-os no mausoléu da família, na matriz.

Em Macaíba, terra natal de Francisco Freire da Cruz, existia no Largo das Cinco Bocas um cruzeiro, erguido por volta de 1880, que significava o marco zero da cidade. Por isso, a artéria que segue daquele ponto para oeste da cidade, era chamada de Rua da Cruz. Aproveitando o topônimo, a Intendência Municipal determinou homenagear o jovem Francisco, que era Cruz, sem retirar o antigo e histórico nome. Assim, até os presentes dias, os macaibenses ora dizem Rua da Cruz, ora Rua Francisco da Cruz.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ciência brasileira é tema da principal matéria da prestigiosa Science

Ter trabalho mencionado ou publicado na Science é o sonho de todo cientista. Pudera. Publicada pela Associação Americana pelo Avanço da Ciência, é a mais prestigiosa revista de ciência do mundo, ao lado da Nature, inglesa.

A triagem é rigorosíssima. Os critérios para publicação, científicos, mesmo.

Imaginem ser o tema de uma reportagem de seis páginas. É o supra-sumo.

Pois a edição 331 da Science, que começou a circular no dia 06-12-2010, dedica seis páginas à ciência brasileira. É a principal reportagem da edição. Nessa magnitude, é a primeira vez que isso acontece na publicação que já teve como um dos seus editores o genial Thomas Edison (1847-1931), criador da lâmpada elétrica, do fonógrafo e do projetor de cinema, entre outras invenções.

A reportagem começa e termina por Natal (RN). Mais precisamente em Macaíba, que sedia o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lilly Safra, mais conhecido como Centro do Cérebro, implantado pelos neurocientistas Miguel Nicolelis e Sidarta Ribeiro.

A reportagem destaca também, entre outras, as pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Petrobras e da Amazônia. Sinceramente emocionante. Uma demonstração clara de que:

1) Lá fora, estão de olho no que se faz aqui.

2) É preciso mudar o modo de gestão científica no Brasil.

3) A Universidade de São Paulo, apesar de ter grande produção científica, está perdendo espaço. Nenhuma pesquisa da USP foi destacada. Sinal de alerta de que há algo errado.

4) O que o Brasil está fazendo em termos de ciência tem sentido.

5) A visão do Centro de Natal de que ciência é agente de transformação social convenceu até os gringos, apesar de ela ainda sofrer resistência e bombardeio de setores da academia brasileira.

A propósito, todos os aspectos da Ciência Tropical estão no artigo da Science. Sinal de que ela é futuro.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Engenho Guaporé e Solar São Francisco

Solar São Francisco, antiga residência do Barão de Ceará-Mirim. Fotos: Anderson Tavares

Cemitério do Solar São Francisco, onde se encontram enterrados os Barões de Ceará-Mirim.

Vista do engenho Guaporé.


Entrada do engenho Guaporé.














Durante uma visita de estudos à histórica cidade do Ceará-Mirim, situada na região metropolitana de Natal, verifiquei com o professor Cláudio Galvão e o pesquisador e bibliófilo Wandyr Villar, o descaso governamental em relação ao monumental prédio do engenho Guaporé. O que está ocorrendo ali é uma violência contra o povo do Rio Grande do Norte, tendo em vista que o palacete do Guaporé está sob a imediata “proteção” do Estado.


O casarão está em completo abandono. Suas portas e janelas constantemente abertas, porque quebradas pela ação de vândalos e criminosos. Os salões sujos e pichados. A antiga escadaria destroçada. Foi triste ver o Guaporé mergulhado na sua lenta agonia. Está perecendo, brutalmente, uma página da história potiguar a exemplo do casarão dos Guarapes, na minha terra Macaíba.

Pude averiguar o misto de angústia e ansiedade que o amigo Gibson Machado, professor e memorialista do Ceará-Mirim, sente ao visitar àquela jóia preciosa da história de sua terra. Ele que é um verdadeiro batalhador na divulgação de sua terra e da sua gente.

Diante de tanto descaso, deparamo-nos com uma iniciativa do resgate do Solar São Francisco, residência dos barões do Ceará-Mirim, hoje integrada a Usina São Francisco e cujo proprietário está realizando um trabalho de restauro da casa.

