domingo, 29 de abril de 2012

Os benfeitores da Macaíba

Placa da Imperial Ordem da Rosa que pertenceu ao Barão do Assú, Luís Gonzaga de Brito Guerra e com a qual foram condecorados os macaibenses. Arquivo Anderson Tavares


A pesquisa no Arquivo Nacional, localizado no Rio de Janeiro, nos proporcionou encontrar dados importantes para a História de Macaíba. Entre os documentos encontrados, têm-se as nomeações que seguem, transcritas Ipsis litteris, as quais compartilho com os leitores do blog.

Doc. 01.
Atendendo aos relevantes serviços prestados a Instrução Pública na Província do Rio Grande do Norte, pelos membros da “Sociedade Beneficente da Macahyba”, Dr. FRANCISCO CLEMENTINO DE VASCONCELOS CHAVES, Pe. BERNARDINO DE SENA FERREIRA LUSTOZA, JÚLIO CÉSAR PAES BARRETO e JUVINO CÉSAR PAES BARRETO: Hei por bem de conformidade com § 3º do art. 9º do Decreto nº 2.853 de 7 de Dezembro de 1861, nomeá-los Cavaleiros da Ordem da Rosa. 

Palácio do Rio de Janeiro, em treze de novembro de mil oitocentos e setenta e dois, quinquagésimo primeiro da Independência e do Império.

Pedro II - Imperador

João Alfredo Correia de Oliveira – Conselheiro.

Doc. 02
Atendendo aos relevantes serviços prestados à causa da Abolição da escravatura por AMARO BARRETO DE ALBUQUERQUE MARANHÃO, da Província do Rio Grande do Norte: Hei por bem em conformidade com o § 3 do art. 9º do Decreto nº 2.853 de 07 de dezembro de 1861, nomeá-lo Cavaleiro da Ordem da Rosa.

Palácio do Rio de Janeiro, em treze de novembro de mil oitocentos e setenta e dois, quinquagésimo primeiro da Independência e do Império.

Pedro II – Imperador

João Alfredo Correia de Oliveira – Conselheiro.

Doc. 03
Atendendo aos relevantes serviços que UMBELINO FREIRE DE GOUVEIA MELLO, vem prestando à Religião, à Instrução e a Causa Pública: Hei por bem, de conformidade com o § 3 do art. 9º do Decreto nº 2.853 de 07 de dezembro de 1861, nomeá-lo Comendador da Ordem da Rosa.

Palácio do Rio de Janeiro, em treze de novembro de mil oitocentos e oitenta e três, sexagésimo segundo da Independência e do Império.

Pedro II – Imperador

Francisco Antunes Maciel – Conselheiro.

Destacaremos a seguir algumas notas acerca dos personagens agraciados por Sua Majestade Imperial o Sr. Dom Pedro II.

O primeiro diploma, que contempla quatro agraciados, refere-se a uma “Sociedade Beneficente da Macahyba”. O que teria sido essa sociedade? Bem, o que pudemos apurar, foi que essa sociedade foi fundada em Macaíba, no ano de 1870. Dela fizeram parte todos os comerciantes da época, bem como os fazendeiros e donos de engenho. Dentre muitos, podemos destacar o Cel. Estevão José Barbosa de Moura, Thomaz Antônio Guedes de Mello, Thomaz Antônio de Mello, Manoel Joaquim Teixeira de Moura, os irmãos Juvino, Júlio César e Sinfrônio Paes Barreto, Amaro Barreto de Albuquerque Maranhão, Feliciano Pereira de Lyra Tavares, João Avelino Pereira de Vasconcelos e Vicente de Andrade Lima.

A sociedade proporcionava saúde e educação à população macaibense através de uma escola primária e de um laboratório. Mas a libertação dos escravos do município era a sua principal meta. Durante muito tempo os membros da Sociedade Beneficente da Macaíba roubaram escravos maltratados em Ceará-Mirim e São José de Mipibú, onde a produção açucareira requeria um maior número de cativos.

Essas pessoas eram trazidas para Macaíba e ficavam em Capoeiras, tradicional quilombo que remonta ao ano de 1840. O padre João Maria, vigário de Natal e o padre José Paulino de Andrade, levados pelos abolicionistas, prestavam assistência religiosa ao quilombo, tendo o padre o João Maria erguido com a ajuda das pessoas do quilombo o cruzeiro, onde eram celebradas as missas, e que até hoje se encontra naquela comunidade.

Para entendermos as razões que levaram a esses comerciantes e proprietários a se arriscarem em empreitada tão difícil, temos que observar que a época era propicia para tal fim, sendo a abolição até defendida pela Família Imperial, que premiava serviços nesse sentido. Macaíba por ser desde a sua fundação uma cidade de passagem e de comercio não demandava muitos escravos, o que fez com que a maçonaria e a Igreja Católica arregimentassem seus membros na localidade, exortando-lhes ao combate pelo fim da escravidão.

O certo é que o povo de Macaíba fez a sua parte na luta pela abolição da escravatura no município, demonstrando o avanço de sua mentalidade liberal e contribuindo com o progresso social do povoado.


Um comentário:

  1. ANDERSON TAVARES, BOA TARDE, EM BREVE QUERO TER O PRAZER DE CONHECE-LO PESSOALMENTE, DAVID ROGGE COELHO DOS REIS, FILHO DE MARIA ODETE COELHO DOS REIS, FILHA DE MARTA AURORA DA FONSECA LIMA E JOSE FREIRE COELHO, MARTA AURORA(NOVA) FILHA DE JOAO SOARES DA FONSECA LIMA. davidrogge8@hotmail.com , obrigado

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