quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Genealogia de Djalma Maranhão

                                                    Djalma Maranhão em frente ao Solar Ferreiro Torto. Macaíba/RN. 



A pesquisa genealógica é algo fascinante e ao mesmo tempo um trabalho solitário. Procurar reconstituir gerações, ligar nomes, buscar origens e determinar ascendentes e descendentes torna-se extremamente difícil quando dados são omitidos até mesmo por registros oficiais, o pesquisador tem que ter a sensibilidade e o tempo para buscar todas as alternativas para o desfecho do objeto pesquisado.

Nesse sentindo, desde o ano de 2012 que me debruço nos arquivos paroquiais das cidades de São José de Mipibú, Arez e Nísia Floresta coligindo dados que atestem a ligação genealógica do prefeito Djalma de Carvalho Maranhão com a figura lendária de Jerônimo de Albuquerque Maranhão, um dos fundadores da cidade do Natal, conquistador do Maranhão e fundador da Casa Hereditária de Cunhaú, no Rio Grande do Norte.

Tradição oral e mesmo o sobrenome Maranhão afirmavam essa ascendência, contudo, até hoje não se tinha a ligação definitiva de Djalma com Jerônimo, nem sabia-se a qual ramo dos Albuquerque Maranhão estava ligado a família de Djalma.

Intrigado, ao iniciarmos a pesquisa nos arquivos paroquiais mencionados, chegamos ao casamento dos pais de Djalma Maranhão realizado na Matriz de Nossa Senhora da Conceição do Ceará-Mirim aos 08 de janeiro de 1909. O documento aponta os nomes dos noivos: Luís Inácio de Albuquerque Maranhão e Maria Salomé de Carvalho Hugo.

O noivo era filho do casal Joaquim Felismino de Albuquerque Maranhão, natural de Papary, atual cidade de Nísia Floresta e casado com Cândida Filomila de Sales na Matriz de Santana e São Joaquim de São José de Mipibú aos 19 de abril de 1875. A noiva filha de Joaquim Hugo de Moura Carvalho e de sua segunda esposa Rosina Mousinho.

Seguindo a linha genealógica da família Albuquerque Maranhão, objeto deste estudo, temos que Joaquim Felismino de Albuquerque Maranhão era filho de Inácio de Albuquerque Maranhão, conhecido por Inácio de Belém, numa referencia a um de seus engenhos em São José de Mipibú/RN. Oficialmente, Inácio de Belém foi casado com sua prima Firmina Leopoldina de Albuquerque Maranhão e deste casamento houve uma única filha chamada Firmina de Albuquerque Maranhão, que por sua vez casou com o primo Dr. Antônio Felipe de Albuquerque Maranhão.

Acontece que o coronel Inácio de Belém teve outros dois filhos que foram Luís Roque e Joaquim Felismino de Albuquerque Maranhão, justamente o avô paterno de Djalma Maranhão. Os dois eram filhos de Joaquina Felismina dos Prazeres. Esses dados o historiador não os encontra em documento tido como oficial a exemplo dos arquivados nas paróquias. A comprovação veio através de um antigo livro: A Casa de Cunhaú, escrito em 1956, por João de Albuquerque Maranhão e que acrescenta que Inácio de Belém legitimou os dois filhos e legou-lhes engenhos São Roque, Ribeiro e Mipibú no vale do Capió.

Estabelecido esse elo, determinamos com segurança a ascendência paterna de Djalma Maranhão até Jerônimo de Albuquerque Maranhão. Djalma de Carvalho Maranhão é um cunhauzeiro legítimo, ou seja, descendente da Casa Hereditária de Cunhaú. Vejamos, Inácio de Belém era filho de João de Albuquerque Maranhão do engenho Miriri, com Antônia Josefa de Albuquerque Maranhão, irmã de Andrezinho de Cunhaú, revolucionário e herói de 1817 no RN.

Djalma Maranhão trouxe no sangue o passado heroico e a luta pela liberdade que marcaram as gerações iniciais da família. Em sua época as armas foram diferentes. Foi jornalista combatente e político ligado ao povo mais simples, aos quais procurou educar através de uma campanha que marcou época e foi buscar neles a inspiração primeira da sua administração que até hoje, decorridos mais de 50 anos, permanece viva na memória da sua cidade.


Pintura a óleo representando Inácio de A. Maranhão, senhor do engenho Belém, em São José de Mipibú/RN.


Árvore genealógica resumida de Djalma de Carvalho Maranhão.