Fica aqui registrado a nossa revolta diante do descalabro cometido contra o nosso patrimônio histórico arquitetônico, unindo a nossa voz a tantos outros que já escreveram sobre o estado degradante que se encontra o Guaporé, e agradecendo a Deus a saída dessa gente irresponsavelmente inerte e renovando esperanças no governo vindouro, para que seja o restaurador da nossa dignidade histórica-patrimonial.








domingo, 5 de dezembro de 2010

A primeira festa da padroeira de Macaíba

Imagem de Nossa Senhora da Conceição após procissão

A festa de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Macaíba, completará o seu sesquicentenário em 2011. Apresentaremos aqui um relato inédito de como Nossa Senhora da Conceição foi designada padroeira do nascente povoado da Macaíba, fato que ensejou a realização da primeira festa da padroeira e constitui uma das passagens mais belas e emocionantes da história local.

Dos 32 filhos de Fabrício Pedroza havidos de seus três casamentos, Maria Terceira da Silva Pedroza (Terceirinha), fruto do primeiro matrimônio do patriarca macaibense, deixou para deleite de sua família (hoje uma fonte para historiadores) um caderno de notas intitulado: “Aos Meus”, no qual traz a baila uma série de esclarecimentos concernentes a história de Macaíba. Trata-se de um depoimento inédito de valor histórico, antropológico e sociológico que nos permite visão e comentário em torno dos aspectos mais interessantes da nossa cidade, naqueles velhos tempos.

Os cadernos foram milagrosamente guardados no acervo da sobrinha-neta, Sophia de Lyra Tavares, no Rio de Janeiro, de onde retirei várias observações sobre a história de Macaíba.

Um dos apontamentos diz respeito ao translado da imagem da padroeira Nossa Senhora da Conceição da comunidade de Guarapes para o povoado da Macaíba. Sabemos que em 1858, Fabrício Gomes Pedroza e sua terceira mulher Luiza Florinda Pedroza, numa cerimônia festiva, lançaram a pedra fundamental para a construção da capela do povoado e prometeram a doação da imagem da Imaculada Conceição da qual eram devotos. Com o crescimento do lugar era preciso alimentar material e espiritualmente o povo que para ali estava de mudança. Os trabalhos da construção do templo prosseguiram lentamente, sempre com o auxilio material de Fabrício Pedroza e família.

Em 1861, Antônio Pessoa de Araújo Tavares, marido de Guilhermina da Silva Pedroza, filha de Fabrício Pedroza, tendo empreendido viagem de negócios a Corte (Rio de Janeiro), trouxe uma imagem de Nossa Senhora da Conceição para sua esposa. O casal estava se preparando para uma temporada em seu engenho “Marotos”, localizado na cidade de Nazaré da Mata, província de Pernambuco, quando Guilhermina mostrou-se preocupada com o fato da capelinha da Macaíba encontrar-se sem um orago.

São notas de Terceirinha: “Acordaram as manas Guilhermina e Feliciana que o vulto da Imaculada Conceição, comprada na corte pelo meu cunhado Antônio Tavares para presentear a Guilhermina, deveria, com o consentimento do nosso pae, ser imediatamente sagrado como orago da capela em construção na Macaíba".

Maria Terceira da Silva Pedroza (Terceirinha)

Entre os dias 06, 07 e 08 de dezembro de 1861, as irmãs, Guilhermina Tavares, Terceirinha, Josefa Pedroza, Feliciana Maranhão, Ignêz Generosa Tinôco, Maria Militina Tavares, Cândida Minervina Tavares, Maria Elvira Pedroza, Maria da Cruz Pedroza, Joaquina Pedroza, Luiza Pedroza e Áurea Pedroza, auxiliadas por um séquito composto das moradoras de Guarapes, Carnaubinha, Jundiaí e Macaíba, organizaram a procissão do translado.

Segundo Terceirinha: “todas as mulheres trabalharam o arranjo da carruagem que transportaria o vulto da Imaculada Conceição, colhendo nos jardins as flores e rosas mais bonitas que comporiam o cenário. Acertamos que vestir-mos-ia o branco e azul, trazendo os adoremus e terços votivos. Todos os cabrioles, tilburis e demais carros foram solicitados e transportaram enorme quantidade de senhoras e senhorinhas amigas nossas, que se irmanaram no propósito firmado por minhas irmãs”.

E os homens? Estes deliberaram a doação dos Santos Cosme e Damião e organizaram um cortejo que partiu do Engenho Jundiaí (também propriedade dos Pedrozas) e encontrariam as mulheres no alto do Ferreiro Torto. Todos elegantemente trajados “de cartola e fraque”, montados em garbosos cavalos de sela, “traziam nos braços fitas azuis e brancas e medalhas da Senhora da Conceição em suas lapelas”.

