Aspecto da então Avenida Junqueira Ayres tomada pelos retirantes da seca em 1904, ao fundo o Solar do Governador Tavares de Lyra em seu estilo original.
O
jornalista e pesquisador, Eduardo Alexandre Garcia (Dunga), divulgou uma notícia
alvissareira no último dia 20 de janeiro. Dunga confirmou que a Assembleia
Legislativa do Estado adquiriu o casarão, hoje abandonado e descaracterizado,
pertencente Arquidiocese de Natal, onde morou o escritor e político Augusto
Tavares de Lyra, durante o seu mandato de governador do Rio Grande do Norte, em
1904-1906.
Em
2013, quando lancei o meu livro biográfico Augusto
Tavares de Lyra em vários tons, decidi que a capa fosse exatamente a imagem
do casarão, pois pretendia chamar a atenção para o abandono que se encontrava o
solar de Tavares de Lyra.
O
casarão integrava o complexo de prédios pertencentes a Fábrica de Fiação e Tecidos
Natal e foi cedido por sua proprietária, Inês Augusta Paes Barreto, ao casal de
sobrinhos: Augusto e Sofia Eugênia Tavares de Lyra, que residiam no Rio de
Janeiro onde Tavares de Lyra era Deputado Federal. Quando o Deputado retornava
ao Estado, hospedava-se na casa da família em Macaíba, mas quando eleito
governador estabeleceu residência na capital.
Os
herdeiros de Juvino e Inês Paes Barreto venderam a fábrica em 1925 a Francisco
Solon. O imenso terreno foi repartido em lotes, pelo que a casa foi apartada e
vendida ao médico José Calixtrato Carrilho de Vasconelos. Sua viúva Idalina
Pereira Carrilho faleceu no casarão no dia 13 de janeiro de 1950. O imóvel foi
herdado pela filha única do casal Alice Carrilho de Góis que juntamente com o
marido professor Ulisses Celestino de Góis, em 1979, repassaram a casa para a Arquidiocese
de Natal que utilizou parte do terreno para construir a Escola Técnica de
Comércio, hoje Faculdade Dom Heitor Sales.
Foi
naquele casarão que o jovem governador Augusto Tavares de Lyra, aos 32, assistiu
a chegada de centenas de sertanejos fugidos da grande seca que assolou o Rio
Grande do Norte entre 1904-05, fato registrado em antológica fotografia do
alemão Bruno Bourgard e guardada no acervo documental do governador. Também foi
naquele casarão que o governador Tavares de Lyra, pesquisou e escreveu suas
notas e apontamentos acerca da chamada “Questão de Grossos”, uma disputa
territorial entre o Ceará e o Rio Grande do Norte.
O
governador assumiu pessoalmente a pesquisa historiográfica que possibilitou ao
advogado Ruy Barbosa escrever as suas Razões
Finais, que legitimou os direitos do RN sobre o território de Grossos.
O
depoimento da escritora Sophia Augusta Tavares de Lyra, filha primogênita do governador,
que, em 1984, visitou o Rio Grande do Norte, e fez fotos em frente ao casarão,
indicando aos seus familiares potiguares e a pessoas da família Cascudo como
sendo a antiga residência de seus pais em Natal, inclusive afirmando que a
“casa sempre foi térrea”, fato que agradou a sua mãe que devido a problemas de
saúde não podia subir escadas.
A
aquisição do imóvel pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte para a instalação do Memorial do Legislativo Potiguar, significa
a restituição material de um patrimônio arquitetônico e histórico ao corredor
cultural da Avenida Câmara Cascudo em toda sua dignidade e nos toca pela
sensibilidade do ato, que vem a dignificar aquela casa legislativa que teve em
Augusto Tavares de Lyra o construtor da primeira sede exclusiva para o poder
legislativo estadual.
Detalhe de cartão postal que mostra o solar de Tavares de Lyra em sua fábrica original.
Nos anos 1950 o casarão já possui as características atuais.
A escritora Sophia Augusta Tavares de Lyra, primogênita do governador, visitou o antigo Solar em 1984.
Anderson, veja este blog. Trata da viagem de Henry Koster ao RN
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