Jerônimo de Albuquerque Maranhão *Olinda/PE 1548 +Engenho Cunhaú (RN) 1624, casado com D. Catarina Pinheiro Feijó, são os pais de;

Matias de Albuquerque Maranhão *Olinda/PE 1580 +Cunhaú (RN) 09-06-1685 casado com Isabel da Câmara, pais de;

Afonso de Albuquerque Maranhão casado com Isabel de Barros Pacheco, pais de;

Gaspar de Albuquerque Maranhão, Senhor Hereditário da Casa de Cunhaú, casado com Luzia Vieira de Sá, pais de;

André de Albuquerque Maranhão *1742 +1806 senhor hereditário da Casa de Cunhaú, fidalgo cavaleiro da casa real, casou-se em 1768 com D. Antônia Josefa do Espírito Santo Ribeiro, são os pais de;

Antônia Josefa de Albuquerque Maranhão casada com João de A. Maranhão de Miriri/PB são os pais de:

Inácio de Albuquerque Maranhão que com Joaquina Felismina dos Prazeres, são os pais de:

Joaquim Felismino de Albuquerque Maranhão casado com Cândida Filomila de Sales são os pais de:

Luís Inácio de A. Maranhão casado com Maria Salomé de Carvalho Hugo, pais de:

Djalma de Carvalho Maranhão
Luís Inácio de A. Maranhão Filho
Natércia Maranhão
Clóvis Maranhão
Cândida Maranhão Otero

Com este artigo, homenageio a memória de Djalma Maranhão no ano do seu centenário, legando aos pesquisadores de sua biografia a sua ascendência paterna, agora estabelecida.

Adendo para a genealogia de Djalma Maranhão:


Batistério de Djalma Maranhão


Termo de bastimo de Djalma Maranhão encontrado na cidade de Taipú/RN. Livro de Batizados (1917-1918) de Taipu – RN, p. 17 v

Encontrei o termo de batismo de Djalma Maranhão: Não está em Natal e nem em Ceará – Mirim, e sim em Taipu/RN.

DJALMA MARANHÃO nascido aos 01 de novembro de 1915, batizado aos 25 de novembro de 1915 na Matriz de Taipu pelo Padre Luiz Bertoldo, e os padrinhos foram Leônidas de Paula e Maria Leonor de Carvalho.

               
         Registro de casamento de Djalma Maranhão e Dária Cavalcanti de Souza, datado de 24 de novembro de 1942. Registro de ordem número 5, páginas 24 e 24 (verso) do Livro de Casamentos do período de 1942 a 1944 de Natal/RN.

 Aos vinte e quatro dias do mês de janeiro de mil novecentos e quarenta e dois, às 17 horas nesta paróquia de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, nesta Igreja Catedral, aí presentes o ministro celebrante Padre Severino Bezerra, pró-vigário da referida paróquia, e das testemunhas por fim deste assinadas, celebrou-se o casamento de DJALMA MARANHÃO, com vinte e cinco anos de idade, de profissão comerciante, domiciliado em Natal, e residente à av. Deodoro, nº 541, com DÁRIA CAVALCANTI DE SOUSA, com vinte e quatro anos de idade, de profissão doméstica, domiciliada em Natal, e residente à av. Rio Bancos, nº 608. O nubente, solteiro, nasceu em Ceará-Mirim, a 27 de novembro de 1915, e foi batizado a 25 de novembro de 1916, filho de Luiz Maranhão, já falecido, natural de São José de Mipibú, com 54 anos, e de Maria Salomé Maranhão, natural de Ceará-Mirim; a nubente, solteira, nasceu em Natal, a 25 de outubro de 1916, e batizada no mesmo ano, filha de Otacílio Costa Filho, falecido, natural de Sergipe, e de Leopoldina Cavalcanti de Sousa, natural de Natal, profissão doméstica, domiciliada e residente à av. Rio Banco, 608. Foram testemunhas Dr. Francisco Ivo Cavalcanti e Zelda Cavalcanti. Pe. Severino Bezerra – Pré Vigário da Catedral.

          O pai de Djalma Maranhão:

          Luís Inácio de Albuquerque Maranhão, natural de Papary/RN, nascido em 15 de março de 1883, batizado aos 13 de agosto de 1883 e falecido em dezembro de 1941 com 58 anos de idade, e de Maria Salomé de Carvalho Hugo, natural de Ceará-Mirim/RN, nascida aos 22 de outubro de 1886, batizada 04 de fevereiro de 1887. Casados em 08 de janeiro de 1909 em Ceará-Mirim/RN.

           Batistério de Luís Inácio de Albuquerque Maranhão

Aos trese de Agosto de mil oito centos e oitenta e tres, baptizei solemnemente a LUIS, nascido a quinse de Março; pais: Joaquim Felismino de Albuquerque Maranhão e Candida de Albuquerque Maranhão. PP. Thomaz Antonio de Melo e Leopoldina Ramos de Melo. E para constar faço este escrever. Pe. José Hermino da Silveira Borges . Vigário Encomendado.

Registro do casamento de Luís Inácio de Albuquerque Maranhão e Maria Salomé de Carvalho Hugo:

Aos oito de janeiro de mil novecentos e nove, na Matriz do Ceará-Mirim, perante as testemunhas Felismino do Rego Dantas Noronha e Antonio Leonidas do Rego Noronha, se receberão em matrimonio meus Parochiannos LUIS IGNACIO DE ALBUQUERQUE MARANHÃO e MARIA SALOMÉ DE CARVALHO HUGO, solteiros, elle, natural da Freguesia de Papary, com 26 anos de idade incompletos, filho legitimo de Joauim Felismino de Albuquerque Maranhão e Candida Philomena de Albuquerque Maranhão, fallecidos; ella natural desta Freguezia do Ceará – Mirim com 22 anos completos, filha legitima de Joaquim Hugo de Moura Carvalho e Rosina de Carvalho Hugo. De que para constar fis este assento que assigno. O Vigrº Pe. Agnello Fernandes.

