terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Rua da Conceição ou Nossa Senhora da Conceição?!

Em Natal

No Rio de Janeiro/RJ
Em Juazeiro do Norte/CE

Até o ano de 1858, existiam em Macaíba apenas duas ruas: a Rua da Pátria e a Rua da Conceição. A Rua da Conceição é uma das principais artérias do município da Macaíba. Foi aberta para se chegar ao tabuleiro onde seria erguida a Capela da Conceição, a mando do major Fabrício Gomes Pedroza, que doou o terreno para construção da capela, futura matriz. Já nasceu com este nome.

Em 1882, ela aparece em um antigo mapa-projeto feito para uma estrada de ferro que atravessaria a cidade, partindo da capital rumo à cidade de Ceará - Mirim. Pode-se observar as poucas residências com quintais enormes.

Os documentos mais antigos; escrituras, inventários e cartas aparecem sempre com a denominação toponímica de Rua DA CONCEIÇÃO e nunca Rua Nossa Senhora da Conceição. “Conceição” é Concebida sem o pecado original. Logo a denominação liga-se ao titulo dogmático, simples tradição portuguesa que lembra a concepção de Maria. Temos em Natal uma rua também chamada de Rua da Conceição, fica na Cidade Alta. O antigo Colégio da Imaculada Conceição, em Natal, era comumente conhecido por Colégio da Conceição.

No seu livro Província Submersa, o escritor macaibense Octacílio Alecrim afirma: a casa com gradil onde nasci fica na RUA DA CONCEIÇÃO.

A Rua da Conceição era o caminho natural para o porto da Macaíba, descendo pela Rua da Pátria (Nair Mesquita) até alcançar a Rua da Praia (Teodomiro Garcia).

Em 1883 foi inaugurado o antigo prédio dos correios imperiais. O primeiro estabelecimento comercial aberto na Rua da Conceição foi à casa bancaria Paula, Eloy & Cia. onde, posteriormente, funcionou a Intendência (prefeitura) , local da recepção ao presidente Washington Luiz, durante sua visita a cidade.

A Rua da Conceição abrigou a elite dos tempos imperiais. O comendador Umbelino de Mello, homem de prol e de mando que atravessava em carruagem, as alamedas formadas pelas mungubeiras da rua, em direção a sua casa na qual foi assinada a libertação dos escravos do município. O Coronel Prudente Alecrim e sua esposa, Donana, deleitando os transeuntes com os acordes do antigo piano alemão pleyal. Isabel Freire da Cruz (Madrinha Beleza) ensaiando os “dramas”, peças encenadas pelos jovens da cidade e a figura austera de Eulália Freire.

E, mais recentemente, Alice de Lima e Melo (secretária perpétua da prefeitura), Graziela Mesquita e sua pensão da Esperança, Erneide Magalhães com sua caridade, Cornélio Leite e o primeiro cartório, Dr. Virgílio Dantas, sua esposa D. Terceira Alecrim e seus 14 filhos! Maria Zebina Alecrim, sentada, imponente, na frente do seu casarão ao lado do marido Alberto Silva dono da padaria Brasil, a mais antiga da cidade.

É a rua das grandes movimentações políticas, das gincanas, dos desfiles cívicos, das movimentações religiosas e da tradicional feira local, desde a sua fundação funcionando aos sábados. Atualmente abriga grande parte do comercio local.

Foi rua de muitos jardins no passado e abriga ainda o mais antigo da cidade, cultivado por Donana Alecrim. É único, sem as dimensões e as variedades de flores, crotões e rosas francesas de outrora.


Essa e a história da Rua da Conceição, convertida pela memória atual descomprometida com a tradição do passado, em Rua Nossa Senhora da Conceição como se existisse erro na denominação histórica. 

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