Um altar com as imagens de Cosme e Damião e da Senhora Santana foi montado previamente na passagem do Ferreiro Torto onde rezavam, aguardando. “misturavam-se os empregados negros e brancos, meninos e jovens, liderados ao passo lento do cavalo de papai e de meus irmãos e cunhados”. Distinguia-se entre outros homens: Antônio Alecrim, Delmiro Carneiro de Mesquita, João Evangelista de Vasconcelos Lima, Vicente de Andrade Lima, Feliciano de Lyra Tavares, Ismael César Duarte Ribeiro, Manoel Modesto Pereira do Lago e Manoel Joaquim Teixeira de Moura.

O Cortejo era guiado por Fabrício Pedroza, os filhos Francisco Pedroza, Inácio e Francisco Pedro Bandeira de Melo Neto; os genros Amaro Barreto Maranhão, Antônio, Francisco e Miguel Tavares e João Juvenal Tinôco.

Ao se encontrarem, as procissões confraternizaram e seguiram pelas ruas de chão batido e com os poucos lampiões existentes, que queimavam azeite de mamona, entoando cânticos de glória e louvor a Nossa Senhora da Conceição, Santos Cosme e Damião. As poucas residências por onde iam passando, estavam enfeitadas com flores e o povo em suas melhores roupas ia se juntando a procissão, contritos de fé e abraçando sua padroeira.

A imagem de Nossa Senhora da Conceição seguiu em uma carruagem de quatro cavalos conduzida por Nhá Maroca, Judite, Mãe Luiza Pedroza, Guilhermina Tavares, Feliciana Maranhão e Ignêz Tinôco, além dos anjinhos Maria da Cruz, Joaquina, Áurea e Luiza Pedroza.

Luiza Pedroza, coroou pela 1ª vez a imagem de Nª Sª da Conceição

Chegando ao terreiro da igreja, já se concentrava muitas pessoas e devido o tamanho da capela, entraram as irmãs e os religiosos que depois de sagrarem a imagem como orago, “deu-se o coroamento da Imaculada Conceição em presença da multidão por minha pequena mana Luiza, que esteve bela. Depois do que uma enorme salva de palmas irrompeu do povo presente. Essa foi a primeira festinha que se deu em honra a excelsa Imaculada Conceição de Maria. Feliz o povoado que nasce sob a proteção de tão boa mãe e rainha”.

Após a cerimônia e mesmo durante a chegada do préstito houve inúmeras girândolas e músicas tocadas por uma banda vinda de Natal. Organizaram-se várias barraquinhas onde serviam as comidas típicas, algumas hoje quase desconhecidas: os pastéis de carne de porco, o chouriço, os doces secos, os sequilhos, as castanhas de caju confeitadas. Uma enorme mesa foi posta e todos tomaram parte nela, assistindo aos festejos seguintes que durariam até a manhã seguinte.


A festa profana, por esse tempo, era mais viva e reunia todos os folguedos da região. Assim, os homens organizaram corridas de argolinhas e apresentação de pastoril. A autora refere ainda que saíram às ruas o maracatu, o batuque e o Bumba-meu-boi, folguedo da preferência de Fabrício Pedroza.Embora Jundiaí e Guarapes tivessem Nossa Senhora da Conceição como padroeira, esse depoimento apresenta a primeira manifestação religiosa especificamente ligada a festa da padroeira de Macaíba, que em 2011 completará 150 anos.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

II Encontro de Genealogia do Seridó

De 26 a 28 deste mês de novembro acontecerá o II Encontro Norteriograndense de Genealogia no auditório do Centro Pastoral Dom Wagner, em Caicó.

No Encontro haverá palestras, mesas redondas, homenagens, dentre outras atividades que envolvem a genealogia das famílias do Seridó. Contaremos com a presença de estudiosos, pesquisadores e escritores de diversos estados nordestinos (RN, PB, CE e PE).

Um dos destaques do evento será a homenagem a Dom José Adelino Dantas que se hoje estivesse vivo estaria completando 100 anos. O Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo presidirá a palestra que homenageará o centenário de seu nascimento. "Dom Adelino", foi um homem ligado as artes, a cultura e conhecedor profundo das origens das famílias do Seridó.


Maiores informações sobre o evento, através do e-mail:aryssonsoares@hotmail.com ou pelo telefone 9991-6516.


PROGRAMAÇÃO:
Sexta-Feira (26.11.10): 18:30 às 22:00;
Sábado (27.11.10): 07:30 às 12:00 / 14:00 às 17:00 / 19:00 às 22:00;
Domingo (28.11.10): 07:30 às 12:00.