            Avós paternos de Djalma Maranhão:

           Joaquim Felismino de Albuquerque Maranhão, natural de Papary, Atual cidade de Nísia Floresta – RN, nascido em 20 de dezembro de 1855 e falecido em 25 de maio de 1904 com 48 anos de idade, e Cândida Filomila de Sales, nascida aos 31 de maio de 1852, batizada aos 18 de julho de 1852, e falecida em 02 de agosto de 1892 com 40 anos de idade, casados em 19 de abril de 1875 na Matriz de São José de Mipibu – RN.

            Avós maternos de Djalma Maranhão:

           Joaquim Hugo de Moura Carvalho, natural de Arêz/RN, e a 2ª esposa Rosinda Francisca Mousinho, natural de Touros/RN, casados aos 01 de agosto de 1885 na Matriz de Ceará-Mirim/RN.


           Bisavós paternos de Djalma Maranhão:

        1- Inácio de Albuquerque Maranhão, falecido em fevereiro de 1873, o Inácio de Belém, e Joaquina Felismina dos Prazeres, pais de Joaquim Felismino de Albuquerque Maranhão.

       2- Alexandre Francisco de Sales e Silva, nascido em 03 de agosto de 1813, batizado aos 20 de agosto de 1813 em São José de Mipibu - RN e falecido em 11 de fevereiro de 1883 com 69 anos de idade, e Cândida Lúcia da Encarnação, nascida em 25 de outubro de 1813 e falecida em 28 de abril de 1877 com 64 anos de idade, pais de Cândida Filomila de Sales.

       Observação: Alexandre Francisco de Sales e Silva e Cândida Lúcia da Encarnação foram os Bisavós Paternos (Pela parte do Avô) dos irmãos Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales e o Arcebispo Dom Heitor de Araújo Sales.

           Bisavós maternos de Djalma Maranhão:

      1- Veríssimo Lins de Moura e Rita Francelina de Carvalho, naturais de Arez – RN, pais de Joaquim Hugo de Moura Carvalho.    
 

        2- Tiago Josino Ferreira Mousinho, batizado aos 28 de julho de 1815 na Matriz, e Francisca Carneiro da Apresentação, casados em 13 de agosto de 1839 em Ceará – Mirim, pais de Rosina Francisca Mousinho.


Genealogia em linha direta masculina de Djalma Maranhão


      1- Jerônimo de Albuquerque Maranhão
      2- Matias de Albuquerque Maranhão
      3- Afonso de Albuquerque Maranhão
      4- Gaspar de Albuquerque Maranhão
      5- José Felipe de Albuquerque Maranhão
      6- José Felipe de Albuquerque Maranhão Júnior
      7- João de Albuquerque Maranhão, de Miriri
      8- Inácio de Albuquerque Maranhão, de Belém
      9- Joaquim Felismino de Albuquerque Maranhão
      10- Luiz Inácio de Albuquerque Maranhão
      11- Djalma de Carvalho Maranhão.

6 comentários:

  1. Muito bom Anderson. O casamento de Luiz Ignácio em Ceará-mirim foi uma boa descoberta.

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  2. Parabéns pelo trabalho Anderson, tenho comigo a carteira de identidade de Luiz Maranhão,pai de Djalma, e que também atesta algumas informações coletadas por você.

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  3. Parabéns pelo trabalho Anderson! Tenho uma pergunta: Seria possível a sua ajuda em uma informação sobre uma pessoa de nome "Euclides Cavalcante Maranhão" nascido entre 189 a 1910?
    Abraços

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  4. Respostas
    1. Leopoldina Cavalcanti de Sousa, era irmã da Maria das Mercês Cavalcanti de Lima, e consequentemente a DÁRIA CAVALCANTI DE SOUSA era sobrinha dela, e prima da mãe da minha mulher, Maria de Lourdes Cavalcante Morais , que era prima em segundo grau dela.Daí o fato o Marcos chamar a Merces de tia.

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  5. Dária Cavalcanti de Souza, era irmã de Maria das Merces Cavalcanti de Lima, casada com o Genésio Cabral de Lima,avós da minha primeira mulher, Filha do Cel Antonio de Morais Neto. O Genésio era conhecido como Cel Santos. Participou da intentona comunista, e lembro que deixou em Currais Novos uma metralhadora franco-americana Hotchkiss, com o Dr. Mariano Coelho.Não sei se o Genibaldo Barros lembra-se deste fato, pois era uma criança na época. Cel Mário Cabral, era irmão do Cel Santos.Convivi com ambos.

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