Joanete no alpendre do casarão da Rua da Cruz. Foto: acervo Anderson Tavares de Lyra
Joanete Ribeiro de Moura. Foto: Jorge Mário. Acervo Anderson Tavares de Lyra
As
imagens assaltam os sentidos, tangem na epiderme soprada por um frêmito descido
das estrelas, enchem o gosto com um sabor de néctar temperado com algumas gostas
de angústia, dissolvem em sussurros clamores ouvidos à distância, ressuscitam
bálsamos e ensombram os olhos numa teia ora umedecida em flósculos de neve e
ora abanada por velas de jangadas que o vento tenha imaginado ancorar perto.
As
imagens que a saudade me transmite, talvez estejam vindo de alguma ambula que
tranca um cálice partido, mas o destino ingrato não me fará renovar a comunhão
daquelas partículas do tempo. Assim relembro minha querida amiga Joanete
Ribeiro de Moura, no dia do seu centenário! Longas foram as nossas conversas,
no alpendre do velho casarão encantado da Rua da Cruz. Joanete Moura e José
Inácio de Souza Neto, foram meus guias sentimentais na viagem de retorno à
Macaíba do passado.
Joanete
Ribeiro nasceu na Rua Francisco da Cruz, em Macaíba, aos 21 de maio de 1913.
Filha do comerciante Vicente Paulo de Souza, depois delegado do município e de
sua esposa Maria Ambrosina Marinho de Carvalho. Teve três irmãos: José Ribeiro
de Paiva Sobrinho, Anita Ribeiro Simplício casada com Pedro Simplício e Isabel
Ribeiro casada com João Quirino.
Quando
criança, iniciou seus estudos com a professora D. Emília Rodrigues. Depois
entrou para o Grupo Escolar Auta de Souza. Adolescente, interpretou
"dramas" encenados no grupo escolar e nas festas da padroeira,
capitaneadas por Madrinha Beleza – Isabel Freire da Cruz. Foi coralista na
Igreja Matriz, regidas por Antônio Leiros Coelho. Cantava e declamava as
poesias de Auta de Souza, Catulo da Paixão Cearense e Xavier de Araújo nos
saraus festivos da Macaíba aristocrata de outrora.
Em
1927, declamou o poema "Caminho do Sertão", de Auta de Souza, nos
salões do grupo escolar, para o presidente eleito Washington Luís, de passagem
por Macaíba. Tendo saudado o presidente, junto a outras moças da sociedade
local, com pétalas de flores quando da formação de um corredor, através do qual
a comitiva presidencial passou para adentrar o colégio.
Aos
22 de julho de 1932, com 19 anos, casou com Francisco Canindé de Moura – Chico
Moura (1905-1968), da ilustre família potiguar Teixeira de Moura, bisneto do
Cel. Estevão Moura, senhor do engenho Ferreiro Torto e neto do Cel. Manoel
Joaquim Teixeira de Moura, senhor do engenho Arvoredo. Da união, nasceram os
filhos: Carlos Augusto Ribeiro de Moura, casado com Ilná de Oliveira, e Maria
Chambre Ribeiro de Moura, casada com Antônio Vicente Magalhães.
D.
Joanete Moura foi uma mulher extremamente correta, de honradez invulnerável,
com grandeza moral e sensibilidade pura. A um caráter estoico aliava a grandeza
de sua alma e a bondade de um coração sempre voltado para a ajuda ao próximo e
ao bem geral. Com base em tudo que representou para Macaíba, requeri que seu
nome fosse colocado no espaço que liga a avenida Mônica Dantas ao bairro
Tavares de Lyra, pedido acolhido ainda em 2003, pela edilidade local, mas até
hoje sem a placa indicativa da homenagem.
A
morte chegou-lhe 22 dias antes de completar seu nonagésimo aniversário, em um
hospital de Natal, a 22 de abril de 2003. Foi sepultada no cemitério de São
Miguel, na Macaíba. Em 2013, faz dez anos de sua partida!
Joanete
doou-se ao trabalho, à família e a sociedade, com o sentimento empenhado no
trato do bem florescente em sua terra. Relembrá-la, no seu centenário, é um
dever de justiça à memória de uma macaibense das maiores.
Nobre amigo Anderson muito obrigado pela homenagem feito ao centenário da minha inesquecível avó Joana Ribeiro de Moura (Joanete Moura), lindas as palavras! que Deus continue lhe abençoando em todos os ramos da sua vida. São votos de Ilná de Oliveira Moura, Kléber Moura e Chico Carlos.
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