Aspecto da Praça Pedro Velho quando de sua criação em 1901. Foto: Manoel Dantas.
O
bairro de Cidade Nova (Petrópolis e Tirol) e a praça Pedro Velho foram criados
por meio da resolução n. 55, de 30 de dezembro de 1901, editada pelo presidente
da Intendência municipal do Natal, coronel Joaquim Manoel Teixeira de Moura.
Durante
os anos de 1910 e 1920, a praça Pedro Velho foi bastante utilizada para
realização de partidas de futebol. Segundo Câmara Cascudo, nesse período, a
praça era apenas um tabuleiro de relva, amplo, entre a Vila Cincinato - antiga
residência do governador e atual Escola Estadual Felipe Guerra - e a vila
Pretória - residência do escritor seridoense Manoel Dantas.
A
praça foi finalmente edificada na década de 1930, durante a gestão municipal do
engenheiro Gentil Ferreira de Souza, que antes de iniciar as obras, baixou o Ato
n. 35, de 05 de março de 1936, que alterou o Plano de Sistematização de Natal,
elaborado pelo arquiteto Giácomo Palumbo. O ato de remodelação dividiu ao meio o antigo e espaçoso terreno, sendo
loteado e vendido uma das partes.
Finalmente,
com parte do dinheiro arrecadado com a venda dos lotes, foi construída e
embelezada a praça, depois de 36 anos de sua criação. A partir do dia 24 de
outubro de 1937, foi inaugurada sem o monumento em homenagem ao patrono e ficou
conhecida como a pracinha, na qual se
encontrava quatro lagos artificiais de onde se retirava água para cuidar dos
canteiros.
Monumento à Pedro Velho, cuja base original foi substituída por placas de mármore. Observa-se o brasão do Rio Grande do Norte, hoje desaparecido.
O
monumento, no entanto, permaneceu no Square
Pedro Velho, na Avenida Junqueira Ayres (hoje, Avenida Câmara Cascudo). Somente
no ano de 1954, durante o governo de Sílvio Pedroza – sobrinho-neto de Pedro
Velho – o monumento foi transferido para a Praça, em Petrópolis.
A
arborização era feita com pés de fícus e outras árvores de grande porte. Também
foram instalados parques infantis compostos de carrossel, balanços e trapézio.
Compunham ainda a praça quadras de vôlei e basquete. No dia 27 de dezembro de
1963, o prefeito Djalma Maranhão inaugurou o Palácio dos Esportes, utilizando o
espaço das antigas quadras.
Aspecto da Praça Pedro Velho nos anos 40.
Com
a cassação do prefeito Agnelo Alves, em maio de 1969, assume a prefeitura o
vice-prefeito, Ernane Alves da Silveira, que governou até 15 de abril de 1971.
O prefeito informado da situação precária da praça, resolveu executar um novo
projeto traçado pelos engenheiros da prefeitura. Logo que se deu publicidade
sobre a existência do projeto surgiu na imprensa natalense a expressão “Praça
Cívica”, numa clara tentativa de substituir o nome da praça.
Segundo
análise do professor Itamar de Souza, em seu livro Nova História de Natal, tal mudança se justificava da seguinte
forma:
“Naquela
época, o regime militar estava no auge. Os militares apelavam muito para o
civismo, o amor à pátria, como forma de legitimar o seu poder. Eles cassaram os
direitos políticos do então prefeito Agnelo Alves (...) afastando-o do cargo e
colocou, no seu lugar, o vice, Ernani Alves da Silveira. Este governou a cidade
sob a pressão dos militares. Sem dúvida, a expressão – “Praça Cívica” – foi
resultante deste contexto político”.
A
opinião publica reagiu a tentativa de mudança do nome da praça, o que provocou
uma declaração do então secretário de Serviços Urbanos José Guará, no dia 10 de
julho de 1969, afirmando que o nome oficial da praça permaneceria Pedro Velho,
“numa justa homenagem ao grande homem público do nosso estado”.
Continua
sua análise o professor Itamar de Souza: “Realmente, o nome antigo deste
logradouro permaneceu. Apesar de pressionado pelos militares, o prefeito Ernani
da Silveira nunca assinou um ato mudando o nome para Praça Cívica. Esta nova
denominação foi, apenas, uma onda da impressa, fazendo eco ao desejo dos
militares”.
Assim,
com base no que foi exposto, cabe a nós continuar o legado histórico,
tradicional e legítimo e designar a Praça como deve ser: Praça Pedro Velho.
Muito bom...
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